Escolaridade melhorou na agropecuária, mas setor ainda é lanterna

Apesar da arrancada, Ottoni acredita que a escolaridade na agropecuária continuará crescendo, mas dificilmente conseguirá manter o ritmo registrado nos últimos trimestres. Foto divulgação.

Estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre)/FGV apontou que a escolaridade da população ocupada no País vem aumentando nos últimos anos. De acordo com o levantameEnto, o agronegócio tem papel de destaque neste contexto, sendo o setor com o maior crescimento, mas que ainda tem pela frente o desafio de sair da posição de lanterna no ranking geral.

Os números levantados pelo Ibre mostram que os trabalhadores brasileiros tinham, em média, 9,7 anos de estudo em junho deste ano. O indicador avançou 1 ponto desde março de 2012, quando era de 8,7 anos.

O estudo utiliza como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A agropecuária responde por 9,3% do total da população ocupada do Brasil hoje de 91,1 milhões de pessoas.

Segundo Bruno Ottoni, responsável pelo estudo e pesquisador associado do FGV IBRE e IDados, o setor agropecuário se mantém na lanterna, com 5,6 anos de estudo em média por trabalhador. Apesar disso, foi o que mais avançou no período analisado: de 4,5 anos em março de 2012 para 5,6 em março deste ano – um salto de 1,1 ponto.

O desempenho positivo da agropecuária, segundo ele, pode ser explicado pelo fato de o setor ter sido um dos poucos a não recuar e até crescer na economia. Desta forma, jovens profissionais, com mais anos de escolaridade, ao invés de ingressar em setores como o de serviços _ que vem sofrendo fortemente com a crise_, optaram pelas atividades do campo.

“Em junho de 2018 o setor agropecuário se manteve estável em relação ao trimestre anterior. Já em março deste ano houve aumento dos anos de estudo, comparativamente a dezembro de 2017. Esse aumento pode se dever ao crescimento do PIB do setor, que foi forte no ano passado, e tende a ser relevante também este ano. Esse crescimento da atividade da agropecuária pode estar fazendo com que o setor consiga absorver os novos entrantes, que têm mais anos de estudo. Portanto, o crescimento da média de escolaridade pode sim estar relacionado ao crescimento relativamente mais forte desse setor nos últimos meses”, analisou o pesquisador.

Apesar da arrancada da agropecuária, Ottoni acredita que dificilmente o setor conseguirá manter o ritmo registrado nos últimos trimestres. Para ele, o setor continuará aumentando seus indicadores de escolaridade, mas num ritmo menor. Isto porque, com a retomada da economia, demais atividades devem atrair novos entrantes, que são justamente o contingente com mais anos de estudo.

“As novas gerações que entram no mercado de trabalho estão ficando mais tempo na escola. Não estamos analisando aqui qualidade, mas anos de estudo. Hoje o abandono acontece mais no ensino médio. O crescimento é uma tendência generalizada na população, tanto no mercado formal como no informal”, explicou o pesquisador.

Equipe SNA/Rio

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