Fertilizantes chineses chegam mais baratos e produção cai

A janela chinesa de exportações, aberta neste mês, aumentou a oferta de fertilizantes no mercado internacional e vem pressionando a produção interna. Os preços no exterior favorecem a importação e já chegam a ser até 10% mais competitivos que o valor do produto nacional.

O representante de uma empresa que não quis se identificar disse ao DCI que os insumos da China chegam com muita facilidade aos agricultores.

“Já fizemos compras de fertilizantes chineses que custavam US$ 1,10 por quilo, enquanto o brasileiro era US$ 1,48 por quilo”, exemplifica.

Dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) mostram que, entre os meses de janeiro e abril de 2013, foram produzidos 2,98 milhões de toneladas de fertilizantes intermediários. Neste ano, a produção atingiu 2,68 milhões de toneladas no mesmo período, queda de 10%. Segundo a entidade, 2013 foi o ano com o menor nível produtivo desde 2009.

Em contrapartida, as importações avançaram 27% no comparativo anual (do acumulado entre os meses de janeiro e abril) ao passarem de 5,47 milhões de toneladas, em 2013, para 6,95 milhões de toneladas neste ano.

“A nutrição vegetal é extremamente importante no aumento de produtividade agrícola. Está atrelada à expansão do consumo de alimentos que dá condições para que a demanda por fertilizantes se mantenha aquecida”, diz o diretor da pasta de fertilizantes organominerais da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), Gustavo Branco.

O diretor afirma que o interesse dos produtores pela agricultura de precisão colabora para o fomento dos insumos. Porém, além dos preços baixos no mercado externo, a “desestabilidade econômica colabora para a retração nos níveis produtivos do Brasil”.

Cerca de 63% das indústrias de fertilizantes encontram-se entre São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Só a região paulista concentra 40% deste montante.

CHINA

O analista de mercado da FCStone, João Marcelo Santucci, explica que a o gigante asiático tem janelas de redução de impostos para o comércio exterior, fator que reduz os preços e estimula a competitividade dos produtos.

“Nos fertilizantes fosfatados [à base de fósforo] este período já foi aberto e vai até o dia 15 de outubro. Para os nitrogenados, a janela abre em 1º de julho e permanece até 31 de outubro. Sendo assim, os produtores conseguem adiantar as compras para a safra 2014/2015 e ainda têm uma folga para compras mesmo com a demanda aquecida”, diz.

O analista lembra que os problemas climáticos que afetaram diversas culturas no início do ano só influenciaram na redução de investimentos para a safra de inverno e não se estenderam para as aquisições da próxima safra.

INVESTIMENTO

A presidente Dilma Rousseff lançou no início do mês, em Uberaba (MG), a pedra fundamental da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados V (UFN V) da Petrobras. A obra fará parte da futura Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados José Alencar (Fafen-JA), que tem previsão para funcionamento até 2017. O investimento total é de R$ 1,95 bilhão e terá capacidade para produzir 519 mil toneladas de amônia por ano. Para o superintendente da Cooperativa dos Empresários Rurais do Triângulo Mineiro (Certrim), Osvaldo Guimarães Neto, a expectativa é que os custos dos insumos caiam entre 5% e 10%, com potencial até 20% de redução.

Fonte: DCI

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