Efeito Trump: México já se prepara para trazer milho da América do Sul

O governo do México poderá buscar outros fornecedores agrícolas no caso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumprir sua promessa de instituir um imposto de 20% sobre produtos mexicanos para financiar a construção de um muro dividindo os dois países. Isso significaria uma importante perda de mercado para produtores norte-americanos de carne bovina, aves, suínos, milho, soja, arroz, entre outros, informa o portal Agriculture.com.

“Eu os advirto: a abertura do mercado (mexicano) de grãos para os produtos agrícolas do Brasil vai comer o mercado que atualmente é de vocês”, disse Idelfonso Guajardo, secretário de economia do México, durante encontro divulgado pela imprensa mexicana, com a presença de Stephen Bannon, Peter Navarro e Jared Kushner, os principais assessores de Trump.

Ao longo do ano passado, o México já negociou diversos tratados para comércio de produtos agrícolas com a Argentina, mas nada de concreto ainda foi anunciado. As negociações e os trâmites mais avançados estariam na compra de ovos da Argentina pelos mexicanos.

Segundo Mike Zuzolo, presidente da Global Analytics & Consulting, do Kansas, já existe uma ansiedade por mudanças significativas nos mercados de grãos e rações. Os compradores de ração bovina do lado sul da fronteira já estariam interessados em antecipar as decisões.

“Tudo dependerá do tamanho da safrinha do Brasil. Se o país tiver volume suficiente, poderia colocar um milho entre US$ 25 e US$ 35 a tonelada (no mercado mexicano), e haveria mudança significativa no mercado. A chave estará no clima no Mato Grosso nos próximos meses”, prevê Zuzolo em entrevista ao Agriculture.com.

Por outro lado, não se sabe quando uma possível sobretaxa fronteiriça entre os dois países seria imposta, apesar de haver uma probabilidade para depois do terceiro trimestre deste ano ou mesmo em 2018. O México importa anualmente 11 milhões de toneladas de milho – 100% dos Estados Unidos.

Na visão do analista mexicano Alfonso García Araneda, diretor general da Gamaa Derivados na Cidade do México, se a sobretaxa for imposta, será muito prejudicial para os dois países . O analista destaca que as compras de milho e soja no México são feitas por conglomerados com sede nos EUA, como a Cargill e a Archer Daniels Midland.

“O governo mexicano está negociando o máximo que pode, porque geraria uma grande perda para ambas as partes. Eu acredito que finalmente a administração dos Estados Unidos levará em consideração todos os danos que pode gerar para os americanos. Os governantes do México estão tentando demonstrar isso”, disse Araneda.

Para o analista brasileiro Carlos Cogo, de Porto Alegre, a saída dos Estados Unidos da Parceria Transpacífica pode gerar ainda mais oportunidades comerciais para o Brasil do que uma eventual guerra com o México. Segundo Cogo, seria uma oportunidade de comércio de ao menos 150 itens agrícolas para os 12 países envolvidos, mas ele vê um risco no efeito das políticas do governo Trump em todo o mundo. “O estímulo fiscal e taxas de juros mais altas devem levar a um dólar forte. Isso pode gerar uma onda de depreciação das moedas dos países emergentes,” disse Cogo.

 

Fonte: Agrolink

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