‘Ferrovia da soja’ deve ficar pronta só em 2020

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Hoje, grande parte da produção de 10 milhões de toneladas de grãos é transportada em caminhões

 

Com investimento inicial de R$ 6,4 bilhões, a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) é a primeira parte do projeto da Ferrovia Transcontinental (EF-354) e deve reduzir em 25% os custos de logística para exportação de produtos agropecuários. Atualmente, grande parte da produção é transportada via caminhão e problemas como a paralisação na hidrovia Tietê-Paraná encarecem ainda mais o transporte.

Na última semana, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, disse a jornalistas que a primeira fase da Fico, conhecida como “Ferrovia da Soja” – que vai de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, a Campinorte, em Goiás – já está pronta para licitação.

O diretor executivo do Movimento Pró Logística, Edeon Vaz Ferreira, conta que o setor agrícola vem pressionando o governo desde 2009, quando começaram os estudos para a construção da ferrovia, para que a ideia saísse do papel. A Pró Logística é uma organização composta por diversas entidades mato-grossenses, presidida pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja-MT).

“Quase cinco milhões de toneladas de grãos vão de caminhão até a ferrovia Norte-Sul que segue até a cidade de Barcarena, no Pará, para o Porto de Belém. Pelo menos outras 1,7 milhão de toneladas só chegam ao transporte ferroviário entre Araguari, em Minas Gerais, e Espírito Santo, para o Porto de Vitória”, explica Ferreira.

Além disso, o diretor destaca cerca de um milhão de toneladas que passavam por São Simão, em São Paulo, para chegar ao Porto de Santos, através da hidrovia Tietê-Paraná, que está paralisada desde maio deste ano. O motivo é a falta de chuvas no Sudeste que impedem parte da navegação fluvial sem previsão de retorno.

 

O PROJETO

Segundo o ministério, a Fico terá 1.638 km de extensão quando completa, até o Polo de Vilhena (RO). Sua primeira fase corresponde a 1.040 km. “O projeto contemplará uma das regiões do País mais prósperas na produção de grãos e carne, porém bastante carente no que se refere à logística de transporte”, diz em nota.

A conclusão do projeto estava prevista, inicialmente, para 2014, com investimento inicial de R$ 4,1 bilhões. Entretanto, de acordo com a última apresentação do ministro, este valor já subiu para R$ 5,4 milhões.

Apesar de pronto para o processo de licitação, segundo a Empresa Brasileira de Logística (EPL), ainda não há uma data para leilão.

“Os estudos foram aprovados pelo TCU [Tribunal de Contas da União], mas o governo está proporcionando mais tempo para que as potenciais empresas concessionárias analisem os estudos e posteriormente elaborem propostas a serem apresentadas em leilão. O objetivo do governo é garantir que haja concorrência entre o maior número de empresas no processo licitatório”, completa o ministério dos Transportes.

O diretor do Movimento Pró Logística afirma que a Fico tinha previsão para ser licitado no ano passado. Em seguida, no primeiro semestre de 2014 e, agora, deve acontecer neste semestre.

“Ainda teremos um ano de projetos que envolvem licenciamento ambiental. Depois pelo menos mais quatro anos para construção. Contudo, imagino que a ferrovia esteja em operação, de fato, em meados de 2020”, diz Ferreira.

Com a primeira fase do projeto pronta, de acordo com o diretor, estima-se que sejam escoados cerca de dez milhões de toneladas de grãos, que seguirão pela Ferrovia Norte-Sul, passando por Tocantins, até o município de Açailândia, no Maranhão. De lá, a produção segue pela estrada de ferro Carajás até o Porto de Itaquí, em São Luís. Com a segunda fase concluída, a capacidade aumenta em cinco milhões de toneladas.

 

Fonte: DCI

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