O Brasil deverá ser responsável por suprir de 30 a 40% do aumento da demanda mundial por alimentos, assumindo papel de destaque como fornecedor de grãos, sobretudo a soja, segundo o economista do USDA, Warren Preston.
Na avaliação dele, o agronegócio brasileiro crescerá mais que o norte-americano. Isso porque, diferentemente dos Estados Unidos, que não tem grande potencial para aumentar sua produção, o Brasil ainda possui áreas para serem transformadas em lavoura – como pastagens degradadas – e tem capacidade de aumentar sua produtividade.
Entretanto, segundo Preston, será necessário maior investimento em logística para o escoamento da produção. “Mesmo com o alto custo de transporte, a soja brasileira ainda tem uma vantagem competitiva. Mas é preciso investir em logística”, alertou, durante palestra nesta terça-feira (23), no 7º Congresso Brasileiro de Soja, realizado em Florianópolis.
Para o consultor em logística da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antônio Fayet, a falta de infraestrutura de transporte pode não só comprometer a exportação, como já tem reprimido a produção de grãos em algumas regiões brasileiras.
“Fizemos um levantamento que mostrou que no ano passado nós deixamos de produzir quatro milhões de toneladas de soja e milho por serem locais onde não compensava produzir, porque o custo para tirar não deixaria margem de lucro para o produtor. Qualquer variação no preço do grão ou piora nos preços logísticos, acaba inviabilizando a produção”, afirmou.
De acordo com Fayet, com os investimentos atuais, a projeção é que somente em 2025 o Brasil tenha uma estrutura portuária com capacidade de atender à demanda de exportação atual do setor. Considerando a projeção de aumento da produção e o ritmo de melhoria da infraestrutura, seriam necessários de 18 a 20 anos para haver um equilíbrio entre a oferta e demanda.
“Nós precisamos de liberdade para o setor privado investir no setor portuário. Se tiver liberdade de fato, conforme quer a presidente Dilma, nós resolveremos o problema de portos, que é o problema fundamental. Com maior ou menor dificuldade, nós vamos chegar aos portos”, analisa Fayet.
Nesse cenário, a logística de escoamento da produção de Mato Grosso tem especial destaque. Projetos como o da concessão da BR-163, de Sinop até Santarém (PA), a construção das ferrovias ligando Lucas do Rio Verde a Uruaçu (GO) e de Sinop a Santarém, além da viabilização das hidrovias dos rios Arinos, Juruena, Teles Pires e Tapajós, reduziriam em mais de 50% o custo do frete na exportação da soja. Boa parte destas obras já está em fase de estudo de viabilidade e algumas fazem parte do Plano de Investimento em Logística do Governo Federal.
A programação de palestras, painéis e apresentação de trabalhos do Congresso Brasileiro de Soja e do Mercosoja continua até quinta-feira, no Centro de Convenções CentroSul, em Florianópolis, informa a assessoria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que é uma das promotoras do evento.
Fonte: Agro Olhar