Drones abrem novas vagas enquanto acabam com velhas carreiras

O mercado de drones ainda está decolando no Brasil e há um setor que está voando lado a lado com esses equipamentos: o agronegócio. “A agricultura é responsável pela metade do mercado de drones atualmente no Brasil. O restante está distribuído em infraestrutura, inspeção, torres de transmissão, entretenimento, fotografia”, disse Emerson Granemann, CEO da empresa Mundo Geo.

Os drones permitem mapear propriedades, verificar o estágio de plantio, identificar pragas e até mesmo pulverizar pontos específicos que estejam com ervas daninhas. “Também podem ser utilizados para tarefas como contagem de cabeças de gado”, afirmou Granemann.

Ao mesmo tempo em que o drone reforça a agricultura de precisão, ele supre serviços manuais. “É inevitável a substituição de mão de obra para profissões como a aplicação convencional (de defensivos agrícolas). No Japão, 90% da pulverização é feita com drones”, disse Francisco Nogara Netto, instrutor do curso de agricultura do Dronegócios Meeting, organizado pela Mundo Geo em Curitiba nos dias 6 e 7 de dezembro.

Nogara acrescentou que, como o drone permite o mapeamento exato do terreno, é possível automatizar tratores para as operações agrícolas.

Por outro lado, essas aeronaves abrem portas para analistas, engenheiros e profissionais das áreas de cartografia, agronomia e florestas, que devem ser contratados para analisar as imagens geradas pelos drones. Também há espaço, claro, para pilotos. “O mercado traz espaço para quem encara como hobby ou de maneira profissional”, declarou Luciano Cardoso Fucci, autor do livro Piloto de Drone, uma Profissão de Futuro.

Também é possível reduzir custos: fundador da startup Agropixel, Nogara contou que, recentemente, fez um trabalho em uma propriedade no Estado de Goiás e que, após o mapeamento, foram identificados pontos específicos que necessitavam de pulverização, reduzindo o custo em 70% com defensivos agrícolas.

Essas inovações vêm chamando a atenção das cooperativas. “Estamos buscando soluções para os cooperados, aprimorando nossa agricultura de precisão”, disse Jomário Américo, engenheiro agrônomo da Castrolanda, e um dos participantes do curso de Nogara.

Drone para a agricultura: como funciona e quanto custa?

Diversos drones pousaram na capital paranaense durante o Dronegócios Meeting. Apesar de alguns modelos passarem de US$ 40.000,00, as versões mais baratas podem custam a partir de R$ 8.000,00, como no caso da empresa Gdrones, de São Paulo.

Mas há também a oportunidade de contratar o serviço sem comprar um drone. “Para a agricultura, o mais importante é o tipo de câmera utilizada (para mapeamento no voo)”, afirmou o CEO da empresa, George Alfredo Longhitano.

O empresário Luciano Fucci trouxe para Curitiba um pré-lançamento da Tecnodrone, com uma versão 100% Brasileira. O aparelho tem um software que apresenta um mapa de calor aéreo identificando, em tons de verde, plantas em processo saudável de fotossíntese; em amarelo indicadores de estresse, ou em tom vermelho áreas de plantas mortas ou sem vegetação. Isso permite a ação direta do agricultor sobre o terreno.

Os modelos de Fucci e Longhitano são parecidos com a versão da empresa Santiago e Cintra: aviões com asas ao invés de hélices e que fazem o trabalho de forma automática, retornando ao local de lançamento. O controle remoto é apenas para intervenção de segurança.

“O drone é lançado e faz o levantamento rápido de 2.000 a 3.000 hectares para mapear a topografia da área”, disse Paulo Henrique Amorim Silva, gerente de novos negócios da Santiago e Cintra, que apresentou uma aeronave de R$ 75.000,00.

Os fornecedores de drones recomendam também que, mesmo que o proprietário rural tenha seu drone próprio, contrate especialistas na análise dos resultados apresentados pelos softwares dos aparelhos, a fim de aprimorar os resultados da agricultura de precisão.

Legislação aérea 

Tão ou mais importante que contar com drones é respeitar a legislação área. O CEO da Mundo Geo, Emerson Granemann, destaca que a regulamentação já existe e é feita pela Anac – Agência Nacional de Aviação Civil. Nogara Netto reforça: “O proprietário é responsável pelo uso do drone e precisa de autorização da Anac para sobrevoar suas áreas”.

A navegação aérea não é permitida perto de aeroportos e, em aglomerados rurais, deve operar no máximo a 60 metros de altura. Em áreas urbanas, só podem operar em até 120 metros de altura. Também é preciso manter distância mínima de 30 metros de aglomerações de pessoas.

 

Fonte: Gazeta do Povo

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