Dólar fecha na maior cotação da história do real, com cautela eleitoral

O dólar comercial fechou em alta de 1,21%, cotado a R$ 4,1951 para compra e a R$ 4,1957 para venda, com máxima a R$ 4,2069 e mínima a R$ 4,1245. O mercado retoma a cautela diante do quadro eleitoral brasileiro indefinido a poucas semanas do pleito.

Esta é a maior cotação de fechamento na história do real. Antes disso, a maior cotação (R$ 4,1630) havia sido registrada em 21 de janeiro de 2016. Neste mês até agora, o dólar já subiu 3,03%.

Desta forma, a moeda norte-americana se descolou do exterior, onde uma busca pelo risco favoreceu o avanço das divisas emergentes e ainda o recuo do dólar em relação a moedas fortes.

“Os mercados seguem atentos às pesquisas e também aos boletins médicos após nova cirurgia em Jair Bolsonaro que, apesar de passar bem, segue na UTI, com cuidados redobrados”, escreveu a Advanced Corretora em relatório.

Na noite passada, o líder das pesquisas de intenção de votos passou por uma nova cirurgia e seu retorno à campanha pode ser afetado.

O mercado aguardava ainda novas pesquisas de intenção de votos, com destaque para o Datafolha, na sexta-feira. Os dados para esse levantamento estão sendo colhidos nesta quinta.

O mercado teme que um candidato que considere menos comprometido com o ajuste fiscal ganhe a disputa pela presidência em outubro.

O Banco Central brasileiro realizou a venda em leilão de 10.900 contratos de swap cambial tradicional. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 4.360 bilhões do lote de US$ 9.801 bilhões que vence em outubro.

Para contrabalançar o nervosismo com as eleições, o mercado externo estava em dia de busca pelo risco, após a Turquia elevar os juros e os dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos não reforçarem as expectativas de um aumento mais intenso de juros no país.

“Se o núcleo da inflação não melhorar significativamente no próximo ano, isso resultaria em ritmo ainda mais gradual de elevação das taxas”, disse, em nota, o analista da gestora CIBC Andrew Grantham.

Juros elevados nos Estados Unidos têm potencial de atrair recursos aplicados em outras praças financeiras, como a brasileira.

Na véspera, os Estados Unidos convidaram os chineses para retomar as conversas comerciais, no momento em que Washington se preparava para intensificar a guerra comercial entre os dois países com tarifas sobre US$ 200 bilhões em bens chineses.

O dólar caía em relação a divisas de países emergentes, com destaque para a lira turca, após o banco central do país aumentar os juros de 17,75% para 24%.

No mercado internacional, por volta das 17h30 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,30%, cotado aos 94,54 pontos, enquanto o euro apresentava alta de 0,56%, cotado a US$ 1,1692.

Juros futuros fecham perto das máximas com temor de avanço de Haddad

Os contratos futuros de taxas de juros aceleraram o movimento de alta e fecharam o pregão regular perto das máximas do dia. O DI janeiro/2021, o mais líquido, estava em alta de 0,19% e fechou cotado em 9,97%, nesta quinta-feira.

David Cohen, sócio e gestor da Paineiras Investimentos, disse que a questão política continua atrapalhando os negócios. Segundo ele, muitas pesquisas privadas mostram o avanço do candidato do PT, Fernando Haddad.

A situação de saúde de Jair Bolsonaro (PSL) também preocupa, uma vez que a nova cirurgia, realizada na noite de quarta (12/9), pode deixar o candidato fora das ruas na campanha do segundo turno. “Isso reduz as chances dele de ganhar da esquerda no segundo turno”, afirmou Cohen.

Segundo Marcos de Callis, estrategista de investimento da Asset do Banco Votorantim, em meio a esse cenário, os participantes dos mercados de ativos brasileiros estão muito cautelosos e isso impede que os mercados de câmbio e juros acompanhem na mesma intensidade a melhora dos seus pares emergentes no exterior.

“O mercado tem evitado premiar muito os ativos. Quando as notícias são boas, os ativos ficam com pouco prêmio. Quando são ruins, a intensidade é muito maior. Percebemos esta assimetria”, disse Callis.

Segundo ele, isso responde ao clima de precaução aqui no Brasil, com as inseguranças decorrentes das eleições. A situação clínica de Jair Bolsonaro (PSL) também não ajuda e, na avaliação do estrategista, o foco agora vai ser para o avanço dos candidatos de esquerda.

Para Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Bando Mizuho do Brasil, as pesquisas recentes mostram o eleitorado caminhando para os extremos, com Jair Bolsonaro (PSL) em uma ponta e Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) na outra. Na opinião de Rostagno, “esse cenário não é positivo para o debate sobre as reformas, e o mercado não vê espaço para melhora”.

Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI janeiro/2020 fechou com taxa de 8,65% (8,47% no ajuste anterior), o DI janeiro/2021 estava cotado a 9,97% (9,77% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 a 12,47% (12,38% no ajuste anterior).

 

Fontes: Reuters e Notícias Agrícolas

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