Extremo oeste do Paraná tem perda na soja e oeste aposta em lavoura tardia

O oeste e o extremo oeste do Paraná registraram perdas na soja precoce, mas a perspectiva para o resultado total da safra 2018/19 era diferente nas duas áreas. A informação foi divulgada por produtores à Equipe 2 do Rally da Safra, que o Broadcast Agro acompanha.

Enquanto no extremo oeste a perspectiva de quebra de safra era maior, chegando à metade da produção esperada em alguns municípios, no oeste paranaense produtores ainda buscavam na soja plantada de forma tardia, em outubro, uma recuperação do resultado do ano. Em alguns casos, agricultores projetam que é possível igualar ou até ultrapassar a produtividade média da safra anterior.

Em Marechal Rondon, no extremo oeste, o excesso de calor aliado à falta de chuva causou fortes prejuízos, principalmente para quem plantou ainda na primeira metade de setembro. O presidente da cooperativa Copagril, Ricardo Chapla, estimou perdas de 50% a 60% da safra. “Esta foi a safra em que plantamos mais cedo. E dezembro foi cruel, não tanto pela falta de chuva, mas pelo calor”, disse.

“Calor sempre temos aqui, mas o deste ano foi fora do normal.” Segundo ele, há produtores que colheram 10 a 15 sacas por hectare, enquanto outros devem obter produtividades na faixa de 50 sacas por hectare. “Quem plantou no início de outubro deve colher mais”, afirmou o presidente da Copagril. Como muitos produtores da região diversificam com avicultura, suinocultura e produção de leite, contam com essas atividades para contrabalançar o resultado ruim na soja. “Tivemos cinco a seis anos-safras regulares a bons e neste ano sofremos”, declarou Chapla.

A Copagril tem área plantada de 50.000 hectares entre Paraná e Mato Grosso do Sul, sendo 98% soja e 2% milho no verão. A produtividade média da soja dos cooperados deve fechar entre 27 a 29 sacas por hectare, contra as 59 sacas por hectare no ano passado. Na microrregião de Marechal Cândido Rondon, 80% da safra está colhida, e os trabalhos devem terminar até 15 de fevereiro.

O produtor Eno Pedde, de Marechal Cândido Rondon, ressaltou que o período do veranico surpreendeu o setor produtivo da região. “Em janeiro já tivemos tropeços mais bruscos do que esse, já estávamos vacinados. Mas neste ano veio em dezembro e pegou todo mundo de surpresa.”

Pedde plantou 230 hectares de soja, mesma área do ano passado. Nas primeiras áreas, colheu 35 a 39 sacas por hectare, mas a expectativa é de um resultado melhor para os pontos cultivados mais tarde, que podem chegar a 54 sacas por hectare. A expectativa é colher a média de 43 e 45 sacas por hectare, contra as 69 sacas por hectare no ano passado. Nessa safra, as áreas com arrendamento não vão dar lucro, segundo o produtor.

“Com a safrinha, a expectativa é recuperar isso”, destacou. Entretanto, ele relatou ter aproveitado quando a soja estava com preço mais alto para negociar a produção. 60% da safra soja foi vendida na faixa de R$ 78,00 a R$ 80,00 a saca e hoje ela está cotada a R$ 67,00 na região.

Em Corbélia, no oeste paranaense, as quebras eram menores e a expectativa era melhorar a produtividade no decorrer da colheita. “Essa primeira soja, mais precoce, sofreu muito por causa das chuvas irregulares, ficou 20 dias sem chuvas em novembro. Depois começou a chover em algumas regiões. Mas chove num pedaço da fazenda do produtor e no outro já não chove. As altas temperaturas também foram um agravante”, disse Roberto Painelli, gerente da filial de Corbélia da Coopavel, visitada pelo Broadcast Agro durante o Rally da Safra.

“A produtividade inicial está muito baixa, em torno de 29 a 33 sacas por hectare. A soja mais tardia, que vai ser colhida dentro de 20 a 30 dias, ainda tem que ser avaliada”, disse Painelli. Como choveu o suficiente já em setembro, e a região é forte em safrinha de milho, muita soja foi plantada até no máximo 20 de setembro, segundo ele, o que fez com que várias lavouras estivessem em fases críticas quando faltou chuva.

Na região de Corbélia, os associados da Coopavel têm 38.000 hectares de soja plantados – mesma área do ciclo anterior. Segundo ele, ainda é cedo para falar em quanto deve fechar a média, porque de 15% a 20% foram colhidos e o número vai depender da produção da soja de ciclo mais longo. “A produtividade de soja deve aumentar em relação às primeiras áreas colhidas”, informou Painelli.

O agricultor Edalírio Antônio Kissner produz em duas áreas, em Corbélia e Cascavel. O plantio foi feito cedo. Se no ano passado começou em 16 de setembro, neste ano foi no dia 12 de setembro. “A expectativa para a soja precoce é um pouco baixa em termos de produção, primeiro pelo frio na época do plantio, depois por estiagem, mas acho que a soja de ciclo médio e longo devem ter bom resultado”, disse o produtor.

Ele planta 436 hectares de soja em Corbélia e 416 hectares em Cascavel. Para este ano, projeta média de 58 sacas por hectare, acima dos 49 sacas por hectare do ano passado. Ainda assim, na soja, segundo Kissner, a margem deve ficar apertada por causa do custo de produção e arrendamento. Ele relatou, entretanto, que 60% a 70% da produção está travada, em trocas, contratos ou pagamento para dívidas de área arrendada. Foi possível aproveitar preço na faixa de R$ 80,00 a saca. “Para quem não fez, agora vai demorar a chegar nos R$ 80,00 a saca de novo”, disse.

Sandro Hul, de Corbélia, plantou mais tarde e não foi tão prejudicado pelas adversidades climáticas. “Foram 20 dias de seca, mas na minha área não chegou a prejudicar tanto porque o meu plantio foi mais tardio. Aqui na região, o plantio foi muito antecipado, e eu iniciei em 25 de setembro, então não chegou a prejudicar tanto.”

Hul plantou 200 hectares com a oleaginosa – 30 hectares a menos do que no ano passado, para fins de rotação de culturas com o milho verão. Começa a colher na semana que vem. “Visualmente, a soja aparenta ser melhor do que no ano passado”, afirmou. “No ano passado, teve muita chuva em dezembro e acabamos perdendo produtividade.” A expectativa era superar os 55 sacas/hectare de média do ciclo anterior. “Mas as áreas já colhidas na região estão bem abaixo disso”, disse o produtor.

A região de Braganey também foi prejudicada pelo clima quente e seco, comentou Rafael Krohling, agrônomo do Sítio Santa Inês. As áreas plantadas primeiro, entre 10 e 12 de setembro, foram as que mais sofreram. “As áreas plantadas em outubro estão o oposto, melhoraram muito com a volta das chuvas em dezembro”, avaliou Krohling. Já foram colhidos 40% da área plantada, de 290 hectares, a mesma do ano passado.

A perspectiva era obter 78 sacas por hectare na soja, que deve ser colhida dentro de duas semanas, enquanto na soja precoce foi possível registrar 60 sacas por hectare. A propriedade projeta média de 68 a 70 sacas por hectare neste ano, contra as 64 sacas por hectare no ciclo anterior.

Com o milho safrinha, produtor espera recuperar prejuízo da soja no Paraná

O milho safrinha é a aposta do extremo oeste do Paraná para a recuperação dos prejuízos esperados para a soja, segundo o relato de produtores durante a passagem da Equipe 2 do Rally da Safra pela região. Plantado dentro da janela ideal, o milho safrinha apresenta risco menor de geada durante o desenvolvimento, e produtores estão otimistas.

Na região de Marechal Cândido Rondon, onde as perdas foram maiores na soja por causa do excessivo calor registrado durante o desenvolvimento da cultura, produtores já colheram grandes áreas de soja e estão na expectativa de bons resultados para o milho plantado na sequência.

“O milho safrinha é a aposta que nós temos agora. Vai ser plantado mais cedo, e temos a expectativa de recuperar um pouco do que se perdeu na safra de verão”, disse o presidente da Copagril, Ricardo Chapla. “Como foi plantado cedo o milho, o risco de geada é pequeno. Quanto às chuvas, as projeções de meteorologistas por enquanto são de clima relativamente normal. Se tivermos um clima mais ou menos dentro do normal, talvez possamos atingir um recorde de produção de milho safrinha.”

No ano passado, a região teve quebra de safra por causa de falta de umidade. “Esperamos que neste ano não tenha isso. Produtor está plantando cedo, com tecnologia de média a alta. Por isso, a nossa perspectiva é de ter boa produtividade”, destacou Chapla. Na microrregião de Marechal Cândido Rondon, 70% da safrinha está plantada.

Entre os produtores da região bastante animados com a safrinha está Eno Pedde. Ele plantou soja cedo e conseguiu retirar uma parte dela dos campos ainda em dezembro. Isso permitiu que tivesse 169 hectares de milho safrinha semeados já em 30 de dezembro. Ele vai semear outros 51 hectares na área onde vai terminar de colher soja entre amanhã e sábado.

O produtor espera boa colheita em virtude da expectativa de finalização da semeadura do milho bem antes do limite previsto para o município, em 15 de fevereiro. O objetivo é obter média em torno de 111 sacas por hectare, contra as 102 sacas por hectare no ano passado. “A grande maioria da área está plantada e está tudo perfeito”, disse Pedde, orgulhoso, mostrando vídeos do milho já alto e verdejante em suas lavouras. Com isso, ele, que é arrendatário de algumas áreas produtoras, espera compensar prejuízos com a soja por causa do clima seco.

No oeste do Paraná, o produtor Edalírio Antônio Kissner já travou os custos do plantio da safrinha de milho em trocas na faixa de R$ 35,00 a saca e está investindo mais na produção de inverno. A área vai subir de 416 hectares para 552 hectares em Corbélia e Cascavel.

“No ano passado, começamos em 12 de fevereiro o plantio de milho, e  neste ano começamos em 12 de janeiro. Estamos investindo bem, colocando mais adubo e cobertura para tentar produzir bem”, afirmou Kissner. “Aumentamos o uso de tecnologia. No ano passado, o plantio estava um pouco atrasado, então não dava para correr muito risco.” O limite para plantar na região é 20 de fevereiro. “A ideia é terminar entre o dia 10 e 15 de fevereiro”.

Em Corbélia, o ritmo de plantio é acelerado, disse o gerente da filial da Coopavel na região, Roberto Painelli. “O milho safrinha já está sendo plantado. A princípio está recebendo chuvas e germinando bem, mas tem regiões dentro do município onde não chove muito”.

Em Braganey, o agrônomo Rafael Krohling, do Sítio Santa Inês, disse que, com a colheita avançada de soja, já foram plantados até 104 hectares de milho safrinha. A expectativa é chegar 140 hectares. “Na primeira área de soja colhida já plantamos milho em cima, e foi um período excelente para plantio de milho safrinha. Agora nas áreas de soja que colhe mais para frente fica mais arriscado plantar milho por causa do risco de geadas durante o desenvolvimento.”

 

Broadcast Agro

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