Em vista da possibilidade de contaminação no setor agropecuário, devido ao maior fluxo de pessoas vindas para a Copa do Mundo, o governo de São Paulo preparou medidas preventivas contra doenças e pragas. Inicialmente, a preocupação maior é com a entrada da Influenza Aviária, a gripe do frango. Em nível nacional, também há um movimento de proteção dos setores produtivos.
Fiscalização de portos, aeroportos, bagagens, áreas produtivas informais e divulgação de informações aos passageiros fazem parte do programa preventivo. No período da Olimpíada de Pequim em 2008, por exemplo, foram introduzidas 44 novas pragas na China. Dois anos depois, após os Jogos Asiáticos de Guangdong, foram identificadas mais 32 espécies invasoras.
A Secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Mônika Bergamaschi, anunciou a criação de um grupo de trabalho focado na prevenção da Influenza Aviária. A Coordenadoria de Defesa Agropecuária, a Secretaria da Saúde do estado, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) são alguns dos integrantes do grupo.
“Esta é a nossa principal preocupação porque já temos casos efetivos da doença em outros países. Foi assim que chegaram o bicudo, a ferrugem asiática da soja, a vassoura-de-bruxa do cacau.”
De acordo com a secretaria, já foi identificada a patologia aviária no México – com vírus do tipo H7N9, Japão, China e Coreia do Norte – com H5N1, e o tipo H7N9 também na China.
Mônika conta que a ideia do grupo é estreitar as relações das entidades envolvidas e manter um canal aberto, caso haja a necessidade de uma ação rápida, seja de contenção ou reparação.
“Também é importante lembrar que estamos em guerras comerciais. Nada impede que pessoas mal-intencionadas implantem patógenos em nossa agricultura”, ressalta.
OUTRAS PRAGAS
No Estado de São Paulo, a citricultura é o principal cultivo que sofre pelo ataque de pragas. As mais incidentes são o Cancro cítrico e o Huanglongbing (HLB), também conhecida como greening.
“Este segundo é o mais complicado por ser transmitido através de um inseto. Ele acaba sugando uma árvore acometida pela doença e transmite para outras, dificultando mais ainda o controle de infestação no pomar. No início chegamos a trabalhar com a erradicação total da praga, mas ela já está tão disseminada que necessitamos de outra solução. A secretaria e outras instituições privadas já estão trabalhando em uma maneira de desenvolver uma planta que seja geneticamente resistente ao greening”, disse a secretária em entrevista exclusiva ao DCI.
Já o cancro é de controle um pouco mais simplificado porque tem a transmissão feita através do contato com máquinas e implementos agrícolas. Nestes casos, Mônika explica que a recomendação é retirar as árvores doentes e queimá-las, para que não haja risco de contaminação nas demais.
“Uma das maneiras mais comuns de se contrair uma praga é quando o produtor tem contato com novas tecnologias. É preciso ter muito cuidado com o uso e com a hora certa de parar.”
CONTROLE PARA COPA
O Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) lançou a campanha “Bagagem 100% legal”, para conscientizar os turistas e fiscalizar o que é permitido transportar nas bagagens. A ação tem como objetivo esclarecer os perigos sobre a entrada de produtos fora dos padrões de segurança sanitária do País. Durante a Copa, serão realizadas ações educativas nos principais aeroportos.
O presidente do Sindicato, Wilson Roberto de Sá, lembra que, sem controle, pragas e doenças podem chegar, ameaçar a agropecuária nacional e a saúde pública do brasileiro.
“Temos o hábito de trazer ou presentear amigos e família, com comidas típicas dos lugares que conhecemos. Porém, muitas pessoas desconhecem o perigo da entrada de determinados produtos no Brasil”, explica.
Só em Brasília, no primeiro quadrimestre deste ano, foram apreendidas 950 toneladas de produtos agropecuários.
Wilson destaca que temos apenas 450 fiscais federais agropecuários atuando no Sistema Vigiagro, o que, além dos aeroportos, inclui portos, postos de fronteira e adunas especiais. “Um dos desafios enfrentados pelos colegas são a carência de pessoal e o frágil respaldo legal, por conta de legislações antigas. Isso sem contar a falta de informação dos viajantes e dos passageiros internacionais”, afirma.
Fonte: DCI