Fernando Pimentel vê com cautela possíveis mudanças do seguro rural

Diretor da SNA, Fernando Pimentel afirma que Pimentel avalia que, no caso da normativa do Conselho Monetário Nacional, ao “congelar limites” do crédito rural, considerando que existe uma elevação de custos de insumos na faixa de 25% a 35%, conforme o tipo de cultivo, podem ser observadas restrições ao produtor rural no que diz respeito à cobertura de suas necessidades de capital de giro. Foto: Divulgação
Diretor da Sociedade Nacional de Agricultura, Fernando Pimentel vêm com cautela tais mudanças: “Acredito que as entidades não estão preparadas para ações operacionais do seguro rural. Como não existe um detalhamento sobre como o Mapa pretende implementá-las, é difícil julgar neste primeiro momento. Mas a princípio, quanto maior a carga operacional a ser repassada para as entidades, menor a chance de êxito”. Foto: Divulgação

A ministra Kátia Abreu, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), anunciou recentemente que a pasta vem realizando um estudo para criar um novo modelo para subsidiar parte dos custos dos produtores rurais, com a contratação do seguro agrícola para suas lavouras. Segundo ela, a intenção seria fazer com que federações de agricultura, associações do agronegócio e cooperativas tenham poder para gerenciar o uso destes recursos destinados à subvenção.

Diretor da Sociedade Nacional de Agricultura, Fernando Pimentel vêm com cautela tais mudanças: “Acredito que as entidades não estejam preparadas para ações operacionais do seguro rural. Como não existe um detalhamento sobre como o Mapa pretende implementá-las, é difícil julgar neste primeiro momento. Mas a princípio, quanto maior a carga operacional a ser repassada para as entidades, menor a chance de êxito”.

A intenção do Ministério da Agricultura é os agricultores, unidos, possam barganhar melhores preços com as seguradoras que, por sua vez, fariam seus cálculos de riscos mais detalhados, aumentando inclusive a oferta do próprio seguro. A polêmica foi aberta exatamente porque entidades representativas do agronegócio acreditam que as organizações de classe sindical não têm condições de fazer levantamentos de dados dos agricultores, de forma a promover a extensão do seguro agrícola no Brasil.

“A questão da barganha faz sentido, mas isso pode virar um problema, pois são poucos que negociam para muitos e os desvios podem ocorrer nesse modelo. Com relação aos cálculos mais precisos, eu discordo, pois o cálculo atuarial é um procedimento técnico. Mas quanto à maior oferta de seguros, acredito que isto vai depender mais da subvenção que do modelo adotado”, comenta Pimentel.

Em reportagem do Valor Econômico, o jornal informou que teve acesso ao projeto-piloto que a ministra pretende implantar em agosto, a partir de um montante inicial de R$ 30 milhões para subsidiar o seguro de plantações de soja.

Segundo a publicação, “o Ministério da Agricultura ofertará 12 editais, cada um de R$ 2.5 milhões em recursos para subvenção, que serão disputados pelas federações, entidades sindicais e cooperativas mediante a apresentação de listas com informações de produtores”.

“Se der resultado, a intenção é alocar mais verbas para outras culturas. Não se sabe se, no futuro, esse modelo passará a absorver 100% do orçamento das subvenções”, diz o jornal.

Para o diretor da SNA, as federações e entidades mais eficientes vão ter vantagens no processo, enquanto as menos operacionais vão ficar para trás, podendo ocasionar prejuízos para os seus associados.

SEM ESTRUTURA

“Um exemplo é a Aprosoja/MT (Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso) e a Famato (Federação de Agricultura do Estado de Mato Grosso), que talvez sejam as entidades de produtores mais estruturadas do País. Elas teriam essa vantagem, mas os produtores mato-grossenses têm pouco interesse pelo seguro rural, pois a percepção local é que ele não os atende.”

Ainda segundo Pimentel, em Santa Catarina, por outro lado, o seguro tem valor, mas as entidades talvez não tenham a mesma organização e recursos. “Quanto às cooperativas, também vamos ver desequilíbrios.”

 

Por equipe SNA/RJ

 

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