Para o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, os estoques internos de milho devem continuar baixos no próximo ano, mesmo se forem confirmadas as expectativas de colheita de uma supersafra de milho. Ele explica que devido à competitividade do cereal brasileiro todo excesso de produção deve ser absorvido pela exportação, por causa do menor custo de produção em relação aos concorrentes. Ele observa que os consumidores de milho devem mudar suas estratégias e garantir seu abastecimento com a compra antecipada do cereal, o que já vem ocorrendo com as grandes indústrias, como a BRF, Cooperativa Aurora e a Ambev. A situação mais complicada é dos suinocultores independentes, não vinculados às indústrias, “que continuarão sofrendo e terão que se adaptar”, disse ele.
Segundo o consultor, o preço milho atualmente é ditado pela paridade com o mercado internacional, seja para importação ou exportação do cereal. Até a semana passada o preço do milho importado posto no porto de Paranaguá (cotação na Bolsa de Chicago mais frete) estava na faixa de R$ 41,00/saca. Já as compras antecipadas para entrega no próximo ano estão sendo cotadas a R$ 21,00/saca, que é a paridade de exportação.
André Pessôa não acredita que um eventual aumento das importações de milho norte-americano, como pretende o governo, possa contribuir para derrubar as cotações do cereal no mercado interno, justamente pela possibilidade de exportação do produto brasileiro se ofertar excesso de disponibilidade. Ele afirmou que a programação de chegada dos navios nos portos mostra que o desembarque de milho de janeiro a agosto deste ano soma 800.000 toneladas e deve chegara 1.5 milhão de toneladas em janeiro, quando a safra de verão começa a entrar no mercado.
Na opinião do consultor a safra de milho de verão, mesmo com aumento de 200.000 hectares na área plantada no Centro-Sul (para 3.4 milhão de toneladas) não será suficiente para regular o mercado, que continuará depende da safrinha planada na sequência da colheita da soja. A Agroconsult prevê aumento de 900.000 hectares na área da safrinha de milho, para 11.7 milhões de hectares. Em relação à soja, a consultoria prevê aumento de 1,5% na área plantada, para 33.7 milhões de hectares.
Fonte: Globo Rural