Exportação de algodão sofre ao fim de 2019/20, mas Anea vê força no próximo ciclo

Algumas exportações de algodão do Brasil foram “alongadas”, mas não canceladas, devido aos impactos da pandemia da Covid-19, diminuindo os volumes embarcados na temporada 2019/20 que se encerra neste mês, disse o presidente da Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea), Henrique Snitcovski.

Mas o setor mantém confiança de que poderá exportar na nova temporada (2020/21), que começa em julho, com volumes semelhantes ou mesmo maiores que os registrados no ciclo finalizado neste mês, à medida que muitas indústrias estão retomando atividades após a suspensão parcial do isolamento.

Segundo Snitcovski, a temporada 2019/20 está terminando mais fraca do que o projetado, mas ainda assim os embarques do Brasil devem somar um recorde de 1.93 milhão de toneladas da pluma.

Antes da redução da demanda e queda nos preços influenciados pelos impactos da Codiv-19, a estimativa para 2019/20 era de uma exportação de 2.1 milhões de toneladas.

“Quando iniciou o problema com a pandemia teve redução de demanda, mas não houve cancelamento, e sim prolongamento de embarques”, disse o presidente da Anea em entrevista à Reuters.

A diminuição de 150.000 toneladas na exportação, em relação ao estimado, está relacionada ao algodão que seria embarcado em abril, maio e junho, volume esse que será exportado no segundo semestre.

Ainda que tenha ficado abaixo das expectativas, as vendas de algodão devem crescer cerca de 50% em relação ao ciclo anterior, segundo dados da Anea, com aumento na safra e os chineses comprando mais do Brasil.

Nova safra

Os comentários de Snitcovski coincidem com o momento em que o Brasil inicia a colheita da nova temporada, que segundo as primeiras estimativas, tem potencial de atingir um recorde de quase três milhões de toneladas, com boa qualidade.

“Aí teríamos embarques fortes no segundo semestre e no primeiro semestre do ano que vem”, afirmou o presidente da Anea, ponderando que, pelo fato de as “engrenagens” ainda não estarem “a todo vapor” na indústria, o setor tem trabalhado para aumentar a capacidade de armazenagem, a fim de minimizar os impactos de um eventual alongamento de embarques.

Dessa forma, e com uma grande safra, Snitcovski acredita que o Brasil, segundo exportador global atrás dos EUA, poderá ofertar algodão ao mercado internacional no ano todo. Antes, os embarques eram concentrados mais no segundo semestre, com a chegada da safra. “Enquanto o Brasil detém cerca de 22% do mercado global, os EUA contam com quase 40%”, disse o dirigente.

Estimativas

Para a temporada 2020/21, com muitos dos negócios realizados antecipadamente, a Anea mantém suas estimativas de exportação de dois milhões de toneladas, afirmou Snitcovski, concordando que o câmbio tem ajudado a deixar o produto brasileiro mais competitivo, além de estimular a indústria local a utilizar mais o produto brasileiro, reduzindo importações.

Sobre a safra que será plantada no novo ano, ele afirmou que é cedo para fazer projeções, ainda que alguns já tenham falado em recuo de cerca de um terço na área do país.

Os preços futuros do algodão em Nova York chegaram a cair cerca de 30% na mínima do ano em relação à cotação do final de 2019, mas desde o final de março já subiram mais de 27%, para mais de 60 centavos de dólar por libra-peso.

“Naturalmente, com preços mais baixos e margens praticamente zero, o produtor optaria por não plantar algodão naquele momento (de maior queda na cotação), e iria investir em outras culturas. De lá para cá, esse cenário mudou um pouco”, disse o presidente da Anea.

Dessa forma, o quadro atual, que seria de redução de 30% na área, agora é de queda de 15%, completou Snitcovski. “É um pouco cedo para dizer. Temos que acompanhar o que vai acontecer com os preços daqui para frente. A expectativa está em cima da retomada”.

 

Reuters

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