A dificuldade da comercialização de trigo motivou entidades do Rio Grande do Sul a buscar junto ao Ministério da Agricultura a solicitação de medidas em caráter emergencial para solucionar o problema que os produtores vêm enfrentando na venda do produto. Entre as propostas estão a manutenção dos leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e Prêmio para Escoamento do Produto (Pep), com prêmio de R$ 266 a tonelada, e a prorrogação das operações de custeios agrícolas em face aos vencimentos ocorrerem a partir deste mês.
Além disso, a carta pede a autorização pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de todos os editais referentes ao ressarcimento de despesas operacionais, em consonância com a tabela de taxa do serviço da Política de Garantia dos Preços Mínimos (PGPM) e autorização e liberação de recursos para Aquisições do Governo Federal (AGF). O documento, assinado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), em conjunto com a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e Associação dos Cerealistas do Estado do Rio Grande do Sul (Acergs) lembra também que, no estado, o estoque represado de trigo é de 700 mil toneladas, e a janela de exportação tem prazo até o final de fevereiro.
Na avaliação do presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, os leilões que vem sendo realizados desde o início de dezembro do ano passado não estão surtindo efeito no mercado. O temor é que a dificuldade de comercialização venha novamente a desestimular o plantio e trazer uma nova redução de área para o Rio Grande do Sul neste ano. “Os produtores não conseguem vender, as cooperativas e cerealistas que originaram esta produção também não avançam na comercialização. Temos uma safra de milho, e logo após a de soja, que serão colhidas, e é preciso abrir espaço para receber estes grãos. É muito frustrante ver hoje o produtor, depois de dois anos de safras com problemas, conseguir colher e não tem para quem vender”, disse Pires.
A FecoAgro/RS tem pregado a busca por alternativas para a produção de trigo destinado para outros fins e com aceitação em mercados externos. No próximo dia 16, em Passo Fundo, serão apresentados os resultados das áreas demonstrativas do projeto feito com a Embrapa Trigo para viabilizar um trigo voltado para a exportação. “Com a pesquisa e os melhoristas queremos aumentar o potencial produtivo destas lavouras, além de reduzir os custos de produção, fazendo um investimento de forma racional”, afirmou o presidente da entidade.
O documento revela também que os produtores estão recebendo valores abaixo do preço mínimo estipulado pelo governo federal, que é de R$ 38,65 a saca de 60 quilos. Atualmente o mercado tem pago cerca de R$ 29 a saca, o que traz um prejuízo ao produtor. Dados da Conab divulgados hoje apontam que a colheita foi de 2.5 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul, número de acordo com os prognósticos da FecoAgro/RS, com base em informações das áreas técnicas das cooperativas.
Fonte: Agrolink