Encontro no Paraná vai debater tecnologias para a sericicultura

Casulo de bicho-da-seda durante produção da seda: Paraná produz em torno de 2,4 mil toneladas de casulos, o que corresponde a 84% da safra nacional, praticamente toda ela destinada ao mercado internacional. Foto: Divulgação

A menos de dois meses do início de um novo ciclo de criação do bicho-da-seda no Paraná, em torno de 1,2 mil sericicultores se reunirão no município de Rondon, Noroeste do Estado, para debater alternativas tecnológicas capazes de contribuir com o incremento da produtividade e aumento da rentabilidade deste negócio.

Também será apresentada análise de especialistas sobre as perspectivas de mercado e preços para a próxima safra. É o 35° Encontro Estadual de Sericicultores, que neste ano será realizado no próximo dia 20 de julho.

No evento, serão divulgados os resultados da última safra nas propriedades que integram o Projeto Redes de Referências em Sericicultura, explica Ruy Seiji Yamaoka, pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).

Para o extensionista Oswaldo da Silva Pádua, da Emater de Nova Esperança, a iniciativa abre um bom espaço para a troca de experiências entre os criadores.

“Temos aqui, na região, 18 agricultores acompanhados pela Emater, Iapar e Bratac, cujas propriedades são consideradas modelo na aplicação de novas tecnologias e na gestão de seus negócios”, ressalta.

A Sericicultura, ou sericultura é a parte da zootecnia,l que trata do estudo e da criação do bicho-da-seda (Bombyx mori L.). 

 

MECANIZAÇÃO

Pádua conta que os produtores considerados como referências para seus vizinhos tiveram o apoio da indústria ou da própria Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) para acessar crédito e investir em equipamentos que tornaram os seus empreendimentos mais eficientes do ponto de vista produtivo e menos exigentes em mão de obra.

Ele explica que o criador adotou a mecanização da colheita da amora (alimentos servido às larvas do bicho-da-seda), automação para elevação ou descida dos bosques (espécie de colmeia onde as lagartas fazem o casulo de seda), a cama suspensa para o fornecimento do alimento para as larvas, sistema de limpeza dos barracões com tratores e o equipamento que colhe e limpa os casulos.

“Para ter uma ideia, de forma manual o produtor gastava entre três e quatro dias para colher e limpar os casulos. Com a mecanização, faz tudo isso em menos de cinco horas”, exemplifica o técnico.

A mecanização e a automação do sistema de produção criaram a possibilidade de aumento dos barracões ou condição para o sericicultor apostar em outras alternativas de exploração do solo.

“Aqui, em razão dessa mudança de realidade, muitas famílias conseguiram diversificar suas fontes de renda no sítio, passando a plantar também o morango e o abacaxi ou até partir para criação de gado de leite”, relata Pádua.

 

ATUALIZAÇÃO

O Encontro Estadual de Sericicultores é importante para os tradicionais criadores atualizarem seus conhecimentos técnicos sobre a atividade e também para orientar aquelas famílias que têm a intenção de levar para as suas propriedades esse negócio.

“Participando desses debates, os futuros sericicultores podem começar a nova criação já empregando essas tecnologias de mecanização e automação e dar ao seu empreendimento muito mais segurança financeira”, avalia o técnico da Emater.

 

CENÁRIO FAVORÁVEL

A Emater trabalha com a perspectiva de aumento do número de famílias dedicadas à sericicultura. Segundo Pádua, existe um cenário bastante favorável para isso: “Primeiro, levamos em conta que temos a indústria com 40% de ociosidade. Existe, ainda, um mercado aquecido e os preços estão atraentes para os criadores”.

Para completar, continua o especialista, “nossa seda ganha em qualidade na competição com o produto de outros países, como a China, conquistando nichos de mercado mais exigentes e dispostos a pagar mais por essa qualidade”.

 

PRODUÇÃO PARANAENSE

Por ano, o Paraná produz em torno de 2,4 mil toneladas de casulos, o que corresponde a 84% da safra nacional, praticamente toda ela destinada ao mercado internacional. A atividade está presente em 165 municípios e desenvolvida por 1.860 criadores que faturam anualmente R$ 40,2 milhões com a venda da produção.

Trata-se de uma alternativa de diversificação produtiva, que permite a entrada mensal de renda, durante nove meses do ano. Nova Esperança, município onde trabalha o técnico Oswaldo da Silva Pádua, é o maior produtor paranaense de casulos verdes, com 240 criadores e uma produção anual de 328 mil quilos.

 

REDES

Conduzido pelo Iapar e a Emater-PR, o Projeto Redes de Referências para a Agricultura Familiar faz o acompanhamento e análise permanente de propriedades representativas de determinados sistemas de produção.

O objetivo é identificar os parâmetros técnicos e econômicos bem-sucedidos nessas unidades para estimular, por meio de visitas e outros eventos técnicos, sua adoção por agricultores assemelhados. Clique aqui para saber mais.

 

O EVENTO

O 35° Encontro Estadual de Sericicultores é uma realização da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento (Seab) e suas vinculadas Iapar e Emater-PR, em parceria com a indústria de fiação Bratac e a Prefeitura de Rondon.

 

Fonte: Iapar com edição de A Lavoura

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