Os estoques de passagem de café do Brasil deverão registrar o menor volume da história em março de 2016, previu nesta sexta-feira o Conselho Nacional do Café (CNC), após o País atingir em 2015 a sua terceira queda consecutiva na safra, segundo números oficiais.
Em nota nesta sexta-feira, a entidade que representa o setor produtivo afirmou que o Brasil, maior produtor e exportador global de café, terá condições de honrar seus compromissos com os mercados externo e interno, apesar da produção afetada pela seca nos últimos anos.
Contudo, o CNC alertou que “o estoque de passagem de 2016 será, certamente, o mais baixo de toda a história cafeeira do País”.
A projeção foi feita após a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ter divulgado na quarta-feira uma queda de 5,6% nos estoques privados em março de 2015 ante 2014, para 14.4 milhões de sacas de 60 kg.
O CNC estimou à Reuters que os estoques em 31 de março de 2016 poderiam totalizar algo em torno de 6 milhões de sacas, levando em conta o saldo entre o consumo interno e exportações e a produção e os estoques anteriores.
A previsão do CNC, no entanto, é de uma colheita este ano de cerca de 40 milhões de sacas, abaixo das projeções do mercado, que variam de aproximadamente 45 milhões a 52 milhões de sacas.
De acordo com levantamento da Conab, os menores estoques privados de café da história foram registrados em 2012, de 8.4 milhões de sacas.
O levantamento da Conab é realizado junto a integrantes do setor, por meio do envio de questionários. Para a realização da última pesquisa, 94% dos 816 armazenadores responderam a sondagem.
O Brasil tem um consumo interno de cerca de 20 milhões de sacas por ano. As exportações de café verde em 2015 estão projetadas em cerca de 32 milhões de sacas.
Ainda que as projeções dos produtores sejam historicamente menores que as do mercado, nesta semana uma importante trading global, a Volcafe, reduziu sua projeção de safra do País em 2015 em mais de 3 milhões de sacas, para 48.3 milhões de sacas, citando um tamanho menor dos grãos colhidos.
O contrato dezembro da café arábica, negociado em Nova York, operava perto de US$ 1,24 a libra-peso nesta sexta-feira, após mínima desde janeiro de 2014, de cerca de US$ 1,20 no início da semana, num momento em que o mercado tem sido afetado principalmente por um dólar mais forte que incentiva vendas de produtores brasileiros no mercado global.
Fonte: Reuters