Embrapa: a boa produção de alimentos depende da natureza

A preservação do meio ambiente é um dos pilares do agronegócio. Além de ser mais rentável ao produtor, os países compradores exigem essa medida mais ecológica. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), até 2018 os agricultores e pecuaristas destinavam à preservação da vegetação nativa o equivalente a mais de um quarto do território nacional.

“Agricultura e a conservação do meio ambiente andam juntos. A boa produção de alimentos depende desses serviços que a natureza nos oferece, como um bom regime de chuvas, controle biológico, fertilidade do solo e controle de pragas. Tudo isso é que faz a produção agrícola acontecer. O bom agro não é predador, ele é parceiro da natureza”, disse o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi.

Como exemplo, ele citou o sistema de Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF). “É uma excelente alternativa para uma produção mais sustentável e até rentável. Com esse tipo de atividade, nós poupamos a terra, ou seja, tiramos mais dela, dando produtividade e diversificando o que se produz, reduzindo assim o risco econômico para produtor”.

Para Morandi, o sistema ILPF também é um bom incentivador da mão de obra no campo. “Comparado com a pecuária tradicional, que ocupa duas ou três pessoas por hectare, em um sistema integrado, pode ter mais de 20 pessoas ao longo do ano trabalhando nesse hectare”.

Apesar do custo da implantação, a rentabilidade do sistema, segundo o chefe-geral da Embrapa, é garantida. “Os benefícios são imensos, principalmente quando falamos do mercado de carbono e abertura de mercados com essas boas práticas.”

Desmatamento ilegal

Por outro lado, quando se fala em proteção do meio ambiente, o agronegócio brasileiro ainda é vítima da associação com casos de desmatamento ilegal, problema que continua a prejudicar toda a cadeia do agro, apesar das constatações de especialistas de que o setor é o que mais preserva as áreas de vegetação no País.

Segundo Morandi, o Brasil tem ao seu favor o Código Florestal, mas é preciso avançar nessa implementação.

“Temos de avançar rapidamente nos quase cinco milhões de Cadastros Ambientais Rurais (CAR), que já estão disponíveis, e implementar o Programa de Regularização Ambiental (PRA). O desmatamento ilegal joga contra o Brasil, contra o agronegócio e contra o meio ambiente”.

Para o chefe-geral da Embrapa, o problema é interno e precisa ser combatido com vigor. “Afinal, toda a competência do agronegócio está sendo colocada à prova por causa desse ponto, então é preciso virar essa página do desmatamento ilegal e avançar naquilo que de fato vai nos trazer vantagens competitivas no mercado nacional e internacional”.

Potência

Segundo Morandi, o Brasil pode ser uma grande potência agroambiental no mundo, gerando produtos de qualidade, quantidade e diversidade, com um selo ambiental de desmatamento zero.

“Além do desmatamento ilegal, devemos avançar para como podemos ir além disso e transformar esse grande patrimônio natural que temos em produto que o mercado internacional quer comprar. Um produto ambiental”, finalizou.

 

Fonte: Canal Rural

Equipe SNA

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