A cada novo dia de desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos se intensificam as especulações sobre a safra 2016/17.
Para o consultor internacional Michael Cordonnier, o ano é de La Niña. Embora a intensidade do fenômeno ainda não tenha sido definida, a tendência de tempo mais seco no sul e no leste do Corn Belt já começam a preocupar, bem como as previsões que indicam um tempo mais quente do que a média em períodos determinantes para as culturas da soja e do milho.
Por essa razão, Cordonnier revisou para baixo as suas estimativas de produtividade do cereal norte-americano em relação aos seus números da semana anterior. A estimativa ficou em 174,62 sacas por hectare (ou 165 bushels por acre). O USDA estimou um rendimento maior, de 177,8 sacas/hectare.
“Minha preocupação é de que algum milho sofra com o stress hídrico durante a polinização, quando a planta está definindo o tamanho da orelha. Uma vez que este tamanho está definido, ele não pode ficar maior, assim sendo, o stress durante a pré-polinização pode resultar em produtividades menores. Eu acredito que isso possa já estar ocorrendo em alguns locais com o leste do Kansas, norte do Missouri, sul de Iowa e oeste de Illinois, Indiana, Ohio e Michigan”, disse o consultor.
Em seu último relatório semanal de acompanhamento de safras divulgado nesta segunda-feira (20), o USDA indicou que até o último domingo (19), 75% das lavouras de milho se encontravam em boas ou excelentes condições, mesmo percentual da semana anterior e acima do registrado no ano passado, nesse mesmo período, de 71%.
Atualmente, porém, as regiões sul e leste do Corn Belt indicam índices de 30% a 50% de umidade do solo, ou baixa ou muito baixa, ainda de acordo com números apurados por Michael Cordonnier. E são nessas áreas em que as temperaturas estão elevadas e poderiam reduzir ainda mais os índices.
Segundo o consultor, por ora, as preocupações com a soja são menores e por isso a sua estimativa da produtividade das lavouras norte-americanas ficou estável em 52,95 sacas por hectare (ou 46,7 bushels por acre).
O número, no caso da oleaginosa, é o mesmo estimado pelo USDA. Apesar disso, afirma ainda que daqui em diante, pode haver um viés mais baixista para suas expectativas.
“Uma das minhas preocupações com a soja estão concentradas em algumas das áreas com condições de tempo mais quente e seco, onde os produtores deverão plantar soja “double crop”. E se essas condições persistirem, poderá haver problemas de germinação e a garantia de um padrão bem estabelecido. Já há informações de soja plantada mais tarde em partes do Sul do Corn Belt em áreas onde o solo está mais seco, esperando pela umidade”, disse Cordonnier.
No relatório semanal do USDA, o percentual de lavouras de soja em boas ou excelentes condições caiu 1% para ficar em 73%, contra 65% do ano passado, nessa mesma época.
O plantio da soja nos EUA está concluído em 96% da área e supera a média dos últimos cinco anos, de 93%, e o 89% registrados no mesmo período de 2015. O USDA informou ainda que 89% das plantações da oleaginosa já emergiram, contra 81% do ano passado e 84% de média plurianual.
As estimativas de Cordonnier para a área plantada e colhida nos EUA divergem ligeiramente das do USDA. Para o milho, a estimativa para a área plantada é de 37.43 milhões de hectares e colhida de 34.32 milhões de hectares.
Já a estimativa do USDA é de 37.88 milhões e 34.76 milhões de hectares, respectivamente.
Para a soja, o consultor estima uma área plantada de 33.39 milhões de hectares e uma área colhida de 33.83 milhões de hectares. A estimativa do USDA é de uma área plantada de 33.27 milhões e uma área colhida de 32.94 milhões de hectares.
No próximo dia 30 de junho, o USDA atualiza os seus números de área em um novo relatório da safra 2016/17.
Fonte: Notícias Agrícolas