Os agricultores da União Europeia aumentarão o plantio de trigo e soja até 2030, mas reduzirão as plantações de colza (para fabricação de biodiesel). É o que afirmam autoridades do bloco em um relatório divulgado pela consultoria Trigo & Farinhas, ao advertir que a qualidade é uma ameaça para o crescimento da Rússia nas exportações de trigo.
No boletim anual sobre as previsões agrícolas de médio prazo, a Comissão Europeia estimou que as sementes de trigo brando se expandirão dos 23.6 milhões de hectares deste ano para 24.8 milhões de hectares até 2030, apesar de uma perda contínua de terras aráveis no bloco para a urbanização e reflorestamento.
A expansão, que impulsionará a produção de trigo brando da UE para 160.7 milhões de toneladas até 2030, considerando as 142.5 milhões de toneladas colhidas este ano, será impulsionada por um aumento “moderado” dos preços, que “espera permanecer (…) acima do longo prazo em média”, chegando a € 194,00 a tonelada em 13 anos. Os valores médios deste ano foram colocados em € 166,00 a tonelada.
De acordo com o relatório citado pela T&F, os preços serão apoiados por “boas perspectivas de exportação”, prevendo um crescimento de 10% na demanda de cereais da UE em 2030, em comparação com a média dos últimos cinco anos. As perspectivas de exportação de cereais parecem particularmente fortes, disse a comissão, que as considera como “positivas”, com aumento de 35% dos embarques em 2030.
Segundo o analista Luiz Fernando Pacheco, a previsão ocorre apesar do crescente domínio da Rússia no comércio mundial de trigo, com o país esperando que esta temporada amplie sua liderança nas exportações mundiais, tendo superado a UE em 2016/17.
Na verdade, de acordo com o documento da T&F, a comissão reconheceu que “a Rússia, a Ucrânia e o Cazaquistão deverão continuar sua recente expansão (nas exportações de trigo), impulsionadas por grandes investimentos em produção e logística.”
No entanto, o relatório acrescentou que “a qualidade dos grãos é uma questão pendente” para as exportações da região do Mar Negro, “onde a produção e, portanto, as exportações, são principalmente de trigo de baixa a média proteína”.
A participação da UE nas exportações mundiais aumentará de 17% nesta temporada para “acima de 19%” em 2030, ajudada por “preços competitivos”. “Os países tradicionais de produção de trigo, como EUA, Austrália e Canadá, deverão estabilizar suas exportações”, indica o relatório.
“O que de mais interessante fica para o agricultor brasileiro nessa projeção da Comissão Europeia sobre o futuro do trigo no bloco é o investimento em qualidade do grão, mostrando que existe um mercado específico e expansão para o trigo superior”, disse Pacheco.
Fonte: Agrolink