Sorgo biomassa pode ser alternativa de energia renovável em Mato Grosso

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Embora tenha poder calorífico menor do que o da lenha de eucalipto, o sorgo é colhido em menos tempo e tem produtividade superior

 

 

A Embrapa desenvolve, desde o fim do ano passado, experimentos em Mato Grosso com materiais de sorgo biomassa, um tipo de sorgo com maior potencial de crescimento. A proposta é avaliar a viabilidade do uso na biocombustão das plantas para a geração de termoenergia em caldeiras, principalmente visando a secagem de grãos.

Os materiais testados no estado já foram previamente avaliados pela Embrapa Milho e Sorgo em Sete Lagoas (MG) em trabalho coordenado pelo pesquisador Rafael Parrella.

O sorgo biomassa é uma fonte renovável de energia e pode ser uma alternativa ao uso da lenha de eucalipto. Com ciclo anual, possibilita maior flexibilidade no uso da terra. Outras vantagens são o plantio feito por sementes e a possibilidade do uso do grão para produção de ração animal.

De acordo com o pesquisador Flávio Tardin, responsável pelas análises da cultura em Mato Grosso, o sorgo biomassa é abundante em matéria seca, característica responsável pelo fornecimento de energia. A planta possui muitas folhas, caule fibroso e chega a mais de cinco metros de altura.

“A capacidade do sorgo de fornecer energia, que é medida pelo poder calorífico superior, chega a 4.000 kcal/kg de matéria seca, valor considerado alto para os estudos energéticos”, explica Tardin.

O poder calorífico é menor do que o da lenha de reflorestamento, que chega a atingir 4.500 kcal/kg. No entanto, o eucalipto cultivado para uso da biomassa demora de três a quatro anos para ser cortado, enquanto o sorgo é colhido no período de cinco a oito meses após o plantio, dependendo da região. Além disso, a produtividade do sorgo pode ser superior à do eucalipto. Pesquisas realizadas na Embrapa Milho e Sorgo demonstram a produção de até 60 toneladas de matéria seca por hectare. Em Mato Grosso, devido às condições edafoclimáticas, a expectativa é de se chegar a 50 toneladas por hectare de matéria seca. O eucalipto, por sua vez, produz em torno de 20 toneladas por hectare/ano em plantios voltados para este fim no estado.

A colheita dos experimentos com os 12 materiais testados no campo experimental da Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop, será feita no fim de abril. Serão avaliadas características como produção de matéria verde e de matéria seca, população de plantas por hectare e a tolerância das cultivares a pragas e doenças.

De acordo com Flávio Tardin, já existem empresas da região interessadas em trabalhar com o sorgo biomassa. Para que seja possível oferecer comercialmente uma cultivar, a Embrapa fez pedido de registro de uma cultivar em dezembro do ano passado. O lançamento comercial está previsto para 2015.

Versatilidade

Além da geração de energia, o sorgo biomassa também pode ser uma alternativa para substituir o milho na produção de ração. Com valor nutricional atingindo 95% do valor proporcionado pelo milho, a saca do grão de sorgo chega a ser de 15% a 25% mais barata.

“Pela ração à base de sorgo ser mais rentável, as produções de carne, de ovo e de leite se tornam mais baratas”, explica Tardin.

Capim elefante é outra opção testada

As pesquisas desenvolvidas pela Embrapa em Mato Grosso em busca de fontes renováveis de energia não se restringem ao sorgo biomassa. Desde o início de 2012, a empresa desenvolve, em parceria com a Fiagril, estudos com o capim elefante para fins energéticos. O objetivo do projeto é testar a gramínea como uma alternativa de queima em caldeiras, complementando o uso da lenha.

O capim elefante é uma planta perene, com grande capacidade de produção de matéria seca e com intervalo de corte a cada seis meses.

Segundo a pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril responsável pelas pesquisas, Vanessa Quitete, estão sendo testadas dez cultivares de capim elefante. O propósito é avaliar a adaptação destes materiais às condições climáticas do estado e a capacidade de produzir biomassa de qualidade. Além disso, as avaliações pretendem responder qual o nível adequado de adubação nitrogenada a ser usada.

“Se o capim elefante continua a receber nitrogênio, a sua produção de biomassa não estabiliza. Mas adubar desenfreadamente não é viável economicamente e ecologicamente. Por isso é necessário estipular quanto de matéria seca se deseja”, explica Quitete.

Como as pesquisas foram iniciadas em 2012, a previsão é de que os primeiros resultados sejam obtidos a partir do fim deste ano.

Fonte: Embrapa Agrossilvipastoril

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