Embrapa testa opções para aprimorar a agricultura familiar no Pantanal

Variedades da Embrapa com boas características agronômicas e cultivares biofortificadas, que chegam a ter o dobro dos nutrientes encontrados nas tradicionais, foram trazidas à região pantaneira pela unidade da instituição de pesquisa localizada em Corumbá (MS).

De acordo com José Aníbal Comastri Filho, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pantanal, os pesquisadores testam a adaptação dessas plantas para formular recomendações de plantio eficientes aos produtores locais.

“Nosso objetivo é implantar aqui um sistema agroflorestal. Portanto, estamos selecionando aquelas plantas que mais se adaptam a esse sistema na nossa região”, afirma.

Na área experimental mantida pela unidade nos assentamentos rurais, o sistema foi montado com mudas de mogno, moringa, feijão e mandioca.

“Elas foram plantadas em espaçamentos largos, para que cresçam sem atrapalhar umas às outras. O mogno vai ficar bem mais alto (ou seja, a raiz também vai ser mais profunda). Aqui, nós temos um sistema agroflorestal com o feijão representando o sistema herbáceo. A moringa será o arbusto, da forma como está sendo produzida, e o mogno é o componente florestal. Estamos explorando três extratos diferentes do solo”, diz Frederico Lisita, pesquisador da instituição.

“Vamos ver como essas plantas se comportam, quais são as principais doenças, a velocidade de crescimento, a produção e a qualidade das raízes para, depois, divulgar essas informações”.

O sistema agroflorestal é uma das alternativas estudadas atualmente para aprimorar os processos produtivos dos agricultores familiares pantaneiros.

“A equipe da nossa unidade que atua na área trabalha com afinco nesta opção”, afirma Comastri. Saiba mais sobre as espécies, métodos de plantio e outras alternativas que podem beneficiar os produtores rurais:

Moringa

Uma das plantas utilizadas no sistema agroflorestal testado pela Embrapa Pantanal é a moringa, cujas propriedades impressionam pesquisadores, produtores e nutricionistas.

“As folhas novas dessa planta chegam a ter 30% de uma proteína com alto valor biológico”, afirma Frederico. Ele conta que a moringa também é rica em ferro e cálcio, sendo recomendada para mulheres em lactação e pessoas com deficiência de proteínas e minerais.

Além de ser ótima para o consumo humano, a planta também pode ser usada na alimentação animal para fornecer proteína de excelente qualidade e minerais, de acordo com o pesquisador.

No Pantanal, os estudos investigam seu uso (associado ao da mandioca) na alimentação de galinhas. “O objetivo é utilizar o maior teor de folhas e de talos finos possível”, diz o pesquisador.

“A gente fez uma poda drástica, deixando a árvore com 1,5m de comprimento em média, para que ela só brote dessa altura para baixo”.

Para alimentar as aves com a moringa, Frederico afirma que é preciso triturar o material e deixá-lo secar ao sol para incluí-lo na ração. Porém, a planta também pode ser fornecida in natura e à vontade para as aves.

Consórcios

Além do trabalho com o sistema agroflorestal, a unidade estuda o consórcio de plantas em geral na região. Segundo Frederico, o plantio associado pode otimizar o uso da terra, disponibilizando maiores quantidades de matéria orgânica, água e nutrientes.

“Por exemplo: o feijão, que é uma leguminosa, promove a fixação biológica de nitrogênio no solo. Se plantado junto com o milho, ele vai trabalhar ajudando na fertilização. Em muitos consórcios, você tem um polinizador que é semelhante, um inimigo natural de alguma praga que pode se esconder em determinada planta… ou seja, é um sistema de simbiose”, afirma.

“É importante planejar para escolher as variedades colocadas no solo, de forma que elas possam se beneficiar da presença de ambas na mesma área”.

Fossa séptica biodigestora

Outra alternativa implantada na área experimental é o uso de um sistema de biodigestão anaeróbio que trata o esgoto sanitário da propriedade e ainda produz um efluente que pode ser usado como fertilizante nas plantações.

A Fossa Séptica Biodigestora é composta por três caixas d’água de mil litros cada, aproximadamente (a quantidade ou a capacidade podem aumentar dependendo da quantidade de moradores no local). Essas caixas são ligadas à saída de esgoto do vaso sanitário da casa, conectadas entre si e vedadas com borracha.

A ausência de ar no sistema permite que microrganismos utilizem a matéria orgânica para obter energia, filtrando o material e produzindo, ao fim do processo, o efluente que pode ser usado como biofertilizante.

 

 

 

Fonte: Embrapa

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp