Exportações de soja do Brasil aumentam mais de 70% e registram recorde em abril

Com as aquisições da China, a exportação de soja do Brasil atingiu um recorde mensal de 16.3 milhões de toneladas em abril, com aumento de 73% em relação ao mesmo mês do ano passado. Os dados estão relacionados à média diária de embarques e foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

O recorde anterior, segundo a Secex, havia sido registrado em maio de 2018, com embarques de 12.35 milhões de toneladas. Os grandes volumes embarcados de soja, o principal produto de exportação do país, geraram receitas de US$ 5.5 bilhões em abril.

Ontem, informações de embarques da agência marítima Cargonave já haviam indicado um recorde histórico em abril, de 14.16 milhões de toneladas. Os dados do governo e do setor privado costumam divergir, mas neste caso ambos indicam volumes nunca vistos para qualquer mês.

A associação de exportadores Anec indicou 13.3 milhões de toneladas na exportação de março, enquanto a Secex registrou 11.6 milhões de toneladas no mês anterior.

No acumulado de janeiro a abril, os embarques do País, o maior exportador global da oleaginosa, atingiram 35.76 milhões de toneladas, com a China importando 26.5 milhões de toneladas, segundo informação da agência marítima.

“Para maio, junho e julho, a expectativa é de que o Brasil volte a exportar bons volumes, mas as possibilidades de o País bater os expressivos números de abril são menores”, disse à Reuters o analista da Safras & Mercado Luiz Fernando Roque.

Ele acrescentou que a programação de embarques de navios já indica a exportação de pelo menos nove milhões de toneladas para maio. “Acho que maio e junho ainda vão ser fortes, mas as chances de superarem o recorde de abril são pequenas. É pouco provável”.

Os negócios ocorrem após uma colheita recorde este ano no Brasil e com os portos funcionando em ritmo acelerado, mesmo com maiores cuidados para evitar contaminações pelo Coronavírus.

Além disso, os preços da soja alcançaram valores nominais recordes no Brasil na esteira da forte desvalorização do real, o que impulsiona as vendas de produtores e abre uma janela de oportunidade para a fixação de contratos destinados à próxima safra, avaliou o Itaú BBA.

Roque, da Safras, disse que a consultoria mantém a expectativa de que o Brasil irá exportar volumes acima do normal no primeiro semestre, com a China se concentrando no País neste período, para depois buscar o produto nos EUA, cumprindo promessas do acordo comercial Fase 1.

“A grande dúvida é se a China vai honrar o acordo comercial ou não. Acho que existe espaço para honrar. (O mercado) está em momento negativo para isso, subindo as tensões e achando que a China pode não honrar”, afirmou o analista.

 

Reuters

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