O dólar comercial fechou em alta de 0,62%, cotado a R$ 3,6996 para compra e a R$ 3,7012 para venda, com máxima a R$ 3,7131 (maior cotação desde 16 de março de 2016 – R$ 3,7391) e mínima a R$ 3,6544. Este foi o quinto pregão de alta, no qual acumulou um ganho de 4,39%.
Apenas em maio, o real já caiu 5,37%, terceiro pior desempenho entre as principais moedas. No ano, o dólar sobe 11,71%.
O “efeito COPOM” no câmbio teve vida curta e o dólar, que pela manhã chegou a cair, inverteu a tendência e superou a marca de R$ 3,70 pela primeira vez em 25 meses.
A moeda iniciou os negócios em queda, registrando a mínima do dia já na abertura (R$ 3,6490), em baixa de 0,82%. Ao longo da manhã, contudo, as vendas foram diminuindo até que a cotação virou e passou para o campo positivo, acelerando os ganhos por volta de 13h.
A percepção é que, a despeito da decisão do Banco Central de não subir os juros, o cenário para a taxa de câmbio segue mais no sentido de desvalorização do que de um alívio consistente.
Na pesquisa Focus do BC, há expectativas de que o dólar chegará a R$ 3,81 no próximo mês de outubro, quando ocorrerão as eleições presidenciais. E essa estimativa está em alta. No começo de maio, por exemplo, a cotação máxima esperada para outubro não passava de R$ 3,71. Já hoje o dólar superou R$ 3,71.
Ao mesmo tempo em que o cenário global segue amparando alta do dólar no Brasil, a escalada da moeda para os patamares atuais e a velocidade do movimento pode sugerir que a depreciação do real pode estar exagerada.
O BC vendeu a oferta integral de 4.225 contratos de swap tradicional, para rolagem do lote que vence em junho. Dessa forma, já rolou US$ 3.96 bilhões do total de US$ 5.650 bilhões que vencem mês que vem.
Se mantiver e vender esse volume diário até o final do mês, o BC terá rolado integralmente os contratos que vencem no mês que vem.
A autoridade monetária já vendeu 5.000 novos contratos de swap, totalizando US$ 1 bilhão em quatro leilões.
No mercado internacional, por volta das 17h30 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,13%, cotado aos 93,39 pontos, enquanto o euro estava em queda de 0,12%, cotado a US$ 1,1794.
O rendimento dos Treasuries de 10 anos também subiu e se manteve acima do nível de 3.10% nesta sessão, chegando a 3,12%. O mercado têm reforçado suas expectativas de mais altas de juros no país este ano, depois de dados firmes sobre a economia norte-americana.
Taxas mais elevadas na maior economia do mundo têm o potencial de atrair recursos aplicados hoje em praças financeiras consideradas de maior risco, como o Brasil.
Assim, o diferencial de juros com os Estados Unidos pode não ficar tão pequeno, mantendo os ativos brasileiros com rendimento que possa continuar atraindo investidores.
Mas o movimento durou pouco. Para Gonin, a manutenção da Selic pode não ser suficiente para segurar os recursos aplicados no Brasil diante da perspectiva de alta de juros mais firme este ano nos Estados Unidos.
Juros
O mercado de juros deixou claro o tamanho da surpresa com a decisão de política monetária do BC. As taxas de curto prazo dispararam na abertura e não arredaram das máximas no dia, numa evidência de reversão das expectativas para um novo corte da meta Selic.
Na contramão das expectativas de boa parte do mercado, o COPOM manteve a taxa em 6,50% ao ano diante da piora do balanço de riscos, principalmente, em relação ao ambiente externo.
A correção no mercado de DI fica clara no avanço superior a 0,20% no DI janeiro/2019, que refletem as leituras para política monetária até o fim deste ano. Se mantido até o fim do dia, será o maior solavanco para esse contrato desde que o mercado foi tomado pelas denúncias de executivos da JBS contra o presidente Michel Temer a um ano. Na ocasião, a alta foi bem maior, na casa de 1%.
Os profissionais evitam criticar a decisão da autoridade monetária já que a escalada do dólar e as incertezas externas justificam uma postura mais cautelosa. No entanto, a discurso recente dos dirigentes do BC não conseguiram transparecer as leituras ou dar sinais sobre a atuação.
Segundo um operador, a decisão do COPOM pegou o mercado “na contramão”, principalmente, após a entrevista do dirigente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn, realizada na semana passada, um dia antes do período de silêncio.
Na ocasião, o dirigente do BC destacou a importância da inflação, expectativas para índices de preço e a atividade econômica para as decisões de política monetária. Para boa parte do mercado, a mensagem na ocasião foi de que ainda haveria espaço nos fundamentos econômicos para corte da Selic, a despeito da instabilidade do câmbio.
Na avaliação do economista chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto, o BC parece ter adotado um novo “modus operandi” para suas decisões de política monetária. Ao anunciar o fim do ciclo de flexibilização monetária, a autoridade baseou a decisão na deterioração do balanço de riscos em vez de se apoiar em maior grau nas expectativas de inflação.
Já o economista Marco Caruso, do Banco Pine, notou que o balanço de riscos teve papel central na decisão do COPOM. Ele disse que mais que as condições objetivas, ou seja, o cenário prospectivo sugerido pelo modelo e suas premissas, pesou na decisão a intensificação da mudança no cenário externo e os “ajustes nos mercados financeiros internacionais”. Assim, a evolução do cenário básico e, principalmente, do balanço de riscos tornou desnecessária uma flexibilização monetária adicional, que visaria afastar os riscos de postergação da convergência da inflação às metas. “Objetivamente, ainda se projeta inflação abaixo da meta, mas, subjetivamente, haveria risco não desprezível (na visão do COPOM) nesse cenário”, disse Caruso.
Por volta das 13h46, DI janeiro/2019 subia para 6,575% (6,320% no ajuste anterior); o DI janeiro/2020 avançava para 7,550% (7,340% no ajuste anterior); e o DI janeiro/2021 estava cotado a 8,600% (8,460% no ajuste anterior). O DI janeiro/2023 subia para 9,690% (9,630% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 era negociado a 10,160% (10,110% no ajuste anterior).