Embarques de mamão caem e receita fica 12% menor

A pandemia do novo Coronavírus não teve um efeito necessariamente negativo sobre as exportações da fruticultura brasileira. No entanto, quando olhados mais de perto, os números mostram tombos expressivos nos embarques de frutas como abacate, mamão e morango, que, se não chegam a ser protagonistas no comércio externo, contribuem para os resultados globais em anos de fartura.

A queda nas vendas dessas três culturas ficou entre as mais acentuadas neste ano. Entre janeiro e novembro, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) os embarques de abacate, por exemplo, somaram 7.400 toneladas, volume 27% menor que o do mesmo intervalo de 2019. Em receita, a queda foi de 33%, para US$ 13 milhões.

Na mesma base de comparação, as vendas de mamão ao exterior, que totalizaram 39.200 toneladas, geraram US$ 37.2 milhões, ou 12% a menos que no acumulado de janeiro a novembro de 2019. Já no caso do morango, o declínio foi de 58% em volume, para 84,5 toneladas, e de 53% na receita das vendas, que passou a US$ 218.000,00.

No caso do abacate, o recuo nos embarques ocorreu, em parte, devido ao aumento do consumo no mercado interno, que cresceu entre 30% e 35% desde o início do ano, de acordo com Jonas Octávio, gerente comercial da L.A. Ferretti Frutas, uma grande produtora de abacate no Brasil. Além disso, a seca também afetou a cultura do abacate, que é perene, o que reduziu a disponibilidade do produto. São Paulo, Minas Gerais e Paraná concentram as principais regiões produtoras da fruta no país.

Os reflexos desses fatores sobre os embarques podem ter sido pontuais. No entanto, ao limitar os envios de abacate para os compradores no exterior, as medidas de restrição durante a pandemia deixaram ainda mais evidentes as dificuldades com o uso do modal aéreo.

 

“Estamos investindo para começar a fazer embarques marítimos, mas o grosso ainda viaja em aviões comerciais”, disse Octávio. Se o envio do quilo da fruta (que inclui o peso da embalagem) custa US$ 1,25 pelos aviões, no modal marítimo esse valor despenca para US$ 0,25.

“Com o fechamento do acesso aéreo no início da pandemia, após as medidas de isolamento social, a L.A. Ferretti Frutas passou a realizar os pedidos com uma semana de antecedência em vez de 15 dias”, explicou o gerente comercial.

Manga e limão, vendidos principalmente para a União Europeia, seguem na liderança das exportações brasileiras de frutas. Entre janeiro e novembro, os embarques totais do segmento no país somaram 903.800 toneladas, 6% a mais que nos primeiros 11 meses de 2019.

De janeiro a outubro, o aumento tinha sido de 2,80% na comparação com os primeiros dez meses de 2019. A receita consolidada dessas vendas, por sua vez, cresceu 3% no acumulado de janeiro a novembro, para US$ 769.1 milhões.

Nos dados relativos apenas a novembro, os embarques de todas as frutas atingiram 138.200 toneladas, o que representou um crescimento de 16% em relação ao mesmo mês de 2019. A receita aumentou 23% no mesmo comparativo, para US$ 133.4 milhões.

Para Paulo Dantas, diretor-geral da Agrodan, grande produtora de manga do Vale São Francisco, na divisa entre Bahia e Pernambuco, a valorização do dólar no exterior foi o que “salvou a lavoura”.

“O pico das nossas exportações acontece entre outubro e dezembro. O restante é diluído ao longo do ano”, disse. A maior parte da manga brasileira que viaja ao exterior é destinada ao consumo in natura. Outra fatia vai para o processamento e abastecimento de supermercados.

Do volume total de manga que a Agrodan produz, 80% é destinada para exportações e apenas 10% da produção fica no mercado interno. Dantas estima um aumento de 20% nas exportações de manga neste ano devido à baixa na oferta de países como Costa do Marfim, Senegal e Mali.

 

Valor

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