Os agricultores do norte de Mato Grosso devem contar com uma ferrovia para levar grãos até Miritituba (PA) só em 2025. Isso pressupondo o cumprimento da previsão do governo, de leiloar no segundo semestre a concessão da Ferrogrão. É a avaliação de Edeon Vaz, do Movimento Pró-Logística, ligado ao setor agropecuário mato-grossense.
“Na melhor das hipóteses, deve ter dois anos de licenciamento e projetos para iniciar a obra só em 2020. Depois, a previsão é de cinco anos para ficar pronta fazendo uma média de 200 quilômetros por ano. Acredito que 2025 é um bom prazo”, disse Vaz.
O projeto da Ferrogrão prevê a construção de uma estrada de ferro de 1.142 quilômetros entre Lucas do Rio Verde (MT) e Miritituba (PA), onde vem sendo construída há alguns anos uma forte infraestrutura de transporte hidroviário. Nas contas do governo federal, o investimento previsto é de R$ 12.6 bilhões em uma concessão válida por 65 anos.
O governo estima ainda que a Ferrogrão pode chegar a 2050 transportando um volume superior a 42 milhões de toneladas. A ferrovia seria uma alternativa para o escoamento da produção de grãos do norte de Mato Grosso para os terminais paraenses, hoje bastante dependente da rodovia BR-163.
As principais interessadas são as maiores tradings que operam no Brasil; ADM, Bunge, Cargill, LDC (Louis Dreyfus) e AMaggi. As cinco se consorciaram com a Estação da Luz Participações (EDLP), especializada em logística. Mas como se trata de uma concessão, outras empresas podem manifestar interesse em participar da concorrência pública.
Edeon Vaz é otimista em relação à obra e seus efeitos para o agronegócio de Mato Grosso. Pondera, no entanto, que é importante a Ferrogrão ser integrada futuramente à malha ferroviária nacional, o que será possível com a chegada de outros ramais ferroviários a Lucas do Rio Verde, como a chamada Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico). Inicialmente, a estrada de ferro deve ser construída entre Sinop (MT) e Miritituba (PA).
Outro ponto fundamental, na opinião do especialista, é haver concorrência na utilização da ferrovia. “Em países desenvolvidos, o transporte ferroviário não passa de 70% do rodoviário. Se conseguirmos fazer isso aqui, vai ser um ganho fantástico. É importante haver concorrência na ferrovia, mas a Ferrogrão deve ser um monopólio, uma ferrovia dedicada”, disse ele.
O governo federal admite estudar a possibilidade de garantir o uso exclusivo do concessionário por algum tempo. Foi o que afirmou, recentemente, o secretário geral do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), Adalberto Santos Vasconcelos à Reuters.
Segundo ele, a decisão estaria relacionada ao volume de recursos necessário para a obra e a garantia de retorno dos investimentos. “É um projeto novo. Eles (investidores) têm preocupação, legítima, que é a questão de quanto tempo vão ficar com exclusividade no transporte de cargas”, disse.
Fonte: Globo Rural