Dólar tem leve alta. Declarações do Presidente do FED de Nova York ofuscam inflação fraca nos EUA

O dólar fechou em leve alta após o presidente do Federal Reserve de Nova York, William Dudley, afirmar que o banco central norte-americano pode elevar os juros no mês que vem, ofuscando os dados fracos da inflação nos Estados Unidos.

O dólar comercial fechou em alta de 0,17%, cotado a R$ 3,1929 para compra e a R$ 3,1940 para venda, com máxima de R$ 3,2037 e mínima de R$ 3,1551.

“O Dudley parece ter dito ao mercado: não exagerem. A alta de juros não está tão longe assim”, disse o economista da corretora Lerosa Investimentos Carlos Vieira.

O dólar chegou a recuar pela manhã após o índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos ficar estável em julho, com o núcleo da inflação desacelerando a alta. Os números poderiam alimentar expectativas de que os juros norte-americanos não subiriam neste ano, ajudando a reduzir as cotações do dólar em relação a moedas emergentes.

Mas essas expectativas perderam força após as declarações de Dudley, que citou o mercado de trabalho mais apertado e evidências de ganhos nos salários. Os juros futuros norte-americanos passaram a mostrar chances levemente majoritárias de aperto monetário em dezembro.

“O dólar começou o dia em baixa seguindo o exterior, mas voltou um pouco com os comentários do Dudley”, disse o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.

“Vamos ter que esperar para ver, o mercado tende a ficar de lado enquanto não tivermos novidade no cenário local, com o fiscal ou a política”, acrescentou.

Nesta quarta-feira, será divulgada a ata da última reunião do Fed, que trará pistas sobre a estratégia do banco central norte-americano sobre a política monetária.

No cenário local, o mercado continua aguardando mais pistas sobre a estratégia cambial do Banco Central. Declarações do presidente interino Michel Temer demonstrando preocupação com a recente queda do dólar pressionaram o dólar nas últimas sessões, mas o movimento perdeu um pouco de força após o presidente do BC, Ilan Goldfajn, defender o regime de câmbio flutuante.

“Acho provável que o mercado volte a testar o BC, derrubar o dólar para perto dos R$ 3,10 para ver se acontece alguma reação”, disse o operador de uma corretora nacional.

Nesta manhã, o BC vendeu novamente a oferta total de 15.000 contratos de swap reverso.

Juros futuros mais longos têm leve queda e os de curto prazo sobem

O dia foi novamente de queda leve dos contratos futuros de taxas de juros mais longos e de algum ajuste para cima dos de taxas de curto prazo. Mas o movimento é incapaz de tirar as taxas da região na qual se encontram há semanas, numa demonstração que o mercado está hesitante em ampliar exposição enquanto não se define o cenário político local.

As taxas dos DIs mais longos vêm oscilando perto dos 11,90% há dias, mas escorregaram levemente nas últimas sessões seguindo o ambiente internacional. Porém, para que ocorra uma queda mais consistente, dizem, é preciso que surjam novidades, especialmente do lado doméstico.

A espera pela definição do impeachment e do avanço do ajuste fiscal é o principal elemento a travar os negócios. E, hoje, o mercado também colocou o pé no freio à espera pela ata do Fed que será divulgada na quarta-feira, que pode gerar alguma volatilidade nos preços.

Além disso, o início do ciclo de alívio monetário é necessário para que movimentações mais expressivas aconteçam no mercado de prefixados. As recentes declarações do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn – de que o BC monitora um conjunto de modelos e variáveis para definir o rumo dos juros -, reforçaram a ideia de que o ciclo de alívio monetário poderá começar a partir de outubro. Mas isso depende do encaminhamento do ajuste fiscal e, antes disso, do encerramento do processo de impeachment. “Até lá, o mercado vai reagir ao exterior, mas sem assumir grandes posições, o que explica o volume limitado de negócios”, define um especialista.

O leilão de NTN-B de hoje, no qual o Tesouro não vendeu a oferta integral, ilustra bem esse momento. As taxas pagas caíram em relação ao leilão anterior. Mas o volume vendido ficou aquém do ofertado, e foi menor do que o registrado no leilão anterior.

O Tesouro vendeu 15.100 títulos com vencimento em 2055 à taxa de 5,65%, abaixo do retorno de 5,76% pago no leilão do dia 2 de agosto. Mas, na ocasião, foram vendidos 134.200 títulos e hoje, apenas 15.100. Já no caso dos títulos para maio de 2035, o Tesouro pagou 5,67%, contra 5,87% no leilão anterior. Hoje, o Tesouro vendeu 112.850 títulos desse vencimento, abaixo dos 142.600 vendidos no leilão do começo de agosto.

No fechamento do pregão regular, o DI janeiro/2021 era negociado a 11,85% de 11,86% no ajuste de ontem. O DI janeiro/2019 era negociado a 12,11% contra 12,08% e DI janeiro/2018 operava a 12,70%, de 12,65%.

Fonte: Reuters

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