Dólar fecha em queda acompanhando o exterior e com fluxo de entrada

O dólar comercial fechou em baixa de 0,40%, cotado a R$ 3,2479 para compra e a R$ 3,2486 para venda, com máxima a R$ 3,2740 e mínima a R$ 3,2426, com ingresso de recursos no País e sintonizado ao movimento no mercado internacional, um dia depois que o Federal Reserve confirmou que caminha para elevar os juros neste ano, mas sem surpresas.

Nos três pregões anteriores, a moeda norte-americana havia subido 1,26%.

“O fluxo de ingresso de recursos está forte”, disse mais cedo o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.

No mercado internacional, por volta das 17h15 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,39%, cotado aos 89,68 pontos, enquanto o euro estava em alta de 0,37%, cotado a US$ 1,2328.

O movimento vinha também após os membros do Banco Central Europeu (BCE) informarem que era cedo para sinalizar normalização da política monetária na região, mesmo que estivesse crescendo a confiança de que a inflação finalmente voltará à meta.

Mais cedo, o dólar subiu um pouco frente ao real na esteira da ata do encontro de política monetária do Fed na véspera, pela qual mostrou mais confiança na necessidade de continuar elevando os juros, com a maioria acreditando que a inflação vai subir.

As avaliações eram de que o Fed vai subir os juros três vezes neste ano, como o indicado pela própria autoridade monetária. Taxas mais altas na maior economia do mundo tendem a atrair recursos aplicados em outras praças, como a brasileira.

“A ata do Fed não foi agressiva… No entanto, eles insinuaram uma inquietação em relação aos riscos de inflação à frente”, disse o economista-chefe do banco suíço Julius Baer, Janwillem Acket, em nota.

“Com os dados relacionados à inflação publicados desde essa reunião e a política fiscal expansionista à frente, temos que nos preparar para um tom mais determinado nas próximas reuniões, com todas as possíveis repercussões nos mercados”, acrescentou.

Internamente, o mercado seguiu monitorando o cenário político, após o governo desistir da votação da reforma da Previdência.

O Banco Central vendeu integralmente a oferta de 9.500 contratos de swap cambial tradicional para rolagem do lote que vence em março. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 4.750 bilhões do total de US$ 6.154 bilhões que vencem no mês que vem.

Mantido esse volume diário até o final do mês e vendendo os lotes todos, rolará integralmente os swaps que vencem agora.

Juros futuros de curto prazo voltam a subir antes do IPCA-15

Os contratos futuros de taxas de juros de curto prazo voltaram a subir na sessão desta quinta-feira (22). À espera de novos sinais sobre a inflação, o mercado assumiu uma postura um pouco mais cautelosa antes de definir novas expectativas para a trajetória da taxa básica de juros, a Selic.

Ao término da sessão regular, as altas mais claras eram observadas nos vencimentos intermediários. O movimento foi apenas modesto, mas interrompe a redução do prêmio de risco observada em sessões anteriores.

A diferença das taxas projetadas pelo DI janeiro/2020 e o DI janeiro/2019, que mede o risco de curto prazo, se manteve em 1,055%, depois de seis dias de baixa.

Às 16h, o DI janeiro/2019 avançava para 6,585% contra 6,550% no ajuste anterior, o DI janeiro/2020, por sua vez, era negociado no nível de 7,630%, contra 7,580%.

A cautela em relação à inflação afetou também as projeções para o IPCA embutidas nos contratos de derivativos conhecidos como DAP. Até o começo da semana, esses contratos apontavam inflação implícita de 0,29% para o mês de fevereiro e, agora, projetam taxas de cerca de 0,35%.

Para que o mercado reforce suas apostas para novo corte da Selic será preciso que os indicadores de preços fiquem ainda mais baixos até a próxima reunião do COPOM, em março.

O mercado está esperando ser surpreendido para retomar expectativas no corte da Selic, disse o profissional de uma corretora bastante atuante no segmento.

Nesta sexta-feira (23/2), o IPCA-15, que mede a inflação do começo do mês, será divulgado, dando oportunidade para calibragem de expectativas. Economistas consultados pelo Valor Data projetam alta de 0,38% para o indicador deste mês, ligeiramente abaixo da taxa registrada em janeiro. Caso se confirme, a inflação acumulada em 12 meses pelo IPCA-15 deve desacelerar de 3,02% para 2,86% na passagem mensal.

As coletas de preços até o momento têm sido benéficas e uma desaceleração mais ampla do índice poderia estar a caminho, de acordo com alguns profissionais de mercado. Contudo, mais do que o próprio resultado geral do IPCA-15, o que tende a definir o espaço para o corte da Selic é o comportamento de itens mais sensíveis à política monetária, como os preços no setor de serviços.

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