Os produtores brasileiros de frutas e hortaliças começaram o ano com maior segurança para destinar parte de sua produção ao mercado internacional. Desde dezembro, o Brasil passou a integrar o sistema de frutas e hortaliças da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico da ONU (OCDE). Foi o primeiro país da América Latina a fazê-lo.
Criado em 1962, o sistema da OCDE compreende uma série de padrões, como calibre, peso e cor, adotados pelos países membros do bloco com o intuito de facilitar o comércio internacional. O grupo também prevê o reconhecimento mútuo dos sistemas de inspeção dos países adeptos do sistema. “O padrão OCDE é reconhecido. É como se fosse um selo da qualidade do produto que está saindo daqui”, disse Fátima Parizzi, Coordenadora Geral de Qualidade Vegetal do Ministério da Agricultura.
O Brasil é atualmente o terceiro maior produtor mundial de frutas do mundo, com 43 milhões de toneladas anuais, mas exporta menos de 3% desse volume. Se excluídos os produtos processados, esse percentual é ainda menor, de 1,5%. No ano passado, o país exportou 878.400 toneladas de frutas (US$ 946.8 milhões), avanço de 7,8% em relação ao volume registrado em 2016 e crescimento de 19,7% na comparação com 2014. “Estamos tentando fazer com que o mundo enxergue o Brasil como produtor”, disse Fátima Parizzi.
Eduardo Brandão Costa, assessor técnico da comissão de fruticultura e hortaliças da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), concorda que a inclusão do Brasil no sistema da OCDE facilitará o comércio internacional do país. “Nunca chegamos a ter carga recusada, mas havia algumas dificuldades que desestimulavam os produtores a exportar”, afirmou ele. “Com o novo sistema, o exportador brasileiro passa a ter o respaldo da OCDE em qualquer alegação comercial que venha a ser feita”.
Outro fato importante envolvendo a participação brasileira no sistema da OCDE é que cerca de 70% das exportações do país são destinadas à Europa, onde quase todos os países que mantém relação comercial com o Brasil já são adeptos do padrão. “Agora o produtor sabe que padrão usar para distribuir para o mercado externo, não ficará mais dependendo de um distribuidor”, disse o assessor da CNA.
Atualmente são membros do grupo na OCDE Áustria, Bélgica, Bulgária, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Israel, Itália, Quênia, Luxemburgo, Marrocos, Países Baixos, Nova Zelândia, Polônia, Romênia, Sérvia, República Eslovaca, África do Sul, Espanha, Suécia, Suíça e Turquia.
Fonte: Valor