Estado de emergência deve facilitar controle da Helicoverpa na Bahia

helicoverpa
Uso de agroquímicos é autorizado para combater praga que está atacando lavouras no oeste baiano

 

Após amargar um prejuízo de R$ 2 bilhões em suas lavouras de algodão, o Oeste da Bahia foi declarado oficialmente em estado de emergência fitossanitária em relação à praga Helicoverpa armigera. O anúncio foi feito na segunda-feira, 4 de outubro, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), no Diário Oficial da União. Isso significa que a região está autorizada a usar defensivos agrícolas, inclusive importados, até então não liberados pelo governo, desde que não causem graves danos ao meio ambiente ou que seus resíduos remanescentes não provoquem riscos à saúde pública.

A declaração vem após a publicação do Decreto 8.133, de 28 de outubro de 2013, que regulamenta a Lei nº 12.873/2013, que trata nos artigos 52 a 54 sobre casos críticos de ataques de pragas no campo, permitindo ao ministro da Agricultura estabelecer todas as medidas agronômicas e veterinárias necessárias ao enfrentamento, quando declarado oficialmente estado de emergência fitossanitária e zoosanitária.

De acordo com Ivanir Maia, diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), a partir desse Decreto todos os processos referentes ao uso e, principalmente, importação de defensivos ganha celeridade. “Agora, poderemos importar e também conseguir registro emergencial do Ministério da Agricultura de alguns produtos em um tempo recorde. O que muda, na prática, é que poderemos ter para essa safra uma lista de produtos que até então não tínhamos acesso”.

Maia explica que, desde o início do ano, quando surgiu a infestação da Helicoverpa, discutia-se a melhor maneira de controlá-la e que, por ser uma praga nova, o grande entrave foi o agricultor não ter produtos à sua disposição, principalmente alguns que existem no mercado internacional.  E cita como exemplo o Benzoato de Emamectina que, em sua opinião, seria um dos mais confiáveis e é utilizado em vários países.  “Temos produtos disponíveis para o controle dessa lagarta. Ocorre que, no Brasil o tempo de registro é demorado, leva alguns anos, tem casos aí de produtos para a Helicoverpa que estão há seis anos no processo de registro”, denuncia.

Lembra que a Helicoverpa é uma praga muito agressiva, não ataca uma cultura específica, mas várias e que a regra de sucesso no seu controle é não deixar que aumente sua população. “Na verdade, não vamos acabar com ela, porém, temos muitas armas para o seu controle. Por isso que a Aiba, junto com a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e outras entidades, discutiu muito esse assunto, porque temos que ter várias estratégias de controle. Uma delas é química e, segundo o Decreto, poderemos usar produtos, inclusive mais específicos, até por uma questão ambiental, como é o caso Benzoato. Isso significa que não vamos sair matando inimigos naturais”, diz Ivanir Maia.

 

Quando surgiu a Helicoverpa, discutia-se a melhor maneira de controlá-la. Por ser uma praga nova, o grande entrave foi o agricultor não ter produtos à sua disposição, relata Ivanir Maia, diretor da Aiba
Grande entrave para combater a Helicoverpa foi o agricultor não ter produtos à sua disposição, relata Ivanir Maia, diretor da Aiba

 

CONTROLE BIOLÓGICO

O diretor da Aiba ressalta que desde a safra passada no Oeste baiano já está sendo realizado um trabalho com uma gama muito grande de produtos biológicos como, por exemplo, vírus específicos contra a Helicoverpa, que atacam somente lagarta e não atacam os inimigos naturais. Esses vírus, segundo ele, são importados. “Temos que importar produtos e buscar no mercado internacional a melhor linha para combater essa praga. Tanto químicos quanto biológicos”, acrescenta.

Maia destaca que o Decreto veio de encontro a várias ações propostas pelas entidades que reúnem os produtores da região e que contam com o apoio da Embrapa. No último dia 30 de outubro, foi aprovado o Programa Fitossanitário para o Oeste da Bahia, que envolve uso muito mais de produtos biológicos, gerenciamento de defensivos para evitar resistência, além de um conjunto de outras medidas que permitam a convivência com praga, sem que ela provoque dano econômico.

“Essa gama de ações vai nos facilitar o controle para entrarmos com segurança nessa safra e podermos controlar a praga. Isso não aconteceu na safra passada, quando o produtor não conhecia a praga direito e não conseguiu controlá-la. O resultado, cerca de R$ 2 bilhões de prejuízo só no Oeste da Bahia.”

 

Por equipe SNA/SP

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