O dólar comercial fechou em alta de 0,14%, cotado a R$ 3,1489 para compra e a R$ 3,1502 para venda, com máxima a R$ 3,1592 e mínima a R$ 3,1180, após o governo anunciar uma meta de déficit primário para 2018 pior do que a esperada pelo mercado.
Até o anúncio da nova meta fiscal, a moeda norte-americana recuava influenciada pelo relatório sobre o mercado de trabalho norte-americano, que diminuiu as expectativas de mais altas de juros na maior economia do mundo neste ano, além das duas já precificadas pelo mercado.
O dólar fechou na cotação mais alta desde 14 de março, (R$ 3,1693). Nos três últimos pregões, o dólar avançou 1,69%. E na semana, acumulou uma alta de 0,61%.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou que a meta de déficit primário do ano que vem será de R$ 129 bilhões para o governo central (governo federal, Banco Central e Previdência), bem mais do que os R$ 79 bilhões estimados inicialmente para o ano que vem.
“Notícia é mais uma a mostrar a dificuldade do governo em avançar”, resumiu um profissional de uma corretora local, lembrando dos percalços com a reforma da Previdência e a fraqueza da economia.
Antes da divulgação da nova meta, o dólar já havia perdido força de queda com as declarações do presidente do Federal Reserve de Nova York, William Dudley, de que o banco central dos Estados Unidos pode evitar no futuro subir as taxas de juros ao mesmo tempo em que começa o processo de redução de seu portfólio de títulos, o que provocaria apenas uma pequena pausa nos planos de elevação das taxas.
A trajetória de queda da moeda até então vinha sendo sustentada pelo relatório do mercado de trabalho norte-americano, que ficou aquém do esperado.
“O relatório do mercado de trabalho tirou força dos falcões que queriam três altas de juros neste ano, mas o mercado não está completamente entusiasmado por causa da cena geopolítica”, disse mais cedo um gestor de uma corretora nacional.
Os Estados Unidos criaram 98.000 vagas de trabalho fora do setor agrícola em março, bem menos do que os 180.000 postos estimados em pesquisa da Reuters. Trata-se do menor número de vagas criado em 10 meses.
Após a divulgação do dado, os juros futuros norte-americanos passaram a indicar menores chances de uma alta de juros em junho, mas ainda majoritárias, como também em setembro.
O mercado também trabalhava atento ao noticiário geopolítico, depois que os EUA atacaram uma base aérea na Síria de onde autoridades norte-americanas afirmam que foi lançado um ataque com armas químicas nesta semana.
O ataque pode levar a um confronto com a Rússia, que já se posicionou contra, embora o presidente Donald Trump tenha recebido apoio de diversos dirigentes mundiais.
A cautela com a reforma da Previdência no Brasil seguiu como pano de fundo dos negócios.
“O mercado vai remoer a reforma até que o parecer do relator seja apresentado, depois da Páscoa. Sabe que o governo terá que fazer concessões, mas ainda está acreditando que a reforma passará, o que aliviava um pouco a pressão altista nos negócios hoje”, disse o diretor da consultoria de valores imobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior.
O relator Arthur Maia (PPS-BA) apresentará seu parecer no próximo dia 18 de abril.
O Banco Central brasileiro não anunciou intervenção no mercado de câmbio para esta sessão. Em maio, vence um lote de US$ 6.389 bilhões de swaps cambiais tradicionais.
No mercado internacional, por volta das 17h40 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,46%, cotado aos 101,07 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,46%, cotado a US$ 1,0595.
Juros futuros longos sobem na semana com incertezas no mercado
Os contratos futuros de taxas de juros de longo prazo recuaram nesta sexta-feira, mas chegaram ao fim do pregão regular longe das mínimas do dia, numa evidência da incerteza que ainda paira sobre o mercado. Na semana, as taxas de vencimentos mais longos tiveram a maior alta desde dezembro.
O ajuste decorreu de alguma acomodação na percepção do risco doméstico, depois do estresse de ontem pelos temores sobre a Reforma da Previdência.
Porém, a incerteza com o ajuste fiscal continuou como tema nas mesas de operação. Embora com ressalvas, profissionais chamaram atenção para a piora do resultado primário a ser perseguido pelo governo em 2018. O déficit previsto foi elevado de R$ 79 bilhões para R$ 129 bilhões. “Não acho que isso altera o encaminhamento da Reforma da Previdência, mas é mais um número ruim em meio a uma semana de notícias ruins”, disse um gestor.
Tanto o DI janeiro/2023 quanto o DI janeiro/2025 acumulam alta semanal de 0,07%. Mesmo não sendo um número expressivo, é a maior alta desde a semana finda em 16 de dezembro. O DI janeiro/2021 acumulou alta de 0,04%, também a maior desde dezembro.
O dia contou com o IPCA de março, que não chegou a provocar ajustes mais intensos na curva de juros. O índice desacelerou a alta para 0,25% em março, contra 0,33% em fevereiro. Analistas consultados pelo Valor Data projetavam, em média, taxa de 0,26%.
Apesar do aumento de ruídos fiscais e políticos, a percepção dos agentes é que o Banco Central segue com espaço para intensificar o ritmo de cortes da Selic. O Bradesco revisou para corte de 1% a expectativa para as reuniões do Copom de abril e maio. O Banco espera meta Selic de 8,5% em 2017 e 2018, prognóstico inalterado.
“O sinal verde para essa aceleração da flexibilização da política monetária neste momento vem essencialmente da inflação e do cenário externo”, indicou a casa em nota, na qual chama atenção para a evolução “moderada” da atividade econômica como elemento a amparar um processo desinflacionário “mais disseminado e persistente”.
Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI janeiro/2018 caía para 9,775% (9,805% no ajuste anterior). Na mínima, bateu 9,750%. O DI janeiro/2019 cedia para 9,500% (9,550% no último ajuste), após mínima de 9,450%. O DI janeiro/2021 recuava para 9,940%, de 10,00% no ajuste de ontem e piso hoje de 9,860%.