Estudo confirma aumento do escoamento de grãos pelo Norte

O Brasil deverá suprir 45% do aumento das importações mundiais de soja e milho na próxima década, e quase 60% desse volume adicional sairá do País pelos portos da região Norte. A informação faz parte de um estudo recém-concluído pela consultoria Bain & Company.

No cenário desenhado pela companhia, as importações globais dos grãos serão, no total, 135 milhões de toneladas maiores em 2028 do que foram em 2018, e o aumento das exportações brasileiras alcançará cerca de 40 milhões de toneladas.

Segundo o USDA, os embarques mundiais de milho atingiram 148.7 milhões de toneladas na safra 2017/18, ao passo que os de soja chegaram a 153 milhões de toneladas.

No milho, o Brasil contribuiu com 25.1 milhões de toneladas (16,9% do total) e foi o segundo maior exportador, atrás dos EUA, enquanto na soja foram 76.2 milhões de toneladas (49,8%) e o país liderou o ranking dos exportadores, à frente dos americanos.

Se confirmado, o cenário previsto pela Bain & Company para as exportações brasileiras de ambos os grãos nos próximos 10 anos não só ampliará essas participações como tornará mais equilibrada a logística de escoamento entre Norte/Nordeste e Sul/Sudeste.

A partir de investimentos bilionários realizados nos últimos anos por grandes multinacionais do agronegócio e empresas prestadoras de serviços, como a Hidrovias do Brasil, a capacidade conjunta de escoamento de grãos dos cinco dos principais portos do Arco Norte é hoje de 40.5 milhões de toneladas.

O maior porto incluído no estudo é Barcarena, no Pará, com capacidade para 16.5 milhões de toneladas, seguido por Itaqui, no Maranhão (13 milhões de toneladas), Santarém, no Pará (5.5 milhões de toneladas), Itacoatiara, no Amazonas (3.7 milhões de toneladas), e Santana, no Amapá (1.8 milhão de toneladas).

Luis Oliveira, sócio da Bain & Company, disse que essa capacidade foi subutilizada em 2018. A consultoria informou que os embarques de soja e milho nesses cinco portos alcançaram 25.9 milhões de toneladas no ano passado e que, portanto, sem ampliações já é possível elevar o volume em 14.6 milhões de toneladas.

Mas, segundo Oliveira, as perspectivas de aumento da produção de grãos em Mato Grosso e no Pará, aliadas às melhorias na BR-163, motivarão novos investimentos.

A capacidade conjunta dos cinco portos poderá chegar a 53 milhões de toneladas já em 2024, e o volume adicional a ser escoado pelos cinco portos deverá aumentar 10% ao ano e chegar a 23 milhões de toneladas em 2028, quase o dobro que o total do ano passado.

Nas contas da Bain & Company, no Brasil a produção de soja e milho chegará a 293 milhões de toneladas na safra 2027/28 – mais de 80 milhões acima de 2017/18, e em Mato Grosso e Pará o volume aumentará para 96 milhões de toneladas (91 milhões de toneladas no primeiro e 6 milhões de toneladas no segundo). Em 2017/18, foram cerca de 61 milhões de toneladas em Mato Grosso e 3 milhões de toneladas no Pará.

“Os portos do Arco Norte são competitivos, e das seis microrregiões produtoras de Mato Grosso, o corredor Norte, onde a produção de grãos é crescente, será muito beneficiada pela conclusão da pavimentação da BR-163, prevista para este ano”, afirmou Oliveira.

“Para se ter uma ideia”, disse ele, “em 2013 os portos do Arco Norte escoaram 17% das exportações de Mato Grosso, percentual que aumentou para 43% em 2018 e vai continuar crescendo”. Mato Grosso é o maior estado produtor de soja e milho do Brasil.

Segundo o sócio da Bain & Company, da metade de Mato Grosso para cima, com o desenvolvimento da infraestrutura logística dos últimos anos, o frete para o escoamento de grãos já está entre R$ 60,00 e R$ 110,00 por tonelada menor pelo Norte do que pelos principais porto do Sul, o que justifica a migração de cargas.

“Trata-se de um equilíbrio bom para o país. Mas é preciso destacar que essa tendência de crescimento da produção no norte de Mato Grosso e no Pará deve ser sustentável, com consciência”.

Nesse cenário, disse Oliveira, o avanço das exportações de soja e milho pelo eixo Sul deverá ser menor até 2028. Segundo a consultoria, os embarques pelos portos de Santos (SP), Paranaguá (PR) e Vitória (ES) deverão somar 80 milhões de toneladas em 2027/28, contra 68 milhões de toneladas em 2017/18.

 

Valor Econômico

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