Em junho, o arroz mantém ritmo da alta de maio

Mais lenta do que se esperava e com algumas oscilações para baixo e para cima, as cotações do arroz em casca no Rio Grande do Sul se mantém trôpegas nestes primeiros 12 dias de junho, mas com indicativo de que deve chegar ao final do mês com valorização próxima ou até superior ao registrado em maio (1,9%). Nesta segunda-feira, 12 de junho, o indicador de preços de arroz em casca (58×10), a vista, posto na indústria gaúcha, registrou variação positiva de 0,97%, para R$ 39,66. Com isso, em junho o indicador acumula 0,79% de elevação e pelo câmbio desta segunda-feira (US$ 1 = R$ 3,313) equivalia a US$ 11,97, mesmo valor da última sexta-­feira, nove de junho.

Ainda que a evolução dos preços no mercado físico gaúcho se mantenha devagar e com oscilações que vão de R$ 39,04 a R$ 39,70 em 24h, a expectativa de recuperação gradual está mantida. A apreciação do dólar sobre o real que ganhou força na segunda quinzena de maio e se mantém em junho, com a economia contaminada pela crise política, vem abrindo portas para o aumento das exportações. Apesar de ainda não serem suficientes para neutralizar as importações do MERCOSUL, especialmente do Paraguai, todo o escoamento para o mercado externo ajuda a enxugar a oferta na zona doméstica e buscar um pouco mais de equilíbrio nos preços.

Na última semana indústrias de médio e pequeno porte se mostraram mais ativas, bem como alguns produtores aproveitaram para realizar algumas negociações, seja por vencimento de contratos com fornecedores, seja pela necessidade de implementar, assim que o clima der uma trégua, o preparo antecipado do solo ou mesmo a aquisição de gado magro para áreas de pastagens no caso daqueles proprietários que atuam com integração lavoura/pecuária.

Em geral os preços no mercado livre se mantêm com duas referências. A variedade IRGA 424 e sua versão RI continuam cotadas entre R$ 38,50 a R$ 39,00 à vista na maioria das praças. Na Fronteira Oeste há oferta em R$ 40,00 para pagamento em 60 dias para a variedade desde que tenha mais de 60% de inteiros. Na Zona Sul, a referência é 39,00, à vista, colocado na indústria e na Depressão Central, R$ 38,50. Já as variedades nobres (BR IRGA 409, IRGA 417, Puitá Inta CL, Guri Inta CL e BRS Pampa) alcançam cotações de até R$ 44,00 dependendo da região e do volume de grãos inteiros. Nota-­se que a necessidade de elevar o padrão do cereal nos sacos que vão para as gôndolas faz com que a indústria busque de forma mais ávida, e remunere melhor, o grão superior, com menor volume de defeitos.

Em Santa Catarina, os preços médios vêm seguindo a tendência do mercado gaúcho, e estão retomando a referência de R$ 40,00 que já era corrente no final de fevereiro. No Mato Grosso, uma demanda restrita e uma oferta ainda levemente maior estabeleceu padrão referencial de preços abaixo dos R$ 40,00 para a saca de 60 quilos com 55% a 57% de inteiros. É baixa a demanda pelas indústrias, que estão abastecidas pelos seus parceiros, boa parte deles financiados diretamente.

No mercado paulista os preços médios do arroz branco praticados pela indústria se mantiveram firmes, na faixa de R$ 62,00 a R$ 63,00 por fardo de 30 kg do tipo 1. Ao consumidor, o saco com 5 quilos do arroz branco, tipo 1, dependendo da marca, da rede e das características, varia entre R$ 11,29 e R$ 18,59. O parboilizado acompanha.

Safra

Na semana que passou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou o nono levantamento da safra de verão 2016/17. Ele registra redução de 1,6% na área plantada em relação à safra passada, influenciado principalmente pela redução das áreas de plantio em sequeiro. Em contrapartida, observa­-se o aumento do plantio em áreas irrigadas, o que ajuda a explicar a estimativa de aumento de produtividade em 16,3%. A produção deve chegar a 12.129.900 toneladas, aumento de 14,4% em relação à safra passada.

Segundo a Conab, está se confirmando a tendência de redução da área plantada em sequeiro em quase todos os estados produtores. Por competir com a área de soja e milho primeira safra, uma vez que são cultivadas no mesmo período, na maior parte das vezes essa cultura perde lugar para esses cultivos devido a sua menor rentabilidade. Maranhão e Mato Grosso, estados com as maiores áreas plantadas de sequeiro, são exemplos dessa retração. A área plantada de arroz sofreu modificação ao longo dos levantamentos, principalmente pela incerteza do produtor em cultivar milho ou soja nas áreas de arroz de sequeiro. Já as áreas cultivadas sob irrigação, a tendência é de manutenção e/ou incremento do seu cultivo. A estimativa é de cultivo de 1.98 milhão de hectares com arroz.

O aumento da área de plantio de arroz irrigado e queda no plantio de sequeiro são responsáveis pelo aumento da média de produtividade de arroz nessa safra, uma vez que o manejo irrigado alcança produtividade muito superior ao de sequeiro. Além disso, as boas condições climáticas em todo o desenvolvimento da cultura influenciaram o aumento das estimativas de produtividade do arroz. Atualmente a previsão é que a média brasileira se situe em 6.141 kg/ha a maior da série histórica e 13,3% superior à melhor produtividade já alcançada, ocorrida na safra 2014/15, de 5.422 kg/ha.

Preços Mundiais

Os preços mundiais registraram alta que varia de 9% a 10% na Tailândia, e entre 2% no Vietnã e 4% nos Estados Unidos. A FAO registra para o arroz aromático, em um ano, alta acumulada de 31%, enquanto o Indica de baixa qualidade evoluiu 2%. O Indica de alta qualidade teve uma retração de 4,4% se comparado o período de janeiro a maio de 2017 com janeiro a maio de 2016. E em compensação, o Japônico retraiu 9%. O indicador de preços da FAO, em compensação, alcançou o seu melhor patamar, com 202 pontos, desde outubro de 2016. Foi o oitavo mês seguido de alta.

Enquanto isso, o USDA anunciou que a safra 2017/18 deve ser menor em até 11,6% na produção e 26% nos estoques finais. Isso por problemas com a disponibilidade de água, os preços internacionais, que começam a reagir, a política de Donald Trump, a limitação dos mercados e a forte concorrência da Ásia e do Mercosul, mas principalmente pela estratégia de buscar, com menor oferta, maior remuneração.

A forte alta do mercado externo, a valorização do dólar no mercado interno, podem ajudar o Brasil a equalizar parcialmente os preços no mercado doméstico. Ainda assim, vale lembrar que o grande problema brasileiro não são apenas os seus preços, mas os seus custos. E que o Paraguai e a Argentina, principalmente estes, são altamente competitivos. O Paraguai, a ponto de reduzir os preços na safra para manter­-se competitivo.

Setorial

Na última semana, dirigentes arrozeiros estiveram reunidos em Dom Pedrito e Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Em debate a situação dos preços no estado, balizados por R$ 39,00 para as variedades 424 do IRGA, e na faixa de R$ 42,00 a R$ 43,00 para variedades “nobres”, frente ao custo de produção superior a R$ 48,00. A inviabilidade financeira de pelo menos um terço dos produtores, as queixas quanto ao “rebaixamento” das cotações das variedades que correspondem a quase 70% da produção gaúcha e o aumento do grau de exigências também das indústrias para financiarem os agricultores estiveram na pauta. As entidades decidiram que vão buscar, entre outras coisas, uma securitização de 35 anos para as dívidas arrozeiras.

Mercado

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios estáveis no mercado livre gaúcho, com a saca de arroz em casca de 50 quilos (58×10, à vista) cotada a R$ 39,20 no estado, enquanto o canjicão se mantém valorizado a R$ 50,00 por saca de 60 quilos. No mesmo volume, a quirera se manteve estável em R$ 45,00 e o farelo de arroz segurou o patamar de R$ 390,00 a tonelada colocada em Arroio do Meio, região de produção de ração, avicultura e suinocultura.

 

Fonte: Planeta Arroz

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