No final de julho, jovens lideranças rurais encontraram-se na Argentina, durante a Exposição Agropecuária de Palermo, com o intuito de reativar o núcleo jovem da Federação das Associações Rurais do Mercosul (FARM).
Vale lembrar que a FARM surgiu após a conclusão do projeto de integração regional dos países do cone sul: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Composta pelas principais entidades rurais de cada país, a FARM é uma instituição supranacional representante da produção agrícola sulamericana na qual são propostas medidas para o desenvolvimento do setor.
A Farm Jovem renasce com objetivos similares aos “maiores” de promoção e intensificação das relações entre os países do bloco. A ata de refundação debatida pelas delegações da Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil, representada pelo Departamento de Jovens da Rural e da Farsul, estabeleceu as diretrizes e estrutura do grupo.
A promessa de criar um diálogo entre as futuras lideranças do agro significa, na prática, a troca de conhecimento da realidade agrícola de cada país, o intercâmbio entre os jovens, o fomento a programas de capacitação técnica, atuação junto aos meios de comunicação e, principalmente, o debate sobre importância econômica do Mercosul, com suas capacidades e desafios.
Nos últimos cinco anos, as exportações do bloco mostraram o dinamismo do agro regional e o crescente intercâmbio com o restante do mundo. Entre 2007 e 2011, as exportações intrarregionais saltaram de US$ 39,6 bilhões para US$ 62,69 bilhões, aumento de 58,44%, enquanto o intercâmbio comercial do bloco com o mundo aumentou em 53,82%, passando de US$ 508,64 bilhões para US$ 782,41 bilhões.
Segundo uma pesquisa da consultoria americana Bain & Company, publicada no ano passado, o bloco em 2010 foi responsável pelo abastecimento de 318 milhões de toneladas de soja, açúcar, trigo, arroz e milho, representando 13% do total mundial calculado em 2,4 bilhões de toneladas. Esses dados ilustram bem o potencial que este bloco representa no abastecimento mundial de alimentos, além de ressaltar sua capacidade de produção das cinco principais culturas alimentares do mundo (trigo, milho, soja, açúcar e arroz). O Mercosul é o maior exportador líquido de açúcar, o maior produtor e exportador mundial de soja, 1º produtor e 2º maior exportador mundial de carne bovina, o 4º produtor mundial de vinho, o 9º produtor mundial de arroz, além de ser grande produtor e importador de trigo e milho.
A FAO estima para 2025 uma população total de 7,8 bilhões de pessoas, com 4,5 bilhões (58%) vivendo em cidades e 3,2 bilhões (42%) no campo. Segundo a entidade, 36% da população mundial se concentrarão na China e índia, porém 90% das áreas propícias à agricultura que ainda não foram utilizadas estão na América Latina e África e serão essenciais para o incremento da produção mundial de alimentos, que terá que ser da ordem de 1,3 bilhões toneladas.
Mas, para aproveitar o potencial do bloco, é preciso superar sérias dificuldades. Além das diferenças sócio-econômicas, há divergências políticas e a sobreposição da ideologia sobre as razões econômicas, do mercado e da competitividade.
Durante o 12° Fórum Brasileiro de Agribussines, organizado pela ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), em São Paulo, o CEO da BrasilAgro, Julio Piza, afirmou que uma das grandes dificuldades que encontramos hoje no Agro é a falta de união dos produtores. Segundo ele, essa desarticulação impossibilita que o setor tenha o controle do mercado. Por consequência, tornam-se reféns das exigências dos países consumidores. Esse quadro é também observado no Mercosul. Para isso um dos objetivos da Rural Jovem é criar um canal de comunicação não somente entre os produtores brasileiros, mas com todos que compartilham da mesma realidade produtiva.
Os dados apresentados aumentam a responsabilidade do Mercosul, mas também trazem ótimas oportunidades que realçam a necessidade de união e de maior diálogo político entre os países.
Nosso trabalho é para que as próximas gerações tenham consciência da importância econômica que este bloco representará para o mundo. A FARM Jovem surge como esperança para que essas questões possam ser superadas e que este bloco tenha maior poder de decisão no comércio mundial.
Por João Adrien, da Rural Jovem