Exportação de trigo deve seguir em queda

O Brasil exportou 1,1 milhão de toneladas de trigo no ano passado, metade que no ano anterior e as perspectivas para 2014 não são animadoras. “Vamos exportar menos trigo do que em 2013”, afirma o doutor em Economia Agrícola e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eugênio Stefanelo. Apesar de ser um importador do grão, com produção menor do que o consumo, o País vende ao exterior parte do trigo que não aproveita no mercado interno. São variedades voltadas principalmente para produção de biscoitos, área que não tem demanda forte no mercado brasileiro como a panificação.

Dados da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) mostram que quatro países árabes compraram trigo do Brasil no ano passado. O Egito foi um deles, com 65,8 mil toneladas, a Arábia Saudita adquiriu 62,4 mil toneladas, a Tunísia comprou 18,2 mil toneladas e os Emirados 12,5 mil toneladas. Os grandes importadores, no entanto, foram Espanha, África do Sul, Coreia do Sul, Israel e Alemanha, nesta ordem. A exportação brasileira é concentrada no começo do ano, já que a região sul do País, grande produtora do grão, faz sua colheita no segundo semestre do ano, terminando a safra entre dezembro e janeiro.

De acordo com Stefanelo, a queda na exportação de 2013 ocorreu em função dos preços do trigo no mercado interno. Quando há muita oferta no Sul do Brasil e as cotações ficam abaixo do preço mínimo estipulado pelo governo, o País dá incentivo para que a região venda a outros estados ou exporte. Isso ocorreu em 2012, quando as exportações ficaram em 2,2 milhões de toneladas. Parte das vendas externas do início de 2013 foi reflexo disso. Já no decorrer do ano, os preços aumentaram, foram acima do mínimo, e após maio o Brasil fez pouquíssimas exportações: 42 mil quilos em junho, mil toneladas em novembro e 8,3 mil toneladas em dezembro.

As cotações de trigo estiveram em elevação no segundo semestre de 2013 porque a Argentina, um dos grandes fornecedores do Brasil na área, restringiu as exportações em função de problemas de safra. Somente na última semana o governo argentino liberou a exportação de 1,5 milhão de toneladas de trigo. Enquanto as vendas do país vizinho estiveram restritas, o mercado brasileiro foi buscar trigo em outras regiões, como Canadá, EUA, Paraguai e Uruguai.

Para impedir aumento ainda maior de preços do trigo e, consequentemente, do pão no Brasil, gerando pressão sobre a inflação, o governo brasileiro zerou a Tarifa Externa Comum (TEC) para importação do grão neste ano. A taxa caiu de 10% para 0% para um volume de 3,3 milhões de toneladas. Isso afetou a perspectivas de rentabilidade dos produtores brasileiros, que esperavam cotações maiores. “Esperava-se que haveria boa rentabilidade, em função da menor oferta mundial, o que não se confirmou”, diz a assessora técnica da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Tânia Moreira.

As perspectivas de uma rentabilidade alta para o trigo fez os produtores brasileiros aumentarem a área plantada da safra 2013/2014 em 15,7%, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No Paraná, o grande produtor de trigo do Brasil, a safra é plantada lá por abril e colhida entre agosto e dezembro. Já a colheita gaúcha vai até janeiro, segundo Moreira. A produção nacional deve fechar em 5,4 milhões de toneladas, com crescimento de 24,9% sobre a anterior.

A próxima safra brasileira de trigo, a 2013/2014, ainda é incerta. Mas neste início de ano não deverá haver grande volume de exportação, já que, com os preços acima do mínimo, os produtores não terão prêmio para vender ao mercado internacional. Mas a safra 2013/2014 ainda não foi toda vendida. Segundo a assessora técnica da Faep, o Paraná ainda tem 25% da sua safra para ser comercializada e no Rio Grande do Sul há percentual ainda maior para venda.

Fonte: Agência de Notícias Brasil-Árabe

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp