A Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), Unidade da Embrapa – Empresa de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –, escolheu o Congresso Brasileiro de Fruticultura, que este ano acontece em São Luís (MA), de 17 a 21 de outubro, para o lançamento de duas cultivares de abacaxizeiros ornamentais. Durante o encontro, também será divulgada a nova cultivar de bananeira, a BRS Pacoua, cujo lançamento oficial vai acontecer em novembro, no Pará.
As duas cultivares de abacaxizeiros ornamentais foram desenvolvidas a partir de outras conservadas no banco de germoplasma de abacaxi da Embrapa Mandioca e Fruticultura, que tem mais de 600 acessos e uma enorme riqueza e variabilidade genética da espécie.
“Dentre as variedades silvestres, que não são comestíveis, muitas possuem frutos pequenos, hastes retorcidas e cores variadas, características interessantes que podem ser melhor exploradas como ornamentais. A partir de um criterioso trabalho realizado com essa coleção, foi possível identificar e melhorar materiais com potencial para usos diversos no segmento de flores. O melhoramento genético e a construção dos produtos pretendidos foram ações paralelas”, explica a pesquisadora Fernanda Vidigal.
NOVO NICHO DE MERCADO
As cultivares abrem um novo nicho de mercado para agricultores familiares e para produtores de maior porte, incluindo exportadores. Comercializado na Europa há mais de uma década, o abacaxi ornamental tem mercado inexpressivo no Brasil.
As novas cultivares permitiram a geração de produtos diversificados, como plantas para vasos, flor de corte (haste com a infrutescência), plantas para paisagismo (jardins e parques) e folhagens de corte.
Para serem usados como flores de corte, os abacaxis precisam ter hastes longas, frutos pequenos e uma relação coroa/fruto bem equilibrada. Para o mercado externo, essas hastes devem ter no mínimo 40 centímetros e não apresentar ondulações.
“Em testes realizados com consumidores e floristas brasileiros, observou-se que nossos floristas apreciam hastes sinuosas, que conferem mais movimentos aos arranjos florais”, afirma Fernanda.
Para a comercialização em vaso, relata a pesquisadora, as plantas devem ser compactas, com folhas e hastes curtas e frutos pequenos: “Já o uso no paisagismo é livre, mas algumas plantas de porte grande se prestam bem para grandes espaços. As folhas são excelentes na composição de arranjos e chegam a durar mais de 30 dias em esponjas florais”.
Para validar o trabalho, a pesquisadora firmou parcerias com colaboradores que conhecem bem o mercado e o produto, a exemplo da ABX Tropical Flowers for Export (RN), que já exporta abacaxis ornamentais, e da TopPlant/BioClone (CE), que vem trabalhando em sistema para vasos, contando com o apoio da Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE).
“O mercado externo é grande consumidor de flores de corte, e o abacaxi ornamental tem uma posição já consolidada, pois, mesmo com as crises, a quantidade consumida não sofreu grandes alterações. Novas espécies são muito bem aceitas pelos europeus, e o mercado de flores é movimentado exatamente pelo lançamento frequente de novidades, como, por exemplo, novas variedades de rosas, cravos etc. Estava faltando o lançamento, através de pesquisa séria, de novidades também na área de abacaxis ornamentais”, diz o diretor da ABX Tropical Flowers for Export, Antonio Carlos Prado.
BANANEIRA BRS PACOUA
A BRS Pacoua é um híbrido de bananeira, produto do cruzamento realizado pela Embrapa Mandioca e Fruticultura nos anos 90. A partir daí, foi implantada uma rede de ensaios nacionais de genótipos promissores, incluindo o Estado do Pará, para onde a cultivar é recomendada – os experimentos no Norte do país foram conduzidos em parceria com equipe da Embrapa Amazônia Oriental (PA). Mostrou vantagens comparativas em relação às cultivares rotineiramente utilizadas pelos produtores paraenses, principalmente nas questões associadas com resistência a doenças.
“A BRS Pacoua tem como parental feminino a cultivar Pacovan. E a grande diferença entre as duas variedades diz respeito à resistência a doenças. Há três doenças principais que acometem a bananicultura nacional: Sigatoka-amarela, Sigatoka-negra e mal-do-Panamá. A BRS Pacoua é resistente à Sigatoka-amarela, ao mal-do-Panamá e medianamente resistente à Sigatoka-negra. Enquanto a Pacovan é suscetível às duas sigatokas e apresenta certo nível de suscetibilidade também ao mal-do-Panamá”, explica o pesquisador Edson Perito Amorim, líder do Programa de Melhoramento Genético da Bananeira da Embrapa.
APOSTA
O produtor Raphael Siqueira, de Santo Antonio do Tauá (a 70 quilômetros de Belém), que plantou a nova variedade em caráter experimental, aposta na BRS Pacoua para incrementar a produção da sua região.
“Aqui existe muito pouca produção de banana. Toda banana consumida em Belém vem maciçamente do Nordeste, pagando um frete de cerca de R$ 5 mil por carrada. E isso aumenta o preço. Tivemos conhecimento dessa variedade produzida pela Embrapa, fizemos o plantio experimental e realmente é satisfatória. Ela tem ainda uma produtividade muito boa. Tem pencas com 25 até 30 bananas em alguns casos. E os cachos chegam a pesar entre 30 quilos e 40 quilos. Uma produtividade excepcional”, conta o agricultor.
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura