A Embrapa Agroenergia, localizada no Distrito Federal, anunciou o desenvolvimento de um microrganismo geneticamente modificado que produz um insumo que pode ser usado para as indústrias de biocombustíveis, alimentos, bebidas, papel e tecido.
Elaborado em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande (Furg), o microorganismo produz a betaglicosidases, que atua na última etapa da degradação da celulose de plantas como algodão, cana e eucalipto.
Até 2020, o mercado de enzimas deve chegar a US$ 5.4 bilhões. Entre os maiores demandantes, estão os fabricantes de detergentes, ração animal e alimentos.
Os pesquisadores puderam fazer com que as enzimas sejam produzidas pela cianobactéria, outro tipo de microrganismo. A vantagem é que estas enzimas não precisam mais alimentadas por açúcar, como ocorre atualmente com fungos e bactérias. Necessitam, por tanto, apenas de oxigênio e luz para crescer.
Para o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Bruno Brasil, por não precisarem de açúcares ou outras fontes de carbono orgânico, as biofábricas de enzimas baseadas em cianobactérias possuem vantagens potenciais quanto ao custo de produção e a capacidade de escalonamento.
A tecnologia também pode garantir mais sustentabilidade porque os organismos capturam CO2 da atmosfera e de processos produtivos associados. “Poderiam consumir o CO2 que sai das dornas de fermentação de usinas de açúcar e álcool”, disse Brasil. Por não terem açúcar, os meios de cultivo das cianobactérias são menos suscetíveis a contaminações que podem diminuir os rendimentos.
A engenharia genética se tornou possível porque não havia na natureza uma quantidade significativa dessas enzimas, segundo os pesquisadores.
Para aumentar a produção de betaglicosidases pela cianobactéria selecionada, o grupo utilizou um gene encontrado na comunidade bacteriana do solo da floresta amazônica. Por meio do novo gene, os cientistas conseguiram multiplicar em até oito vezes o volume de betaglicosidases produzido pela cianobactéria. O objetivo atual dos pesquisadores é aumentar a produtividade das enzimas.
“Podemos fazer com que esse microrganismo produza uma molécula ‘engenheirada’ do ponto de vista molecular para que ela seja um produto melhor”, disse o professor Luis Fernando Marins, da Furg.
Fonte: Agrolink