Empreender no campo

Por Marcelo Sá
Equipe SNA

Empreender no Brasil sempre foi um desafio enorme, pela forte concorrência em praticamente todos os setores, carga tributária, burocracia para abrir uma empresa, ou então pelo custo elevado da mão de obra qualificada e aquisição de insumos. No meio rural, esses obstáculos se agigantam, pois, ao mesmo tempo em que a demanda e as oportunidades não param de crescer, há armadilhas que costumam afetar especialmente os pequenos produtores, muitas vezes os de agricultura familiar e os que querem viver e produzir no campo.

Nesse sentido, em referência ao empreendedorismo rural, uma lavoura pode necessitar de mais tempo, além do normal, para amadurecer. Os custos de compra das mudas, fertilizantes e defensivos terão que ser absorvidos pelo produtor com um capital inicial muitas vezes emprestado por bancos, ou oriundo da venda de outros bens. A mão de obra também representa um investimento maciço, pois não é fácil nem barato encontrar trabalhadores com a devida capacitação. São necessários, também, o acompanhamento de agrônomo e, sendo o caso de pecuária, veterinário, ambos profissionais de confiança que orientam o produtor a otimizar seus resultados e enfrentar pragas e doenças da plantação ou do rebanho.

O cálculo dos gastos em cada fator da produção ajuda a maximizar o lucro e ter uma gestão mais eficiente. Saber com precisão o quanto investirá proporcionalmente ao ganho faz com que se saiba quando e como intervir no cultivo. Os gargalos de armazenagem e escoamento, presentes no cenário panorâmico do País, começam na propriedade, podendo majorar seus custos ou acarretar desperdício. Essa visão é determinante para que o produtor possa estimar as despesas corretamente. Entidades como  Sebrae, Embrapa e SNA – Sociedade Nacional de Agricultura – dispõem de cursos de capacitação para quem quer se familiarizar ou se aprofundar nessas importantes etapas, além de atuarem localmente em contato com as populações.

Com efeito, um bom respaldo jurídico se faz necessário. Gerações de produtores e trabalhadores rurais, atuaram na informalidade, algo que vem sendo mitigado desde a criação, em 2018, da modalidade MEI (microempreendedor), que possibilitou aos profissionais um caráter oficial para melhor cumprir deveres e exercer direitos, emitindo notas fiscais eletrônicas e regularizando seus negócios. Isso também contribui para a queda da inadimplência, pois muitos produtores ainda sofrem com o calote de intermediários.

Como se vê, nunca é demais agregar tecnologia e conhecimento. O agronegócio assimilou muito bem as ferramentas digitais, possibilitando avanços incríveis e em larga escala. Num País de dimensões continentais, que conheceu o apogeu e declínio de vários ciclos agrícolas, as novas plataformas não são privilégio de poucos; pelo contrário, estão disponíveis para todos, muitas vezes através das cooperativas rurais, que chegam a reunir milhares de pessoas, fazendo com que os produtores se ajudem mutuamente, compartilhando investimentos e expertise de uma forma que seria bem mais difícil se estivessem sozinhos.

Há também o  clima, determinante em qualquer cultivo, que pode trazer revezes, na forma de secas, geadas e chuvas excessivas. Mas a própria tecnologia pode ajudar na previsão do tempo mais apurada, dando informações valiosas ao produtor que deseja se antecipar em temporadas especialmente difíceis ou, ao contrário, se beneficiar de épocas mais favoráveis.

Finalmente, a agricultura de nicho pode ser atraente para quem deseja atender segmentos específicos, como o de produtos orgânicos https://ciorganicos.com.br/organicos/ que fazem bastante sucesso e possuem demanda crescente. É boa opção para quem deseja produzir em quantidades moderadas, muitas vezes se valendo de tradicionais cultivos familiares que eram informais, criando marcas de prestígio e origem selecionada, através de entidades certificadoras.

Os desafios continuam surgindo, mas o Brasil os enfrenta com novas gerações de empreendedores que, mantendo viva a sabedoria de seus antepassados, assimila novas ferramentas e métodos, muitas vezes criados aqui mesmo, com ajuda dos institutos de fomento e pesquisa, para manter o País competitivo e relevante no cenário do agronegócio, abrindo as portas para quem, com trabalho, perseverança e zelo se junte a esse setor tão robusto e definidor da identidade nacional.

 

 

 

 

 

 

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