A exportação de soja desacelera e os portos ficam abertos, a partir de agora, para o milho. A venda externa do cereal pode superar 2 milhões de toneladas este mês, 265% mais do que em junho.
Já a exportação de soja, após totalizar 9.2 milhões de toneladas no mês passado, deve ser inferior a 7 milhões de toneladas neste, tomando como base os números de vendas externas já apurados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
“O segundo semestre é o período do milho e a exportação brasileira deste ano deverá ser recorde”, disse Leonardo Sologuren, sócio-diretor da consultoria Horizon.
Apesar de a receita com a exportação não ser neste ano tão rentável como foi no anterior, o País vai ter de colocar boa parte da produção no mercado externo. “Não há demanda para todo o milho produzido”, disse ele.
Sologuren estima que as exportações brasileiras de milho atinjam a 30 milhões de toneladas durante 2017, superando o recorde de 29 milhões de toneladas, registrado em 2015.
O cenário para o milho neste ano é bem diferente do que foi no ano anterior. Em 2016, a safra quebrou e o dólar estava elevado, o que garantiu renda para o produtor.
Os preços elevados animaram os agricultores, que aumentaram a área de plantio. Área maior e produtividade melhor vão garantir uma produção recorde, próxima de 100 milhões de toneladas.
A consequência são preços menores neste ano, devido tanto ao volume produzido como ao valor menor do dólar, o que torna a exportação menos atraente.
Diante desse cenário, o plantio de milho será menor no verão, prevê Sologuren.
A rentabilidade do setor está complicada e vai depender da produtividade. “É um ano decepcionante”, disse ele.
Ruim para o produtor, bom para a indústria de carnes. O milho, com preço menor neste ano, dá mais competitividade à proteína brasileira.
Após os escândalos que vieram a público neste ano, o setor de carnes não suportaria os preços do cereal tão elevados como os do ano passado. Essa é a análise do diretor da Horizon.
A falta de um cenário de liquidez para o produtor fez com que ele postergasse as compras de insumos neste ano, tanto para a soja como para o milho de verão.
Esse atraso preocupa as indústrias, devido à concentração da entrega dos insumos no segundo semestre. Parte dos produtores vai ter dificuldades de compra neste ano. O volume de crédito é maior, mas, segundo Sologuren, não estará acessível a considerável parcela dos produtores.
Fonte: Folha de S. Paulo