Edição 714 d’A Lavoura destaca IG: própolis vermelha, o ouro rubro de Alagoas

IG agrega valor ao produto, abrindo novas possibilidades para os agricultores – neste caso, para os apicultores da região e comunidades alagoanas. Foto: Divulgação A Lavoura – Edição nº 714/2016

Com características químicas e farmacológicas únicas no mundo, a própolis vermelha, produzida nos manguezais do Estado de Alagoas, é um produto que teve sua Indicação Geográfica (IG) registrada em 2012, na modalidade Denominação de Origem (DO).

A certificação foi concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (IN PI), órgão responsável por este tipo de cadastro no País. É o que publicou a Revista A Lavoura – Edição nº 714/2106, na seção Indicação Geográfica (páginas 50 a 53).

Sua peculiaridade vem da ação de abelhas africanizadas (Apis melífera) que,
com suas patas, retiram da planta, popularmente conhecida como “Rabo de
Bugio” (Dalbergia ecastophyllum), uma substância resinosa de coloração avermelhada e aroma balsâmico. Depois disso, elas transportam o material até a colmeia, onde é transformado após a ação salivar destes insetos.

A IG agrega valor ao produto, abrindo novas possibilidades para os agricultores – neste caso, para os apicultores da região e comunidades alagoanas.

Esta certificação – primeira denominação de origem do setor e a terceira do País – é reconhecida internacionalmente, fato que dá direito à própolis vermelha carregar um selo, permitindo a utilização do nome geográfico, com indicação de origem, e alcançando, a partir daí, maior valor agregado nos
mercados interno e externo.

Com a Indicação Geográfica concedida à produção alagoana de própolis vermelha, o Estado passou a ser reconhecido como o único produtor deste item em todo o mundo, título que ajuda, inclusive, a proteger a biodiversidade brasileira.

PROPRIEDADES DIFERENCIADAS

O “ouro rubro”, como a própolis vermelha também é chamada por muitos
pesquisadores, atrai a atenção de cientistas de todo o planeta e a concessão
da IG atesta que este produto, originalmente nacional, contém propriedades
diferenciadas em relação a outros 12 tipos de própolis, já catalogados no País.

Victor Vasconcelos Carnaúba, pesquisador da própolis vermelha e mestre em Análise de Alimentos e Segurança Alimentar, comemora as conquistas das novidades que envolvem o
extrato alagoano.

“O produto é 100% natural e as pesquisas ainda não relatam nenhum efeito colateral, o que é um impositivo para torná-lo ainda mais importante”, garante.

Descobertas mais recentes são bem animadoras: a seiva do “ouro rubro” vem trazendo resultados positivos no controle de diabetes, hipertensão, câncer e até HIV , segundo Carnaúba.

No primeiro caso, a própolis vermelha regula o controle da glicose no sangue; no segundo, age como vasodilatador, aumentando os vasos sanguíneos e melhorando o fluxo do sangue.

No terceiro caso, ajuda a eliminar os radicais livres, que estão ligados aos processos degenerativos do organismo humano. Nas pesquisas de HIV, a seiva tem impedido que o vírus se reproduza nas células, reduzindo os sintomas da doença em portadores da doença.

“Em doenças como câncer e HIV , as drogas sintéticas têm efeitos muito pesados e negativos, que contribuem até para o abandono do tratamento, como a queda de cabelo, diarreia, náuseas e manchas na pele, ao contrário dos medicamentos encontrados na natureza”, defende o pesquisador.

Ainda destaca que “a própolis vermelha não é utilizada como substitutivo do tratamento, mas como complemento que atua, muitas vezes, na prevenção”.

Durante as últimas pesquisas, Carnaúba também descobriu mais uma qualidade da própolis vermelha: a seiva é um poderoso conservante natural de
alimentos.

“Fiz testes com queijo coalho e iogurte e o extrato melhorou em até
dez dias o tempo de qualidade na conservação dos produtos”, relata.

CARACTERÍSTICAS

A própolis vermelha in natura apresenta coloração avermelhada, sabor balsâmico e aroma anis-adocicado. É rígida em temperatura abaixo dos 20º C e consistente maleável entre 20 e 40º C.

De acordo com o professor Ticiano Gomes, do Grupo de Pesquisa em Tecnologia e Controle de Qualidade de Medicamentos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), suas propriedades únicas trazem diversos benefícios para a saúde, como prevenção de doenças cardiovasculares, osteoporose e combate ao colesterol.

Também é indicada para dermatites, ferimentos, inflamações e infecções,
por ser anti-inflamatória, antioxidante, cicatrizante e, até mesmo, antitumoral.
Além disto, é utilizada para fabricação de pastas de dente, soluções de bochecho, balas, entre outros produtos.

PROPRIEDADES

Estudos revelam ainda que o ouro rubro, extraído das colmeias das abelhas
africanizadas de Alagoas, pertencia a um novo grupo de própolis, com características químicas e farmacológicas especiais.

Suas propriedades biológicas estão diretamente ligadas à própria composição química. Também se diferencia por seu alto teor de compostos fenólicos, especificamente isoflavonoides, os quais nunca foram encontrados em nenhuma outra própolis.

Vale ressaltar que foi classificado como um novo tipo de própolis por causa de sua origem vegetal: a leguminosa Rabo de Bugio (Dalgerbia ecastophyllum), planta nativa e característica das áreas de mangue do litoral alagoano.

Leia a reportagem completa sobre o Ouro Rubro de Alagoas, nas páginas 50 a 53, clicando aqui.

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Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 714/2016

 

 

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