Ex-ministro da Agricultura contesta Código Florestal: ‘O Brasil não conhece os seus biomas’

Alysson Paolinelli: Biomas podem ser explorados economicamente, com técnicas conservacionistas e respeito ao meio ambiente / Foto: Sebastião Marinho

 

Ex-ministro da Agricultura e atual presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli tem feito severas críticas ao Código Florestal. Segundo ele, os biomas não foram levados em consideração quando da sua elaboração e aprovação. “O Brasil não conhece os seus biomas e nos metemos a fazer um Código Florestal absolutamente alheios à importância, preservação e exploração dos nossos seis principais ecossistemas: Amazônia, o Semiárido Nordestino, o Pantanal, o Cerrado, a Mata Atlântica e o Pampa Gaúcho”.

De acordo com Paolinelli, os erros foram montados em uma legislação, em detalhes vexaminosos que, em sua opinião, tristemente envolveu a própria presidente da República. “Como se pode estabelecer, numa regra, a mesma condição para um tropico úmido da Amazônia valendo também para o Semiárido do Nordeste. Isso é uma heresia, seria a mesma coisa que fazer um código urbano e estabelecer as regras de São Paulo, de Campinas, lá para Picos, no Piauí”, exemplifica.

Para o ex-ministro, como acontece em algumas outras áreas, “que estamos conseguindo manejar”, os biomas podem ser explorados economicamente, com técnicas conservacionistas e respeito ao meio ambiente, sem que isso implique em destruição.  “Porém, é preciso conhecê-los, como fizemos com o Cerrado, considerada uma das áreas mais degradadas do planeta, como são a Savana na África e a Estepe na Ásia. O Brasil foi o único país que conseguiu pegar essa área degradada, reconstituí-la e torná-la na mais produtiva e competitiva do mundo. Temos de fazer isso em todos os biomas e não é destruí-los. O bioma Cerrado, após antropização, ficou melhor que o anterior, ele tem muito mais biologia funcionando, muito mais vida funcionando”, argumenta Paolinelli.

Para isso, propõe que em cada um desses seis Biomas seja montada uma plataforma de conhecimento e, dentro de cada plataforma, realizem projetos de pesquisas, visando o conhecimento com o objetivo de manejar sem destruir.   Ele garante que, hoje, o Brasil já tem competência para isso, pois “existe uma Embrapa, que conquistou uma projeção internacional e tem a credibilidade e competência para executar tal tarefa. Podemos contar com as Universidades, que são os maiores repositórios do conhecimento da agricultura tropical no globo, as instituições estaduais, as federais, a iniciativa privada brasileira que tem, hoje, um cem números de pesquisadores que poderiam estar todos envolvidos através de redes de estudos”.

A verdade, argumenta Paolinelli, “é que Deus nos deu os recursos naturais fundamentais, o solo, a água, as plantas e os animais. Contamos com gente competente, com a capacidade de gerar conhecimento, criar ciência, tecnologia para saber harmonizar o manejo desse quatro recursos naturais sem destruí-los. Então, nós fizemos Cerrado.Estamos fazendo uma agricultura tropical absolutamente, muito mais sustentável do que a que existiu no mundo há 5 mil anos, que é a agricultura da região temperada. Lá o processo é esgotante e, aqui, o processo é de reconstituição e recuperação”.

 

Por Equipe SNA/SP

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