O dólar comercial fechou em leve queda de 0,06%, cotado a R$ 3,7559 para compra e a R$ 3,7566 para venda, com máxima a R$ 3,7828 e mínima a R$ 3,7516, de olho no mercado internacional, onde predominaram temores de recrudescimento da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Mas a pressão acabou perdendo força favorecida por fluxo pontual de recursos e também por alguma resiliência diante do cenário político doméstico.
“Havia expectativa de diálogo mais acelerado (entre EUA e China) e tudo indica que isso não vem acontecendo. Está sendo muito lento e de forma não equilibrada”, disse o analista da corretora Guide Rafael Passos ao justificar a valorização global do dólar e sua influência sobre o real.
Na véspera, o governo do presidente norte-americano, Donald Trump, confirmou que está propondo aumento tarifário de 25% sobre US$ 200 bilhões em bens chineses, enquanto os dois países continuam conversando para determinar se as negociações comerciais podem ser retomadas.
A China pediu que os EUA voltassem à razão e já avisou que “chantagem” não vai funcionar com eles.
No mercado internacional, por volta das 17h30 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,57%, cotado aos 95,00 pontos, impactado também pela avaliação otimista feita na véspera pelo Federal Reserve, banco central dos EUA, sobre a economia do país, indicando que deverá subir os juros mais duas vezes neste ano, enquanto o euro estava em baixa de 0,64%, cotado a US$ 1,1585.
No Brasil, no entanto, a valorização do dólar perdeu força no final da manhã, com fluxo pontual de recursos, que acabou deixando a moeda com pequenas oscilações até o final do pregão.
“O quadro político já vinha dando alguma resiliência ao mercado cambial”, disse o gerente de câmbio da corretora Fair, Mário Battistel.
O quadro político doméstico seguiu sendo monitorado de perto pelo mercado, com a proximidade do fim do prazo para as convenções partidárias que definirão os candidatos para a corrida presidencial.
“Agradou o fato de o PSB não apoiar Ciro (Gomes, candidato do PDT à Presidência)… Suas propostas são totalmente contra o que o mercado defende”, disse Passos.
Na véspera, o PSB acertou com o PT de se manter neutro no primeiro turno das eleições à Presidência, o que evita uma aliança com Ciro. A decisão dos socialistas mantém a divisão da esquerda, que deve chegar ao primeiro turno com dois candidatos com alguma força, o próprio Ciro e eventual substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no caso da impugnação da sua candidatura pelo PT.
Além disso, o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, conquistou apoio dos partidos do Centrão e terá o maior tempo na propaganda eleitoral na TV e rádio, situação que pode fazê-lo ganhar mais fôlego, já que tem aparecido com fraca intenção de votos em pesquisas. O tucano é o candidato que o mercado prefere porque o considera com perfil mais reformista.
O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu 4.800 contratos de swap cambial tradicional, rolando US$ 480 milhões do lote de US$ 5.255 bilhões que vence em setembro.
COPOM mexe pouco com mercado de juros futuros que tem leve alta
Depois de um Comitê de Política Monetária (COPOM) muito em linha com a expectativa do mercado, a pequena oscilação vista no mercado futuro de taxas de juros nesta quinta-feira (2/8) responde ao humor externo mais negativo. O clima no exterior piorou com a escalada da disputa comercial entre Estados Unidos e China, o que levou o dólar a subir contra emergentes, embora o real tenha permanecido perto da estabilidade.
Ontem, o governo americano confirmou que considera impor tarifa de 25% sobre US$ 200 bilhões em importações da China, elevando a indicação anterior de sobretaxa de 10%. Hoje, o Ministério do Comércio da China disse que o país está “totalmente preparado” para mais essa ameaça dos EUA de promover uma escalada na guerra comercial e que precisará retaliar para defender seus interesses.
Com relação ao ambiente interno, o mercado avalia a possibilidade da senadora Ana Amélia entrar como candidata a vice-presidente na chapa encabeçada por Geraldo Alckmin. Segundo um operador, o quadro político contribuiu para que a reação negativa local não fosse tão negativa quanto dos demais países emergentes.
Marcos de Callis, da Votorantim Asset, disse que as notícias recentes da corrida presidencial levam à percepção de que a esquerda deve ir para a votação mais fragmentada, e que o ritmo tem sido mais positivo para os candidatos reformistas.
Com relação à política monetária, o COPOM foi “mais do mesmo”, na avaliação do mercado. Ontem, o colegiado decidiu pela manutenção do juro básico em 6,5% ao ano e evitou dar indicações mais claras sobre os próximos passos da sua estratégia.
“O COPOM tomou a decisão amplamente esperada de manter a taxa básica inalterada, sem viés, em uma decisão unânime. As autoridades fizeram as atualizações factuais habituais, destacando os efeitos da paralisação dos caminhoneiros na atividade econômica (negativos) e na inflação (aparentemente temporários). O comitê mencionou que o nível de ociosidade da economia ainda é alto, o que coloca um viés baixista, mas observou, também, que os riscos para as perspectivas de inflação, decorrentes da incerteza sobre a implementação das reformas e do ambiente externo, permanecem elevados, equilibrando assim sua mensagem”, analisou o Itaú, em relatório. “Aparentemente, o comitê não quer alimentar nenhuma discussão de movimentos de curto prazo na taxa Selic, seja para cima ou para baixo. Saberemos mais detalhes sobre o racional por trás da decisão com a divulgação da ata da reunião”, complementou a instituição financeira.
Também exerceu influência na curva de juros os leilões de títulos pré-fixados. Para NTN-F, o Tesouro Nacional vendeu 10.000 títulos com vencimento em janeiro/2025 e 10.000 com vencimento em janeiro/2029, 20% do total oferecido. Para LTN, 53,9% do total de 3 milhões de títulos foi colocado no mercado com vencimentos em 2019, 2020 e 2022.
Ao fim da sessão regular, às 16h, o DI janeiro/2020 fechou com taxa de 7,89% (de 7,86% no ajuste anterior), o DI janeiro/2021 estava cotado au 8,90 (8,88% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 a 11,07% (11,03% no ajuste anterior).