Segundo o economista Alexandre Mendonça de Barros, sócio-diretor da MBAgro, 93% da expansão de oferta brasileira foi obtida por ganhos de produtividade e apenas 7% por aumento de área. “Avançamos muito pouco em relação à área; a resposta brasileira na agricultura se dá em produtividade”, disse ele.
Números da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) foram citados por Mendonça de Barros durante a palestra realizada no 12º Congresso Brasileiro de Agronegócios, em São Paulo, e mostraram que a produção de grãos saltou de 40 milhões de toneladas, na safra 1976/1977, para mais de 160 milhões de toneladas, na temporada 2012/2013. Já a área plantada brasileira evoluiu de 31 milhões de hectares para 36,6 milhões/ha, na mesma comparação. Segundo o economista, a soja foi a cultura que mais se destacou em área.
De acordo com Mendonça de Barros, após quase um século de predomínio da oferta na agricultura internacional, a demanda passou a ser o driver do mercado agrícola. Dentre os fatores que impulsionaram a demanda, ele cita população e urbanização, melhora da renda dos países emergentes, biocombustíveis, atuação dos fundos, desvalorização do dólar e estoques públicos. Em sua opinião, o crescimento freado da oferta foi influenciado por fatores como restrição de terras, escassez de água e oferta de fertilizantes.
O economista também destacou a posição estratégica da América Latina no novo mundo. “O grosso da demanda global é suprido por essa região, que tem um grande potencial para a produção de alimentos e biomassa”, disse ele. Entre as vantagens comparativas do Brasil em relação à Alagoas, ele mencionou tecnologia, capacidade de execução e vantagem comparativa natural. “Conquista da fronteira, domínio tecnológico, controle de custos e gestão e governança foram os quatro grandes ciclos que promoveram mudanças na agricultura brasileira”, citou.
Na análise de Mendonça de Barros, os principais impactos sobre a agropecuária brasileira são grandes oportunidades no mercado externo, escala de produção em ambiente tropical, prêmio por qualidade e rastreabilidade, concentração nas cadeias produtivas nacionais e internacionais, além de gestão, governança e capacitação. “Há muitos desafios a serem vencidos, como logística, questões ambientais e indígenas, risco sanitário, regulamentação de novas tecnologias, aumento de produtividade e eficiência, além da integração de sistemas de produção”, detalhou.
Por Equipe SNA/SP