O patamar relativamente elevado dos preços domésticos da soja e a perspectiva de alguma queda no curto prazo em razão da entrada da “supersafra” que será colhida nos Estados Unidos nos próximos meses está levando as indústrias instaladas no Brasil a diminuírem o ritmo de processamento da oleaginosa.
Mas, de acordo com fontes ouvidas pelo Valor, essa redução é temporária e não será capaz de prejudicar o desempenho do segmento no ano. De acordo com a Associação das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), deverão ser processadas 40.3 milhões de toneladas da oleaginosa neste ano no País, mesmo patamar de 2015, quando um novo recorde histórico foi batido (40.6 milhões de toneladas).
Tendo por base informações repassadas por suas associadas, o processamento alcançou ao menos 16.1 milhões de toneladas de janeiro a junho. Mas, como algumas empresas ainda “devem informações”, esse volume representa apenas cerca de 80% do volume real. Ou seja, estima-se que o total tenha superado 20 milhões de toneladas – o ajuste será realizado ao longo dos próximos meses. No mesmo período do ano passado, foram 20.5 milhões.
De qualquer forma, no momento a situação das indústrias não é confortável, já que é entressafra no país e as exportações do grão foram particularmente aquecidas no primeiro semestre. Assim, a soja está valorizada e as margens do processamento estão mais apertadas. O indicador CEPEA/ESALQ para a saca de 60 quilos do grão negociada no interior do Paraná, por exemplo, está acima de R$ 77,00 – ou acima de US$ 24,00. Em reais, é o mesmo nível do mesmo período de 2015, mas em dólar a alta chega a quase 20%.
Nesse contexto, fontes consultadas pela agência Bloomberg disseram que as multinacionais Cargill e Louis Dreyfus pararam ou vão parar o processamento de soja em algumas unidades no País. Segundo essas fontes, a Cargill, que não quis dar entrevista, tem ociosas a sua planta de Primavera do Leste (MT) e a unidade de Três Lagoas (MS). Já a Dreyfus disse na semana passada que vai parar o esmagamento nas unidades de Jataí (GO) e Ponta Grossa (PR), duas das suas cinco fábricas de processamento no Brasil por causa de “condições de oferta e demanda atual”.
Fonte: Valor