O aumento da demanda do mercado europeu por frutas frescas deve levar as exportações nacionais destes produtos a um patamar recorde ao final de 2019: chegar à casa de US$ 1 bilhão. A previsão de bons negócios vem sendo acompanhada de perto pelo Cepea/USP, que prevê receita de US$ 662,02 milhões com essas operações já em 2017.
A União Europeia é o maior importador do produto nacional, respondendo por cerca de 75% dos embarques de frutas frescas feitos pelo Brasil ao exterior.
Para chegar às suas estimativas, o Cepea avaliou as oportunidades de negócios com oito frutas nacionais: banana, lima ácida tahiti, maçã, mamão, manga, melão, melancia e uva. A equipe comparou dados de importações extrabloco da Comissão Europeia e consultou exportadores brasileiros e dados de outros países.
Em meio a desafios, os produtores seguem confiantes e já comemoram crescimento de 13,16% na receita exportadora entre janeiro e setembro deste ano frente a igual período do ano passado.
“Estamos muito satisfeitos com essa expansão, até setembro de mais de 13% nas exportações, chegando a US$ 474 milhões. Acreditamos que nosso desempenho será ainda melhor porque o último trimestre do ano é o nosso período de maior volume de vendas para a União Europeia, já que pegamos a janela do outono/inverno daquela região. Justamente por conta disso, o bloco europeu reduz as tarifas de importação de diversos produtos “, avalia Eduardo Costa, diretor-executivo da A Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados)
Uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo do Cepea, Letícia Julião, cita que entre os destaques das exportações está a manga. A furta, segundo ela, tem apresentado alto valor agregado. O levantamento mostra que, de 2011 para 2016, o volume importado de manga pela União Europeia subiu 32,5%, mas, em valor, a elevação foi de expressivos 90,2%, o que indica que o preço médio aumentou. Outras duas apostas dos produtores têm sido melão e melancia.
O melão brasileiro aumentou sua participação no total que a UE comprou de fora do bloco (47% em 2016 frente os 39% em 2011). Já a melancia também tem tido ótimo desempenho nas exportações, com recorde em 2016/17. A participação do Brasil nos envios à União Europeia cresceu nos últimos 10 anos, passando de 16,8% para 21,4% em 2016.
DESAFIOS
Apesar do otimismo, a pesquisadora do Cepea cita alguns desafios para um desempenho ainda mais expressivo do Brasil na venda de frutas frescas para a União Europeia.
“O Mercosul não possui acordo bilateral com a União Europeia para a entrada das frutas frescas. Isso é um problema, porque países que não pertencem ao Mercosul, como o Peru, conseguem colocar suas frutas lá com tarifas especiais. O Peru vem ganhando cada vez mais espaço no envio de frutas para a UE e suas exportações não param de crescer”, explica a pesquisadora.
Outro ponto, de acordo com ela, é a crise hídrica vivida no Vale do Rio São Francisco, que reúne uma boa parte dos municípios produtores de frutas do País. “Se não fosse a seca, teríamos tido um resultado ainda melhor nos embarques, principalmente no ano passado. O problema foi um limitador tanto de volume, como de qualidade das frutas”, acrescenta.
Somado a estes dois fatores, existe ainda o “custo Brasil”. Segundo Letícia, o custo de produção nas fazendas é competitivo, mas a logística ainda é um fator de encarecimento do produto no destino final.
Equipe SNA/Rio