Expodireto: produção de soja será menor, mas ainda rentável, afirma sócio da Agroconsult

André Pessoa, da Agroconsult, diz que produtividade não será a esperada, mas
André Pessoa, da Agroconsult, diz que produtividade não será a esperada, mas ‘também não é um desastre’

 

O tradicional Fórum Nacional da Soja foi a principal atração desta terça-feira, 11 de março, segundo dia da Expodireto Cotrijal em Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul. Além de debate voltado à Helicoverpa armigera, o evento, que está na sua 25ª edição, abordou o cenário econômico e as perspectivas para a cultura no Brasil e fora do país.

André Pessoa, sócio-diretor da Agroconsult e um dos palestrantes do evento, acredita que em 2014 a comercialização da safra ainda será bastante satisfatória, devido à combinação de bons preços no cenário internacional com taxa de câmbio favorável. Ele explica que o comportamento do mercado se deve à recuperação da safra americana no segundo semestre e uma boa safra na América do Sul. Segundo o consultor, o Brasil não vai colher os 91 milhões de toneladas estimados, mas não deverá ficar muito distante disso. Enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta em 90 milhões de toneladas a safra de soja 2013/2014, um aumento de 10,4% em comparação com a safra anterior, 2012/2013, o Rally da Safra trabalha com 89,2 milhões de toneladas.

“A produtividade não é a esperada pelos produtores, mas também não é um desastre, nada preocupante. Algumas regiões sofreram com a estiagem, mas ainda têm um nível de colheita satisfatório e que permite uma boa rentabilidade. A minha preocupação é com relação à safra 2014/2015”, diz.

Ele projeta que, ao longo do segundo semestre deste ano, os preços devem começar a recuar em função da ampliação da oferta nos Estados Unidos e da provável ampliação de área plantada na Argentina e no Brasil novamente em 2014.

Com a tendência de redução dos preços, André Pessoa ainda chamou a atenção dos produtores para que tomem cuidado com relação ao planejamento, aquisição de insumos e invistam em técnicas de gestão na propriedade. “Até porque margem reduzida sempre exige cautela no planejamento da safra”, ressalta.

Estoques

Pessoa é otimista com relação à recuperação dos estoques internacionais. O consultor entende que houve uma projeção pessimista da quebra da safra no Brasil.

“Algumas consultorias chegaram a falar em 82 milhões de toneladas. E a gente não está vendo esse número”, avalia.

Ele destaca ainda que a China está comprando bastante.

“A gente não pode reclamar da demanda. A expectativa é de uma exportação de 60 milhões de toneladas de soja, que, somadas ao consumo doméstico, deverá dar uns 80 milhões de toneladas”, observa.

O Brasil está em risco 

Para o economista Alexandre Englert Barbosa o mercado mundial está em recuperação da crise econômica-financeira de 2007/2008. A normalidade dessas economias, segundo Barbosa, se dará em outro contexto daqui em diante. Enquanto o mundo deverá crescer 3,7% em 2014 e 4,1% em 2015, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), os EUA deverão se aproximar do crescimento observado em 2004-2007. Já a China deverá recuar de 12% para 7% em seu crescimento médio anual.

Quanto ao Brasil, com um crescimento baixo, o risco é de receber rótulo negativo das agências. “Para enfrentar tal problema, o Brasil terá de fazer um importante ajuste fiscal, acompanhado de um aumento mais expressivo de sua taxa básica de juros”, enfatiza. Ele  complementa: “O agro é a salvação da lavoura, mesmo com todas as pragas existentes”.

Helicoverpa está presente em 62 municípios

Ainda durante o Fórum, o pesquisador e professor da Universidade de Passo Fundo (UPF) José Roberto Salvadori e o engenheiro agrônomo Luis Henrique Kasuya abordaram as estratégias para combater a lagarta Helicoverpa armigera, que compromete a produtividade das lavouras gaúchas.

“Contrariando o que muitos imaginam, a presença da lagarta Helicoverpa armigera é uma realidade também no Rio Grande do Sul, além do Centro-Oeste. O combate passa pelo monitoramento, através da captura de mariposas com uso de armadilhas de feromônio sintético, já legalizado para uso e disponível no comércio nacional”, destaca Salvadori.

Segundo recentes estudos, a lagarta está presente em 62 municípios do Estado, sendo 94,1% armigera e somente 5,9% da subespécie zea. De acordo com o especialista, não é possível estimar as perdas no Estado. No entanto, ele ressalta que foi possível constatar que se trata de uma praga realmente severa, que, no caso da soja, ataca tanto as folhas, como as vagens.

Já o engenheiro agrônomo e consultor Luis Henrique Kasuya observa que não há solução para o problema, mas através do manejo é possível conviver com a praga. “É preciso utilizar algumas armas para conviver com ela e é necessário treinar o pessoal no campo, para um manejo bem acompanhado”, alerta Kasuya.

Fonte: Expodireto

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