A Gavilon do Brasil prevê rapidamente dobrar o volume anual de grãos negociados a partir do país, para cerca de dez milhões de toneladas, mantendo uma estrutura “asset light”, o que significa operar sem terminais portuários ou plantas de processamento no país.
Dentro dessa meta, a companhia, que pertence ao grupo da japonesa Marubeni, pretende se tornar a maior exportadora de soja “independente” do Brasil para a China em três anos. A informação foi divulgada pelo gerente-geral da empresa no país, Fabrício Mazaia, em entrevista à Reuters.
Para o ano fiscal de 2018, a Gavilon espera comercializar sete milhões de toneladas de grãos, contra 5.4 milhões de toneladas no exercício de 2017.
Numa estimativa “conservadora”, os volumes de produtos negociados pela empresa poderiam subir para dez milhões de toneladas, em três anos, segundo Mazaia. “Dentro do nosso modelo ‘asset light’, acredito que este é o limite para o qual podemos crescer”, disse o gerente.
A estratégia da Gavilon no Brasil difere do modelo utilizado pelos grandes comerciantes de commodities, como Archer Daniels Midlands (ADM) e Bunge, que possuem unidades de processamento de grãos e ativos de logística.
No Brasil há quatro anos, a empresa ocupa agora o oitavo lugar entre os maiores exportadores de soja, de acordo com dados da agência marítima Cargonave. A receita líquida subiu 60%, para cerca de R$ 4.9 bilhões no ano fiscal de 2017.
Apesar do sucesso inicial, a Gavilon enfrenta ventos desfavoráveis, já que as margens tendem a permanecer apertadas devido à competição acirrada no fornecimento de grãos no Brasil, onde as futuras vendas de grãos ficaram travadas devido à incerteza sobre os custos com fretes.
Na opinião de Mazaia, as novas regras definidas pelo governo como uma das medidas para acabar com uma greve dos caminhoneiros em maio prejudicaram as vendas futuras de grãos e fizeram com que a Gavilon aumentasse as provisões relacionadas ao transporte contra custos mais altos de frete.
“Como resultado dessas incertezas, mais grãos serão comercializados no mercado spot, o que pode ser prejudicial para as margens e o planejamento de longo prazo para todos os operadores de grãos”, disse o executivo.
Ao se referir ao estado de negociações da soja depois que as regras de frete mudaram, Mazaia afirmou que “o diferencial de compra e venda aumentou de centavos para até R$ 5,00 por saca”.
Segundo o gerente, “embora a compra de ativos de infraestrutura não seja uma prioridade sob o modelo da Gavilon, os terminais portuários e os centros de transbordo poderiam ser adicionados no futuro”. Mazaia disse ainda que a empresa faz negócios com operações que já possuem infraestrutura.
Fonte: Reuters