Agricultura brasileira leva qualidade de vida às cidades, mostra estudo

“O produtor rural ajuda a desenvolver a sua região, porque investe ali, atrai novos negócios, alavanca também o setor de serviços, o comércio. Não há uma relação oportunista por parte do agricultor, que muitas vezes forma e cria sua família no lugar onde planta”, afirma o consultor Lars Schobinger, da Kleffmann, responsável pelo estudo "Impacto do Agronegócio no IDH Brasileiro"
“O produtor rural ajuda a desenvolver a sua região, porque investe ali, atrai novos negócios, alavanca também o setor de serviços, o comércio”, afirma o consultor Lars Schobinger, da Kleffmann, responsável pelo estudo “Impacto do Agronegócio no IDH Brasileiro”

 

Maior produtora de soja do País, com área agricultável de 633 mil hectares, e intitulada a Capital Nacional do Agronegócio, a cidade de Sorriso, no Estado de Mato Grosso, tinha em 1991 um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de 0,517, em uma escala que vai de zero a um, o que era considerado baixo.

Naquela época, a cidade contava somente com 15.144 habitantes. Em 2000, com mais que o dobro de moradores (35.605), a taxa subiu para 0,664. Dez anos mais tarde, com 66.521 residentes, o IDH-M foi para 0,744, que se iguala à média nacional no período. O aumento registrado é de 44% em 20 anos.

A migração em Sorriso se deve, em grande parte, ao crescimento da agricultura e, como consequência, das oportunidades de trabalho e da geração de novos negócios que foram surgindo na região, entre os anos de 1991 e 2010. É o que aponta o consultor Lars Schobinger, responsável pelo estudo Impacto do Agronegócio no IDH Brasileiro, da empresa de consultoria Kleffmann Group no Brasil.

Segundo ele, o IDH-M leva em conta três esferas para avaliar a qualidade de vida de um município: educação, renda e longevidade.  O índice de 0 a 0,499 é considerado muito baixo; 0,5 a 0,599 baixo; 0,6 a 0,699 médio; de 0,7 a 0,799 alto; e de 0,8 a 1,0 muito alto.

Conforme Schobinger, entre taxas do IDH-M um pouco mais altas e outras mais baixas, porém não menos significantes para o agronegócio brasileiro, todas as regiões avaliadas pelo estudo e ranqueadas com as dez melhores taxas (veja quadro abaixo) tiveram uma elevação da qualidade de vida influenciada pelo agro.

São consideradas regiões agrícolas aqueles municípios que cultivam pelo menos um tipo (ou até mais) das seguintes culturas: algodão, cana-de-açúcar, milho e soja.

 

IDHM2

 

Schobinger destaca que nas áreas produtoras de soja, avaliadas de 1970 a 2010, o IDH-M saltou de 0,446 para 0,729; nas áreas de plantio de algodão foi de 0,306 para 0,707; cana-de-açúcar de 0,443 para 0,729; e nas áreas de plantação de milho, de 0,410 para 0,710.

“Inicialmente, soja e algodão se estabeleceram na região de Cerrado, que era considerada paupérrima, sem estrutura econômico-social. Hoje, a soja é um dos principais itens da balança comercial brasileira. Podemos observar, portanto, um crescimento importante influenciado pela sojicultura”, ressalta o consultor.

No caso do cultivo de algodão, ele cita uma cidade que tinha a pobreza comparada à atual miséria de países africanos. É o caso do município de Barreiras, no Extremo Oeste Baiano.

“Barreiras era considerada, há 30 anos, uma das cidades mais pobres do País, com IDH-M de 0,408, em 1991. Isto era equivalente a taxas de países que sofrem com atual miséria, como Libéria (cujo último índice, em 2013, foi de 0,412) e Mali (0,407), ambos na África Ocidental. Hoje, Barreiras é responsável por 25% de toda a produção nacional de algodão, com IDH-M de 0,721, quase igual à recente média nacional, que foi de 0,744 no ano passado.”

TECNOLOGIAS

De acordo com Schobinger, a adoção de tecnologias no campo também favoreceu – e favorece – o crescimento do IDH-M em diversas cidades do País, que registraram um salto acima na média nacional, de 1970 a 2010. Para exemplificar, ele também destaca o município de Lucas do Rio Verde, no Estado de Mato Grosso.

“Lucas do Rio Verde registrou, em 2010, o maior IDH-M do Brasil (0,77), com crescimento de 40% em relação aos 0,550 observados em duas décadas (1991-2010), levando em conta o ranking dos municípios produtores de milho. Sapezal é outra cidade que surpreende com alta de 115% do Índice, saindo de míseros 0,340 para 0,730. Ambas tiveram investimentos de tecnologia no campo.”

De modo geral, apesar de ainda não ser determinante, o crescimento da agricultura brasileira tem sido muito importante para a elevação do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, ou seja, da qualidade de vida de seus moradores.

“O produtor rural ajuda a desenvolver a região, porque investe ali, atrai novos negócios e novos investidores, alavanca também o setor de serviços e o comércio. Não há uma relação oportunista por parte do agricultor, que muitas vezes forma e cria sua família no lugar onde planta. Ele tem raízes”, salienta.

O consultor ressalta, por fim, que, de 5,6 mil municípios brasileiros, 3,5 mil a 4 mil são responsáveis por algum tipo de produção  agrícola.

“Basta observarmos que o IDH-M de regiões não agrícolas saltou de 0,458 em 1970 para 0,717 em 2010; enquanto em áreas agrícolas, o crescimento foi ainda maior (veja quadro abaixo).”

 

IDH-M3

Por equipe SNA/RJ

 

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