Dólar fecha na maior cotação em um mês acompanhando o mercado externo em dia de alta da moeda americana

O dólar comercial fechou em alta de 0,63%, cotado a R$ 3,2615 para compra e a R$ 3,2645 para venda, com máxima a R$ 3,2675 e mínima a R$ 3,2399, depois de subir 1,05% na véspera, acompanhando os movimentos nos mercados globais de câmbio. A divisa americana avançou em relação a todos os seus principais pares em meio a avaliações sobre política monetária e a tensões de ordem comercial.

Esse foi o maior fechamento desde 9 de fevereiro (R$ 3,3023).

As preocupações com uma guerra comercial eventualmente iniciada pelos EUA ainda afetam negativamente os ativos, mas menos do que nos últimos dias. Hoje, a queda do euro e de outras moedas fortes sinaliza que as expectativas quanto às políticas monetárias de países centrais voltam a dar o tom.

“Houve sinalização de que poderia haver isenções (de impostos), mas ainda não tem nada certo”, afirmou o operador do Grupo Ourominas Ademar Vitor Pereira.

Na véspera, a Casa Branca anunciou que importantes parceiros comerciais, como México e Canadá, podem ficar de fora da regra de taxação sobre o aço e alumínio.

Nesta manhã, no Twitter, o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que terá reunião nesta tarde para discutir a taxação e que os Estados Unidos querem mostrar “flexibilidade e cooperação com aqueles que são amigos verdadeiros”.

A tendência de queda do dólar nos últimos meses vinha sendo atribuída também à percepção de que o BCE ainda poderia surpreender mais no sentido de apertar a política monetária do que o Federal Reserve. Mas hoje o presidente da instituição europeia, Mario Draghi, não satisfez as expectativas de parte do mercado em termos de sinalização mais clara sobre fim de estímulos.

No mercado internacional, por volta das 17h30 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,67%, cotado aos 90,16 pontos, enquanto o euro estava em forte baixa de 0,88%, cotado a US$ 1,2302.

A moeda ganhou força após a divulgação da decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).

A autoridade do bloco europeu reafirmou a sua política monetária ultra frouxa, mas retirou a promessa de aumentar as compras de títulos se necessário, dando outro pequeno passo em direção a reduzir suas extraordinárias medidas de estímulo.

O mercado também está à espera do relatório do mercado de trabalho norte-americano na sexta-feira depois de forte criação de vaga no setor privado divulgada na véspera.

Dados mais robustos podem reforçar as expectativas de aperto mais intenso dos juros neste ano. Por enquanto, o Federal Reserve prevê três altas neste ano, com o mercado esperando que a primeira será feita neste mês.

O Banco Central brasileiro não anunciou intervenção para o mercado cambial nesta quinta-feira, por enquanto. Em abril, vence um lote de US$ 9.029 bilhões de swaps cambiais tradicionais.

Juros futuros de curto prazo voltam a cair à espera do IPCA

Os contratos futuros de taxas de juros de prazos mais curtos voltaram a cair nesta quinta-feira (8/3). O comportamento positivo do mercado foi reforçado na véspera da divulgação de novos dados de inflação, que devem ajudar os investidores a calibrarem apostas para a Selic. A dinâmica favorável do mercado responde, em boa parte, às surpresas com a inflação neste primeiro trimestre e frustração com a evolução da atividade econômica.

No Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o Banco Central projetava que o IPCA nos 12 meses até março ficaria em 3,2%, medida considerada conservadora pelos agentes financeiros. Inclusive, já se espera entre alguns profissionais de mercado que o resultado efetivo fique 0,50% abaixo do esperado pela autoridade monetária.

Para o indicador de fevereiro, os especialistas consultados pelo Valor Data estimam que a inflação deva ficar em 0,32%, pouco acima do resultado de janeiro, 0,29%. Na medida acumulada em 12 meses, o IPCA esperado é de 2,84%. Caso isso seja confirmado, aumenta a pressão para que o BC mexa na Selic em março. No entanto, ainda seria necessário um pouco mais que uma surpresa do dado geral para mexer, de maneira significativa, nas apostas para maio. O cenário-base é que apenas um corte da Selic se concretize neste ano, mas as chances de quedas em duas reuniões seguidas do Copom não são descartadas.

O economista sênior do banco Haitong, Flávio Serrano, é um dos especialistas que não projetam novas quedas da Selic neste ano. Embora reconheça que aumentaram as chances de a taxa cair em março, ele não vê mudança suficiente no comportamento da inflação que tire a Selic dos atuais 6,75%. Isso porque as surpresas ainda são motivadas pelo segmento de alimentação e não por uma alteração mais estrutural. “Existe a possibilidade de o BC cortar juros e o IPCA vai confirmar o cenário favorável, mas ainda estamos caminhando rumo às metas de inflação”, disse o especialista.

O que se espera também, antes de uma aposta mais firme, é uma mudança nas expectativas de inflação ou uma sinalização mais clara do Banco Central. O sócio e gestor da Paineiras Investimentos, David Cohen, acredita que o BC deve cortar a taxa em março. Para a reunião seguinte, pode indicar uma pausa, em vez de um fim do ciclo de baixa, mantendo a porta aberta para outros movimentos, a depender de como evoluirá o cenário eleitoral e como isso irá afetar o câmbio e as expectativas de inflação.

Enquanto não há um sinal mais claro para esse ponto final do ciclo, o mercado trabalha com a perspectiva de que a Selic pode ficar baixa ou não subir tanto no curto prazo. Sinal disso é que o DI janeiro/2020 caiu para 7,320% no fim da sessão regular, contra 7,360% no ajuste anterior e o DI janeiro/2019, contrato mais negociado do dia, se manteve estável a 6,450%.

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