Entidades do agronegócio divulgarão manifesto em apoio ao aumento da produção e uso do biodiesel

Destacadas entidades das cadeias produtivas de soja e de proteína animal firmaram uma posição favorável à expansão da produção e do uso de biodiesel, em reunião realizada nesta quarta-feira, em Brasília, com deputados da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), do Congresso Nacional. Um manifesto público será divulgado para unificar o discurso em torno do tema.

Com o endosso das organizações do agro e da bancada parlamentar do setor, a FPBio pretende apresentar ao governo federal um planejamento voltado a assegurar previsibilidade para a produção e uma proposta de cronograma para que o País volte a aumentar o percentual da mistura de biodiesel ao diesel derivado de petróleo, hoje em apenas 10%.

Em abril, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que o governo federal estuda autorizar aumento do teor para 14% este ano e para 15% em 2023.

“Produzir e usar mais biodiesel é questão de segurança energética. É preciso reduzir a dependência externa de combustíveis fósseis e a poluição que causam. Daí ser fundamental estabelecer logo este cronograma em colaboração com o governo federal”, disse o presidente da FPBio, deputado federal Pedro Lupion.

Pauta prioritária

Diretores da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) consideram esta pauta prioritária para impulsionar negócios e promover empregos e renda em várias cadeias do agronegócio.

Os representantes do setor agrícola também afirmaram que o biodiesel contribui para a segurança energética do País, em razão do risco de escassez no abastecimento de combustíveis fósseis, bem como para atenuar a emissão de poluentes desses mesmos combustíveis.

O presidente da FPBio ressaltou a importância da união das organizações e dos parlamentares ligados ao agronegócio em torno de pautas comuns, que valorizam o trabalho dos produtores e demais componentes das cadeias produtivas.

Lupion disse ainda que outras entidades, que também se beneficiariam da expansão da produção do biodiesel, serão mobilizadas pela FPBio, que reúne cerca de 200 deputados e senadores.

“Previsibilidade. O Brasil tem que ter previsibilidade. Precisamos ter uma política previsível por no mínimo dez anos”, afirmou o deputado Alceu Moreira. Segundo ele, o Brasil precisa ter uma “pauta nacional, pauta de Estado. E aí sim pelos mais diversos setores, como o biodiesel, é possível estabelecer quais as ferramentas públicas que utilizará para desenvolver cada setor”.

Oportunidades e vantagens

Segundo o presidente da FPBio, a produção de biodiesel envolve desde o plantio até o esmagamento de soja e a produção de óleo e farelo, além de gerar oportunidades de negócios para 55 usinas em 14 estados e para 74.000 famílias de agricultores familiares, por meio do fornecimento de matérias-primas, inclusive de resíduos animais (sebos e gorduras) e óleo já utilizado em outras finalidades.

Além disso, a produção mais volumosa de biodiesel gera aumento da oferta de farelo (resultado do esmagamento de soja, assim como o óleo). O farelo é utilizado na ração animal e a maior oferta abre espaço para baixar o preço da ração e do custo de produção de proteína animal (suínos, peixes, frangos e até ovos), com possíveis reflexos na queda dos preços das carnes para consumo interno e para a exportação.

Tanto é assim que Marcelo Lopes, presidente da ABCS, afirmou na reunião que agregar valor à soja via aumento da produção de óleo de soja, de farelo e de biodiesel favorece diretamente os criadores e os consumidores brasileiros, que podem vir a pagar menos pelas carnes de suínos, peixes e aves, além dos ovos.

A produção de proteína animal, disse Lopes, enfrenta dificuldades em relação ao alto custo, entre os quais, o da ração. Enquanto isso, o país exporta grande quantidade de soja em grãos, em vez de verticalizar uma maior parte da produção, disse.

Agregação de valor

Já Fabrício Rocha, diretor-expcutivo da Aprosoja Brasil, disse reconhecer os diversos benefícios socioeconômicos e ambientais do biodiesel para o país e os brasileiros e afirmou que sua organização é favorável que o governo federal retome a agenda de elevar o teor da mistura de biodiesel ao diesel derivado de petróleo.

Dados da Abiove mostram que a produção de biodiesel tem expressiva contribuição para agregar valor à soja. De 2008 a 2021, o Brasil processou 502 milhões de toneladas de soja. O biodiesel foi responsável por 16% disso, ou seja, 81 milhões de toneladas. “Se não existisse o programa de biodiesel, o Brasil estaria processando 81 milhões de toneladas a menos”, disse André Nassar, presidente-executivo da entidade.

“Com a valorização da utilização do óleo de soja para produzir biodiesel é possível equilibrar toda a cadeia da soja. Agregando mais valor ao óleo, se consegue diminuir também o valor do farelo”, reforçou Júlio César Minelli, diretor superintendente da Aprobio. “Precisamos realçar essa cadeia produtiva e a necessidade de juntos somarmos forças para defendermos essa política que não é só do biodiesel, mas de toda a cadeia na qual ele está inserido”.

Dependência

Ainda durante a reunião, a FPBio demonstrou às organizações do agronegócio estudos que indicam que cada 1% de biodiesel adicionado ao diesel representa uma movimentação extra na economia equivalente a R$ 30 bilhões anuais. Segundo Lupion, é estratégico reduzir a dependência das importações de diesel e substituí-lo gradativamente pelo biodiesel, como vinha sendo feito até 2021.

Isso significa, na prática, trocar milhões de dólares gastos para criar negócios e empregos em outros países com a importação, por investimentos no biodiesel nacional e, assim, internalizar a geração de empregos, renda e tributos.

Também participaram do encontro representantes da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB); Francisco Turra, ex-ministro da Agricultura e Presidente do Conselho de Administração da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio); Donizete Tokarski, diretor superintendente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), entre outros.

 

 

Fonte: Frente Parlamentar Mista do Biodiesel

Equipe SNA

 

 

 

 

 

Biodiesel estimula processamento e agrega valor à soja

 

 

 

 

Para o Deputado Danilo Forte, “o biodiesel é uma questão de soberania nacional” em termos de energia. Não tenho dúvidas de que o melhor caminho para diminuir as desigualdades regionais do Brasil é fortalecer as energias limpas. Precisamos criar alternativas no Brasil. Temos que pautar o Brasil para esse futuro”.

 

Frente Parlamentar Mista do Biodiesel

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