Etanol de milho, o mercado que desafia o agronegócio brasileiro

Não faz tanto tempo, a segunda safra de milho, ainda chamada de safrinha, era, de fato, apenas uma safrinha. Uma pequena janela de plantio que os produtores rurais utilizavam para não deixar a terra parada e garantir um pouco de renda. Mas uma combinação de fatores possibilitados pela tecnologia mudou completamente esse cenário.

Novas cultivares de soja, mais precoces, adiantaram o início do ciclo e abriram um espaço maior para o milho segunda safra. Não demorou muito e a antiga “safrinha”, turbinada pelos avanços tecnológicos da agricultura digital, se transformou num gigante da agricultura brasileira. Com todas as vantagens e os desafios de comercialização impostos pela nova realidade.

Usinas de etanol de milho

A grande oferta vinda principalmente do Cerrado provocou o surgimento de um novo mercado, capaz de absorver o excedente de milho produzido nas lavouras do Centro-Oeste.

A primeira usina de etanol a utilizar o milho como matéria-prima para fabricação do combustível foi a Usimat, localizada em Campos de Júlio, a 555 km de Cuiabá. Hoje, só em Mato Grosso já são cinco usinas em atividade e oito estão sendo instaladas ou em fase de instalação.

Revolução

Segundo o vice-presidente da Abramilho, Glauber Silveira, essa revolução que iniciou no Cerrado vai se expandir para o Brasil. Neste ano, só em Mato Grosso, foram consumidos quatro milhões de toneladas de milho para fabricação de etanol, já ultrapassando a produção de combustível feito com a cana-de-açúcar.

“Isso é muito importante, porque você tem um consumo local e acaba melhorando o preço pago ao produtor. É mais uma oferta de comprador para os agricultores, um mercado fixo. As usinas já começam a comprar o milho antecipado. E tem ainda a questão da biomassa, tão essencial para usina, que já está sendo produzida pelos produtores”, comemora Glauber.

Crescimento futuro

No Estado de Mato Grosso, só 10% da produção de milho é ainda utilizada para a produção de etanol. Mas segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), a expectativa é de que, em poucos anos, essa produção salte para 30%.

“Hoje, o Brasil importa cerca de sete bilhões de litros de gasolina. Isso não seria necessário se o País produzisse 20 milhões de toneladas de milho para produção de etanol. Um combustível sustentável, energia limpa e mercado garantido. Imagina a oportunidade que estamos falando para o agronegócio brasileiro?”, destaca o vice-presidente da Abramilho.

Outras possíveis vantagens indicadas pela Unem são o fim da manipulação dos preços da gasolina e da falta de planejamento a longo prazo em relação ao abastecimento de combustíveis.

Desafios

A logística é um grande desafio para o crescimento do setor. É fundamental facilitar o acesso do etanol aos mercados do Norte, Nordeste, Centro-Sul e Sudeste. Também se fazem necessárias uma tributação adaptada à nova cadeia produtiva, a padronização do DDG (concentrado proteico extraído durante o processo de destilação que serve para alimentação animal), e a manutenção e abertura de novos mercados internacionais.

Apostar neste mercado, segundo Glauber, é nadar a favor da correnteza, desenvolvendo uma aptidão que já é natural. “Além do mais, você vai estar agregando valor, gerando empregos, aumentando a arrecadação e contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do País”.

 

Syngenta/Canal Rural

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