Feiras de orgânicos e produtos naturais mostram tendências do setor em São Paulo

‘Da utilização de madeira e materiais recicláveis na construção e decoração dos estandes, às sacolas de pano e papel utilizadas para embalar os alimentos vendidos, a produção de alimentos orgânicos mostrou que faz parte da sustentabilidade ambiental’, afirma a coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos da SNA, Sylvia Wachsner. Foto: Sylvia Wachsner

“Atingimos maturidade.” Esta frase de Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), resume os resultados da 14ª edição da Bio Brazil Fair / Biofach America Latina e NaturalTech, realizadas em São Paulo, de 6 a 9 de junho.

Este ano, a feira de produtos orgânicos conhecida como BioBrazil/BiofachAmerica Latina, e a NaturalTech, de alimentos e cosméticos naturais, saíram do seu espaço tradicional, a bienal do Parque do Ibirapuera, para um local maior: o pavilhão de exposições do Anhembi. E o resultado superou a expectativa, atingindo a marca de 40.787 visitantes, mais de 500 marcas e 1.500 lançamentos de produtos. “Pela receptividade do público e pelo número de expositores, o desafio foi vencido”, afirma Sylvia.

Como ocorre tradicionalmente, os dois primeiros do evento foram dedicados a compradores, lojistas e distribuidores e, os dois últimos, aos visitantes e ao público consumidor. O ponto alto da programação foi a programação técnica, destaque para o Fórum Internacional da Produção Orgânica e Sustentável.

Durante o Fórum, o Augusto Togni, gerente de agronegócios do Sebrae, apresentou o resultado da Pesquisa Sebrae 2018 sobre o Perfil e Desafios do Produtor Orgânico Brasileiro, realizada entre abril e maio deste ano. Segundo ele, o Brasil tornou-se um grande produtor e exportador de orgânicos e conta, atualmente, com mais de 15 mil propriedades certificadas e em processo de transição, sendo 75% de agricultores familiares.

Os produtores de orgânicos, em sua maioria, se caracterizam como microempreendedores individuais (61%) e faturam até R$ 60 mil anuais. Eles estão concentrados em São Paulo (18%), Minas Gerais (12%), Rio de Janeiro (11%) e Paraná (10%).

De acordo com a pesquisa, 63% trabalham somente com produtos orgânicos. Destes, 72% cultivam frutas, seguidos por hortaliças (64%), raízes (49%), tubérculos (48%) e grãos (37%). O principal canal de comercialização é a venda direta ao consumidor (72%), seguida pelas feiras de orgânicos (55%) e mercados de pequenos portes (43%).

“O setor de orgânicos apresenta grande potencial de crescimento e ainda há muito por fazer com relação à verticalização de produtos”, afirma Togni. Para ele, um dos principais gargalos dos produtores de orgânicos é a dificuldade de acesso a insumos para iniciar o processo produtivo até chegar ao consumidor.

Augusto Togni, gerente de agronegócios do Sebrae, afirma que ‘o setor de orgânicos apresenta grande potencial de crescimento e ainda há muito por fazer com relação à verticalização de produtos’.
Foto: Bio BrazilFair

NOVIDADES E TENDÊNCIAS

“Da utilização de madeira e materiais recicláveis na construção e decoração dos estandes às sacolas de pano e papel utilizadas para embalar os alimentos vendidos, a produção de alimentos orgânicos mostrou que faz parte da sustentabilidade ambiental”, afirma a coordenadora do CI Orgânicos.

A rede de varejo Carrefour participou da feira pela primeira vez com uma linha de hortigranjeiros orgânicos.  “O recado foi claro, estamos investindo no mercado de alimentos mais saudáveis e assim atendemos os anseios dos consumidores”, destaca Sylvia.

Os eventos mostraram que o crescimento do mercado de alimentos orgânicos também atrai grandes marcas do setor alimentício, que pouco a pouco lançam seus produtos. “Essa nova opção para os consumidores se converte, para os agricultores familiares e pequenos produtores, em um novo desafio que estimula os concorrentes e incrementa seus riscos”, acrescenta.

Empresas como Legurmê Alimentos, que no ano passado ocupava espaços menores, apresentaram-se em uma área mais ampla e chamativa com um portfólio incrementado por produtos com novos sabores, como antepastos, novas linhas de molhos e condimentos como diversos ketchups.

Já a carioca Ecobras, pela primeira vez com seu próprio estande feito de madeira sustentável, lançou homus feito com grão de bico orgânico, em três sabores.

Por sua vez, a Monama, Empório da Papinha e Faro, apresentaram, conjuntamente, uma série de alimentos naturais e orgânicos feitos com coco e outros ingredientes, classificados como superalimentos.

“Tivemos exemplos de alimentos inovadores e com valor agregado, como os snacks da Maciel, de com banana orgânica liofilizada, além de outros produtos liofilizados orgânicos como açaí e cupuaçu em pó”, relata Sylvia. Na NaturalTech ela destaca o espaço “Bahiaprodutiva”,  do governo baiano, com produtos da sociobiodiversidade, trazidos por diversas cooperativas de agricultores familiares do Estado.

Moringa em chá orgânico e em comprimidos foi outra novidade. “A Moringa Oleifera deixa de ser  um complemento para alimentação animal e  entra na área humana,  seguindo as novas tendências internacionais”, esclarece Sylvia.

A cooperativa de agricultores familiares, Coopernatural, lançou óleo de soja orgânico e apresentou novos sabores da cerveja orgânica. O estande Origens/Imaflora apresentou pela primeira vez o mel orgânico dos indígenas do Xingu. Já a Vikaz, trouxe uma novidade: o azeite de oliva brasileiro, produzido em Minas Gerais.

Equipe SNA/SP

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